De Caxias do Sul
Uma das entidades idealizadoras do 1º Fórum Estadual do Biogás e Biometano, realizado em 2017, que originou a versão Sul Brasileira, a Universidade de Caxias do Sul (UCS) é uma das raras organizações no Brasil a oferecer o serviço de identificação da microbiota que transforma resíduos de materiais orgânicos, de origem vegetal ou animal, em biogás. O processo, realizado com apoio de plataformas internacionais, permite amplificar o DNA dos micro-organismos, conferindo maior segurança à usina sobre a qualidade da energia gerada.
Uma das entidades idealizadoras do 1º Fórum Estadual do Biogás e Biometano, realizado em 2017, que originou a versão Sul Brasileira, a Universidade de Caxias do Sul (UCS) é uma das raras organizações no Brasil a oferecer o serviço de identificação da microbiota que transforma resíduos de materiais orgânicos, de origem vegetal ou animal, em biogás. O processo, realizado com apoio de plataformas internacionais, permite amplificar o DNA dos micro-organismos, conferindo maior segurança à usina sobre a qualidade da energia gerada.
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De acordo com a professora e pesquisadora da UCS, Suelen Paesi, que está à frente deste trabalho, os serviços oferecidos nos laboratórios da instituição medem a qualidade do material, com repercussão na venda ao mercado ou no uso próprio. “Desta forma, podemos estimular a produção de determinados micro-organismos para ter um melhor resultado na energia”, argumenta. A instituição conta com laboratórios de pesquisa, um biodigestor para pequenos volumes e uma fazenda modelo experimental.
Segundo a professora, que é coordenadora do Laboratório de Diagnóstico Molecular (LDM), no passado foram realizados estudos de parâmetros físico-químicos sobre temperatura do biodigestor, vazão da entrada e o tempo de retenção dos resíduos, gerando importantes conhecimentos hoje amplamente explorados. O objetivo atual é começar a tentar controlar os micro-organismos para gerar produtos de maior qualidade. Mas reconhece que é algo ainda muito novo para toda a cadeia envolvida.
A professora destaca que apenas três laboratórios no Brasil oferecem esta tecnologia. No Estado, a UCS é única. Além da análise, a instituição confere o laudo para o contratante do serviço, algo que está se tornando mais demandado pelo mercado. “Temos recebido amostras de multinacionais para fazermos o acompanhamento das bactérias e arqueas que agem na geração do metano”, enfatiza.
Suelen cita testes em andamento para acrescentar determinado tipo de micro-organismo de forma a melhorar a produção de biogás. Ela destaca a possibilidade de identificar os efeitos na microbiota, por exemplo, pelo uso de antibiótico num plantel de suínos. “Desta forma, podemos antever e controlar essas intervenções por meio das técnicas, modificando parâmetros físico-químicos e mensurando essas variações”, relata. De acordo com a professora, as pesquisas podem, inclusive, direcionar a energia gerada para mercados específicos. “A partir das informações podemos melhorar o combustível para finalidade específica”, afirma.
Em parceria com a Embrapa é desenvolvida uma ação envolvendo suínos e aves em Santa Catarina. Junto com uma ONG o objetivo é produzir biogás para que famílias carentes preparem seus alimentos sem o uso de lenha. Outro projeto estuda o resíduo da produção de mandioca.
Segundo a professora, a maioria dos resíduos pode ser transformada em biogás, mas alguns exigem mais do processo. Como exemplos cita a casca de arroz pura, frutas cítricas e produtos com alto nível de antibióticos. Nestes casos, são aplicáveis biotransformações e biossoluções, pois a natureza tem micro-organismos capazes de decompor resíduos mais críticos.
A universidade também estuda alternativas para os resíduos do sisal, fibra proveniente da planta agave para a produção de cordas. Segundo a professora, a geração de resíduos deste insumo é muito grande e seu reaproveitamento ainda é uma incógnita. “A ideia é produzir metano a partir do sisal, assim como dos resíduos da casca de coco. Estão pedindo muito dos microrganismos, mas eles fazem. O que precisamos é desenvolver patentes e tecnologias, mas isto requer recursos para a pesquisa”, comenta. De acordo com a pesquisadora, a geração de biogás integra a economia circular, na medida em que as pequenas sobras são usadas como adubo.
Para a professora, o grande volume de matéria-prima para geração de biogás está nos aterros e lixões da maioria das cidades brasileiras. Acredita que o resíduo urbano, hoje enterrado ou jogado ao ar livre, pode gerar combustível para abastecer as frotas de caminhões usadas na coleta do lixo. “Estamos enterrando energia”, afirma.
