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Publicada em 27 de Abril de 2024 às 18:03

Supermercados querem taxar apostas para ampliar cesta básica na reforma

Para o presidente da Abras, o governo apresentou uma cesta básica nacional mínima no projeto que regulamenta a reforma

Para o presidente da Abras, o governo apresentou uma cesta básica nacional mínima no projeto que regulamenta a reforma

FREDY VIEIRA/arquivo/JC
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Folhapress
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, propôs ao Ministério da Fazenda a taxação das apostas, as bets (em inglês), com o Imposto Seletivo (IS) na regulamentação da reforma tributária para garantir a ampliação da lista de produtos da cesta básica nacional com zero de imposto.
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, propôs ao Ministério da Fazenda a taxação das apostas, as bets (em inglês), com o Imposto Seletivo (IS) na regulamentação da reforma tributária para garantir a ampliação da lista de produtos da cesta básica nacional com zero de imposto.
A proposta foi apresentada ao secretário Extraordinário de Reforma Tributária, Bernard Appy, após o projeto de regulamentação ser enviado ao Congresso, na quarta-feira (24), com uma lista muito enxuta de alimentos e sem nenhum tipo de proteína animal, como carnes e peixes. 
A regulamentação também estabelece uma lista dos produtos que poderão ser taxados pelo Imposto Seletivo. Entre eles, veículos, bebidas, cigarros, minérios, bebidas alcoólicas e açucaradas.
"Perguntei ao Appy: O novo mercado de apostas bet não poderia sofrer a incidência de imposto seletivo considerando o vício em jogos aliado à questão da saúde?", contou à Folha o presidente da Abras.
"Estamos falando de receitas absurdas arrecadadas pelos jogos. É uma questão de saúde pública e deveria constar como imposto seletivo", justificou.
Segundo ele, Appy respondeu que o IBS e a CBS (dois tributos criados pela reforma) já irão incidir sobre os jogos e acenou que avaliaria a sugestão.
"Estamos falando de receitas absurdas, que estão sendo arrecadadas pelos jogos, relacionados ao vício que é uma questão de saúde pública e deveria de constar como imposto seletivo."
Para o presidente da Abras, o governo apresentou uma cesta básica nacional mínima, que foge do que estabelece o texto constitucional. Para ele, a lista é incoerente também com o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de março, com diretrizes para sua composição.
Portaria do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social que trata do decreto de Lula definiu dez grupos alimentares: feijões (leguminosas); cereais; raízes e tubérculos; legumes e verduras; frutas; castanhas e nozes (oleaginosas); carnes e ovos; leites e queijos; açúcares, sal, óleos e gorduras; e o grupo de café, chá, mate e especiarias.
"O texto constitucional é muito claro. A cesta tem que atender os preceitos da Constituição para combater a insegurança alimentar, ser saudável, nutritiva e com produtos regionais. Foge também do decreto. Isso me deixou espantado", disse Galassi. "Não respeitaram nem as diretrizes apresentadas pelo próprio governo e assinadas por Lula", acrescentou.
Para ele, a cesta básica nacional do projeto do governo traz um viés discriminatório, porque distancia ainda mais a população de baixa renda do consumo ideal. Ele citou fala do diretor de programa da secretaria Extraordinária de Reforma Tributária, Rodrigo Orair, que em entrevista coletiva para explicar o projeto informou que, em termos proporcionais, o consumo de carnes da pessoa mais pobre é o mesmo da rica.
O que diferencia um e outro é exatamente o tipo de consumo de carne. "Só que o problema é que nós não estamos falando do mais pobre que ganha R$ 600 reais apenas. Temos 64% da população brasileira pobre no país e uma classe média que ganha até R$ 2,5 mil", ressaltou. 

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