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Publicada em 29 de Abril de 2024 às 17:48

Obras de nova planta de celulose da CMPC podem começar em 2026

Investimento previsto é de R$ 24 bilhões, o maior já feito por uma única empresa no Estado

Investimento previsto é de R$ 24 bilhões, o maior já feito por uma única empresa no Estado

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
Se tudo transcorrer dentro do previsto, serão necessários dois anos de estudos ambientais para que o projeto de uma nova fábrica de celulose no Rio Grande do Sul seja apresentado ao conselho da CMPC e, com a liberação das obras, mais três anos serão demandados para a unidade iniciar sua a operação. O investimento no complexo, que será construído no município de Barra do Ribeiro e terá a capacidade para produzir até 2,5 milhões de toneladas de celulose ao ano, é estimado em cerca de R$ 24 bilhões.
Se tudo transcorrer dentro do previsto, serão necessários dois anos de estudos ambientais para que o projeto de uma nova fábrica de celulose no Rio Grande do Sul seja apresentado ao conselho da CMPC e, com a liberação das obras, mais três anos serão demandados para a unidade iniciar sua a operação. O investimento no complexo, que será construído no município de Barra do Ribeiro e terá a capacidade para produzir até 2,5 milhões de toneladas de celulose ao ano, é estimado em cerca de R$ 24 bilhões.
“É o maior investimento feito por uma empresa, individualmente, na história do Rio Grande do Sul”, celebra o governador Eduardo Leite. Na tarde desta segunda-feira (29) o governo estadual e a CMPC assinaram um protocolo de intenções para tirar do papel o chamado Projeto Natureza. O presidente do Conselho das Empresas CMPC, Luis Felipe Gazitúa, detalha que a companhia já conta com em torno de 60% da base florestal necessária para realizar o empreendimento. Os 40% restantes devem ser alcançados nos próximos três anos, através de produtores parceiros.
De acordo com o executivo, ainda faltam em torno de 80 mil hectares para atender à necessidade da nova fábrica. “São 180 mil hectares para todo o projeto e já temos 100 mil hectares”, frisa o dirigente. Esses produtores florestais, vinculados principalmente à cultura de eucaliptos, estarão distribuídos por cerca de 80 municípios gaúchos localizados no entorno de Barra do Ribeiro. A celulose que será produzida poderá ser aproveitada na fabricação de diferentes tipos de papéis, embalagens e produtos higiênicos, além de estar presente em itens como alimentos, medicamentos e cosméticos.
Leite acrescenta que, a respeito das obras de infraestrutura que serão feitas para viabilizar o empreendimento, serão realizados ajustes no acesso pela BR-116 a Barra do Ribeiro e a pavimentação da estrada que faz conexão direta ao empreendimento. Já em Pelotas, nas proximidades da ponte do Canal São Gonçalo, a ideia é fazer uma estrada que permitirá acessar diretamente os terminais do porto pelotense. “Porque hoje os caminhões têm que trafegar por dentro da cidade para chegar ao complexo”, comenta o governador. A estrutura logística é utilizada pela CMPC para movimentação de matéria-prima (toras) pela hidrovia.
Os aportes nessas obras de infraestrutura poderão ser adiantados pela própria CMPC e depois abatidos em impostos. Além dessas melhorias, será aberta uma licitação para a construção de um terminal para escoar celulose a partir de Rio Grande. Nessa iniciativa, o CEO da CMPC, Francisco Ruiz-Tagle, assinala que a expectativa é que sejam investidos em torno de US$ 150 milhões. Qualquer companhia poderá disputar essa concorrência, inclusive a própria CMPC.
Pelo protocolo firmado nesta segunda-feira, a empresa também assume o compromisso de promover um programa de qualificação de mão de obra e priorizar a contratação de fornecedores gaúchos. A perspectiva é que sejam gerados em torno de 12 mil empregos durante as obras. A CMPC, que atua com a produção de celulose no Rio Grande do Sul desde 2009, quando adquiriu a planta de Guaíba da empresa Fibria, já havia implementado recentemente nessa unidade uma expansão da capacidade produtiva. O projeto BioCMPC significou um aporte de R$ 2,75 bilhões e permitiu à empresa incrementar a sua capacidade de produção de celulose chegando a um total superior a 2 milhões de toneladas anuais.
 