A cadeia do biogás, segundo a professora, também exigirá a formação de novos postos de trabalho, abrindo oportunidades para engenheiros de processos, agronômicos, biólogos e até bioinformatas. A nutricionista de biodigestor é outro exemplo de nova profissão. “A cadeia é muito complexa, exige padrão de tipos profissionais diferentes e que são novas profissões”, destaca.
A coordenadora entende que a consolidação do biogás depende, especialmente, da organização de parcerias públicas privadas. Defende que o empresário deve olhar para essa nova situação brasileira como uma possibilidade de valorizar o seu produto e a marca. “Minha percepção é que existe uma parcela da população que não se importaria de pagar alguns centavos a mais pelos produtos, desde que aquela marca viesse com o selo de sustentabilidade. É hora de o empresário olhar para essa fatia de mercado e começar a disponibilizar produtos sustentáveis”, argumenta. De acordo com a pesquisadora, já existem formas de calcular com facilidade o retorno do investimento “Estima-se que ocorra em até cinco anos”, explica.
Suelen Paesi acrescenta que a produção com sustentabilidade faz com que não haja limite para o crescimento econômico. “É muito fácil produzir biogás e quem faz esse investimento dificilmente se arrepende. Basta olhar para outros países e mesmo para estados brasileiros. Quando bem feito, o biogás vai garantir segurança econômica ao produto e ao negócio”, frisa.
De acordo com a pesquisadora, existem três destinos para a absorção da energia gerada em biodigestores. Um deles é direcionar para a geração de calor térmico para uso, por exemplo, na lavagem de equipamentos de ordenha ou estufas para caldeira. Outro destino é a produção de energia elétrica própria para amenizar a interrupção do fornecimento pelas concessionárias, situação muito comum em propriedades rurais. Um terceiro uso é por meio da purificação do metano para aplicação no segmento automotivo.
Segundo a professora, que é coordenadora do Laboratório de Diagnóstico Molecular (LDM), no passado foram realizados estudos de parâmetros físico-químicos sobre temperatura do biodigestor, vazão da entrada e o tempo de retenção dos resíduos, gerando importantes conhecimentos hoje amplamente explorados. O objetivo atual é começar a tentar controlar os micro-organismos para gerar produtos de maior qualidade. Mas reconhece que é algo ainda muito novo para toda a cadeia envolvida.
A professora destaca que apenas três laboratórios no Brasil oferecem esta tecnologia. No Estado, a UCS é única. Além da análise, a instituição confere o laudo para o contratante do serviço, algo que está se tornando mais demandado pelo mercado. “Temos recebido amostras de multinacionais para fazermos o acompanhamento das bactérias e arqueas que agem na geração do metano”, enfatiza.
Suelen cita testes em andamento para acrescentar determinado tipo de micro-organismo de forma a melhorar a produção de biogás. Ela destaca a possibilidade de identificar os efeitos na microbiota, por exemplo, pelo uso de antibiótico num plantel de suínos. “Desta forma, podemos antever e controlar essas intervenções por meio das técnicas, modificando parâmetros físico-químicos e mensurando essas variações”, relata. De acordo com a professora, as pesquisas podem, inclusive, direcionar a energia gerada para mercados específicos. “A partir das informações podemos melhorar o combustível para finalidade específica”, afirma.
Em parceria com a Embrapa é desenvolvida uma ação envolvendo suínos e aves em Santa Catarina. Junto com uma ONG o objetivo é produzir biogás para que famílias carentes preparem seus alimentos sem o uso de lenha. Outro projeto estuda o resíduo da produção de mandioca.
Segundo a professora, a maioria dos resíduos pode ser transformada em biogás, mas alguns exigem mais do processo. Como exemplos cita a casca de arroz pura, frutas cítricas e produtos com alto nível de antibióticos. Nestes casos, são aplicáveis biotransformações e biossoluções, pois a natureza tem micro-organismos capazes de decompor resíduos mais críticos.
A universidade também estuda alternativas para os resíduos do sisal, fibra proveniente da planta agave para a produção de cordas. Segundo a professora, a geração de resíduos deste insumo é muito grande e seu reaproveitamento ainda é uma incógnita. “A ideia é produzir metano a partir do sisal, assim como dos resíduos da casca de coco. Estão pedindo muito dos microrganismos, mas eles fazem. O que precisamos é desenvolver patentes e tecnologias, mas isto requer recursos para a pesquisa”, comenta. De acordo com a pesquisadora, a geração de biogás integra a economia circular, na medida em que as pequenas sobras são usadas como adubo.
