A barragem da hidrelétrica 14 de Julho, pertencente à Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) e localizada entre os municípios de Cotiporã, Veranópolis e Bento Gonçalves, na bacia do Taquari-Antas, sofreu um rompimento parcial nesta quinta-feira (2) devido às chuvas. A informação foi confirmada pelo governador Eduardo Leite, que ressaltou que o efeito não deverá ser de uma enxurrada, mas deve causar impactos no nível da água em municípios próximos como Santa Tereza, Roca Sales, Santa Bárbara e Muçum.
Leite recorda que a notícia dessa ameaça já era de conhecimento desde quinta-feira (1) e foram realizados os alertas e evacuações que foram possíveis. “Todo o esforço é para levar aeronaves para essa região, mas infelizmente as condições climáticas não têm permitido que a gente acesse essas localidades com os helicópteros”, comenta o governador.
Na quinta-feira, a Ceran já havia publicado um comunicado em sua página na Internet sobre a questão das chuvas e seus possíveis reflexos. Na nota, a empresa informa que “devido às altas precipitações em toda a bacia do Taquari-Antas, houve um grande incremento nas vazões do Rio das Antas. Também ocorreram deslizamentos generalizados nas estradas, que impediram o acesso às usinas de Castro Alves, Monte Claro e 14 de Julho, deixando-as isoladas e dependentes de operação local”.
Por esse motivo, associado ao grande aumento das vazões no decorrer do dia, a Ceran acionou o Plano de Ação de Emergência, coordenado com as Defesas Civis regionais, buscando a retirada da população potencialmente afetada na região abaixo das usinas. A situação mais crítica ocorreu na usina de 14 de Julho, onde foram acionadas as sirenes de evacuação devido à dificuldade de monitoramento remoto, pela interrupção da comunicação, por causa das chuvas.
Além disso, os acessos físicos à barragem foram totalmente interrompidos. Ainda segundo a empresa, “as previsões de altas precipitações para os próximos dias se mantêm. Portanto, o Plano de Ação de Emergência será mantido, antecipando uma possível continuidade das fortes chuvas na região”. Sobre as barragens de Monte Claro e Castro Alves, outras hidrelétricas que compõem o complexo Ceran, a empresa informou nesta quinta-feira que as estruturas "encontram-se em estado de atenção e seguem sendo monitoradas".
Sobre o rompimento da barragem da usina 14 de Julho, o secretário da Casa Civil, Artur Lemos, que está no gabinete avançado no distrito de Farias Lemos, em Bento Gonçalves, reforça que o grande problema agora é a velocidade com que a água vai descer rumo a Santa Bárbara e Santa Tereza. "A altura da água não deve mudar muito, porque o nível do Rio das Antas estava passando sobre a barragem. O risco agora é a vazão a partir da barragem 14 de Julho", assinala o secretário.
Assim que teve a confirmação do rompimento, o secretário determinou para a equipe da Casa Civil no gabinete avançado contato imediato com os municípios abaixo da barragem para iniciarem imediatamente a evacuação de áreas. A orientação expressa da Defesa Civil é que os moradores dos municípios de Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado deixem áreas de risco e procurem abrigos públicos ou outro local de segurança para permanecer durante a elevação de nível do rio.
Em nota, a Ceran informou que o rompimento da barragem da hidrelétrica 14 de Julho "não traz aumento significativo nas vazões já existentes na Bacia Taquari-Antas, sendo observado nas cidades de Santa Tereza e Muçum, os valores de elevação de nível em 35cm e 25cm, respectivamente". A empresa afirma seguir com os protocolos de segurança acordados com a Defesa Civil e que o cenário ainda requer atenção, pois existe a possibilidade de evolução das chuvas, que pode aumentar a vazão.
As pessoas que não tiverem locais alternativos devem buscar informações junto à Defesa Civil da sua cidade sobre os abrigos públicos disponibilizados pelas prefeituras, rotas de fuga e pontos de segurança. A Secretaria do meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) monitora, também, as estruturas de outras 13 barragens de usos múltiplos que estão em estado de alerta, cinco delas já em processo de evacuação: barragem Santa Lúcia, em Putinga; barragem São Miguel do Buriti, em Bento Gonçalves; barragem Belo Monte, em Eldorado do Sul; barragem Dal Bó, em Caxias do Sul; e barragem Nova de Espólio de Aldo Malta Dihl, em Glorinha.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema (ONS) acompanham a situação de outras cinco barragens de geração de energia elétrica no Estado que estão em atenção: Capigui, em Passo Fundo; Guarita, em Erval Seco; Herval, em Santa Maria do Herval; Passo do Inferno, em São Francisco de Paula; e em Monte Claro, Bento Gonçalves – Veranópolis.