História da celulose no Rio Grande do Sul:
1969 - Anunciada a construção da Borregaard, terceira maior indústria de celulose do mundo em Guaíba

1972 - Inauguração da primeira unidade de produção na cidade de Guaíba

1974 - Instalação de equipamentos tecnológicos que reduzissem a emissão de gases durante o processo de fabricação da celulose

1975 - Mudança do nome da empresa, que passou a se chamar Riocell

1982 - Introdução de um novo sistema de fabricação da celulose, utilizando caldeiras de carvão e unidades de branqueamento

1993 - Conquista do certificado ISO 9002, relativo à qualidade dos produtos

1996 - Recebimento da certificação ISO 14.001

2001 - Riocell recebe a certificação FSC, que atestava o bom manejo florestal feito pela empresa

2002 - Ampliação da capacidade de produção da unidade de Guaíba, de 300 mil toneladas por ano para 400 mil, já sob controle da Klabin

2003 - Venda da Klabin Riocell para a empresa Aracruz Celulose

2006 - Expansão da produção de celulose branqueada para 430 mil toneladas por ano

2008 - Fusão das empresas Aracruz e Votorantim, que resultou na criação da Fibria

2009 - Grupo chileno CMPC negocia com a Fibria a compra da unidade de Guaíba e a renomeia Celulose Riograndense

2013 - Anunciada a expansão da Celulose Riograndense em Guaíba, que marcou a implantação do maior investimento privado na história do Estado, de R$ 5 bilhões
2021 – Já se denominando como CMPC, e não Celulose Riograndense, a empresa anuncia o projeto BioCMPC, que prevê aporte de R$ 2,75 bilhões para aumentar a sua capacidade de produção de celulose em Guaíba em mais 350 mil toneladas anuais

2024 - CMPC assina acordo de R$ 24 bilhões para implantação de uma nova unidade de produção de celulose no RS, desta vez na Barra do Ribeiro
 

Unidade em Barra do Ribeiro pretende ser resíduo zero

De acordo com o presidente do Conselho das Empresas CMPC, Luis Felipe Gazitúa, um dos pilares do novo projeto da empresa no Rio Grande do Sul será o da sustentabilidade. Nesse sentido, ele salienta que a planta de celulose em Barra do Ribeiro terá como meta a geração de “zero resíduos”. O executivo também ressalta que a matéria-prima para a fabricação de celulose que será utilizada pelo empreendimento será proveniente de florestas com certificação de produção renovável e sustentável.
Outro ponto enfatizado pelo executivo é que durante o desenvolvimento do eucalipto há a captura de CO2, o que melhora a performance ambiental da iniciativa. O governador Eduardo Leite recorda que a silvicultura, no Estado, pode fazer uso da Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC), que é um processo menos burocrático de licenciamento ambiental.
Ainda dentro do Projeto Natureza, a ação prevê a criação do Parque Ecológico Barba Negra, no município de Barra do Ribeiro. O espaço ficará aberto para visitação e realização de roteiros turísticos. O objetivo é tornar este local uma referência em preservação, biodiversidade, estudos ambientais e promover o contato das pessoas com a flora e a fauna nativas de maior relevância para o Estado.
Após o anúncio do projeto da CMPC que representará um investimento de aproximadamente R$ 24 bilhões no Rio Grande do Sul, Leite espera que outras iniciativas, de grandeza semelhante, possam ser atraídas para o Estado futuramente. Entre as áreas que também podem representar aportes gigantescos para os gaúchos, ele cita os segmentos de hidrogênio verde, semicondutores e energia eólica. “Temos a possibilidade de atrair investimentos multibilionários como esse”, prevê Leite.
Particularmente quanto à CMPC, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, frisa que se trata de uma empresa global, mas com raízes profundas no Rio Grande do Sul. O dirigente enfatiza que o novo investimento bilionário da empresa no Estado significará ganhos sociais e econômicos para a população. A CMPC é uma empresa com presença em 12 países da América, Europa e Ásia, com 54 unidades industriais espalhadas pelo mundo. A companhia possui atualmente mais de 25 mil colaboradores e há 15 anos atua no Rio Grande do Sul.

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