Para a professora, o grande volume de matéria-prima para geração de biogás está nos aterros e lixões da maioria das cidades brasileiras. Acredita que o resíduo urbano, hoje enterrado ou jogado ao ar livre, pode gerar combustível para abastecer as frotas de caminhões usadas na coleta do lixo. “Estamos enterrando energia”, afirma.
A cadeia do biogás, segundo a professora, também exigirá a formação de novos postos de trabalho, abrindo oportunidades para engenheiros de processos, agronômicos, biólogos e até bioinformatas. A nutricionista de biodigestor é outro exemplo de nova profissão. “A cadeia é muito complexa, exige padrão de tipos profissionais diferentes e que são novas profissões”, destaca.
A coordenadora entende que a consolidação do biogás depende, especialmente, da organização de parcerias públicas privadas. Defende que o empresário deve olhar para essa nova situação brasileira como uma possibilidade de valorizar o seu produto e a marca. “Minha percepção é que existe uma parcela da população que não se importaria de pagar alguns centavos a mais pelos produtos, desde que aquela marca viesse com o selo de sustentabilidade. É hora de o empresário olhar para essa fatia de mercado e começar a disponibilizar produtos sustentáveis”, argumenta. De acordo com a pesquisadora, já existem formas de calcular com facilidade o retorno do investimento “Estima-se que ocorra em até cinco anos”, explica.
Suelen Paesi acrescenta que a produção com sustentabilidade faz com que não haja limite para o crescimento econômico. “É muito fácil produzir biogás e quem faz esse investimento dificilmente se arrepende. Basta olhar para outros países e mesmo para estados brasileiros. Quando bem feito, o biogás vai garantir segurança econômica ao produto e ao negócio”, frisa.
De acordo com a pesquisadora, existem três destinos para a absorção da energia gerada em biodigestores. Um deles é direcionar para a geração de calor térmico para uso, por exemplo, na lavagem de equipamentos de ordenha ou estufas para caldeira. Outro destino é a produção de energia elétrica própria para amenizar a interrupção do fornecimento pelas concessionárias, situação muito comum em propriedades rurais. Um terceiro uso é por meio da purificação do metano para aplicação no segmento automotivo.
Fórum ocorre anualmente de forma alternada nos três estados
O trabalho da Universidade de Caxias do Sul é um dos destaques do 6º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, que ocorre em sua sexta edição, em Chapecó (SC), de 16 a 18 de abril. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento da cadeia destes combustíveis nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, como também em todo o País.
O fórum tem como instituições realizadoras a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC); o Centro Internacional de Energias Renováveis, de Foz do Iguaçu (PR); e a Universidade de Caxias do Sul. A organização é da Sociedade Brasileira de Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial.
O Panorama do Biogás no Brasil, relatório técnico realizado pelo CIBiogás, indica que, em 2022, existiam 936 plantas que realizam aproveitamento energético, cadastradas no BiogásMap. O Rio Grande do Sul participa com 35, número bastante baixo quando comparado com outros estados, como Minas Gerais, que tem mais de 250. Do total nacional, 885 unidades estão em operação e produziram 2,8 bilhões de m³ de biogás, em 2022.
O setor agropecuário foi responsável por 78% das plantas de biogás em operação no País. Já os setores industrial e de saneamento contribuíram em 12% e 10%, respectivamente. Quanto ao volume de biogás produzido nestas unidades, o setor de saneamento foi responsável por 74% do volume total, seguido pelo industrial (16%) e agropecuário (10%). Especialistas acreditam que há um potencial teórico de 84,6 bilhões de m³/ano a longo prazo, e o país explora atualmente apenas 3,3% desse total.
O fórum tem como instituições realizadoras a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC); o Centro Internacional de Energias Renováveis, de Foz do Iguaçu (PR); e a Universidade de Caxias do Sul. A organização é da Sociedade Brasileira de Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial.
O Panorama do Biogás no Brasil, relatório técnico realizado pelo CIBiogás, indica que, em 2022, existiam 936 plantas que realizam aproveitamento energético, cadastradas no BiogásMap. O Rio Grande do Sul participa com 35, número bastante baixo quando comparado com outros estados, como Minas Gerais, que tem mais de 250. Do total nacional, 885 unidades estão em operação e produziram 2,8 bilhões de m³ de biogás, em 2022.
O setor agropecuário foi responsável por 78% das plantas de biogás em operação no País. Já os setores industrial e de saneamento contribuíram em 12% e 10%, respectivamente. Quanto ao volume de biogás produzido nestas unidades, o setor de saneamento foi responsável por 74% do volume total, seguido pelo industrial (16%) e agropecuário (10%). Especialistas acreditam que há um potencial teórico de 84,6 bilhões de m³/ano a longo prazo, e o país explora atualmente apenas 3,3% desse total.