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Publicada em 15 de Abril de 2024 às 16:43

Governo gaúcho tenta atrair evento da área de azeite para o RS

Leite convidou Zaia (e) para as festividades dos 150 anos da imigração; Capital deve receber estátua do Leão de Veneza

Leite convidou Zaia (e) para as festividades dos 150 anos da imigração; Capital deve receber estátua do Leão de Veneza

Mauricio Tonetto / Secom/jc
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
De Verona, Itália
De Verona, Itália
Uma oportunidade já encaminhada durante a missão do governo gaúcho à Europa, após a participação na Vinitaly, uma das maiores feiras de vinho do planeta, foi no campo da produção de azeite. "A Veronafiere (organizadora da Vinitaly e da Wine South America, em Bento Gonçalves) também desenvolve concursos de qualidade dos azeites e a gente está tentando trazer uma etapa para a América do Sul, para o Rio Grande do Sul", revela o governador Eduardo Leite.
A última agenda do governador em Verona antes de seguir para Roma nesta segunda-feira (15) foi um encontro com o presidente da Região do Vêneto, Luca Zaia. Leite aproveitou a ocasião para convidar Zaia para participar das celebrações de 150 anos da imigração italiana no Estado, que serão comemorados em 2024. O representante do Vêneto adiantou que a intenção é participar das festividades e que deverá presentear o Rio Grande do Sul com uma estátua do Leão de Veneza, um símbolo da região italiana.
LEIA MAIS: Vinho gaúcho é divulgado na Europa, antes de feira internacional em Bento Gonçalves

O presidente da Frente Parlamentar Brasil/Itália, deputado estadual Guilherme Pasin (PP), acredita que a estátua deverá ser colocada em Porto Alegre, que como Capital pode representar todas as cidades gaúchas. Ele lembra que boa parte dos italianos que vieram para o Rio Grande do Sul era procedente da Região do Vêneto. Uma prova disso, cita Pasin, é que o Vêneto considera Bento Gonçalves como um município vinculado. "Bento Gonçalves é uma cidade do Vêneto, fora da Itália", assinala o deputado.

Já o deputado estadual Carlos Búrigo (MDB) acrescenta que uma das possibilidades de aproximação entre o Vêneto e o Rio Grande do Sul é o intercâmbio entre universidades das duas regiões. Também foi mencionada a troca de informações na cultura das oliveiras, voltada à produção de azeite. O parlamentar ressalta que o Vêneto possui escolas técnicas para formar profissionais para trabalhar nessa área. "Os italianos estão muito à frente nesse assunto, seja na questão do cultivo das oliveiras ou na industrialização do azeite, nós estamos começando", frisa o deputado.
Ele recorda que não chega a 5% a participação da produção brasileira no consumo de azeite do País.
Já em Roma, a comitiva do governo gaúcho tem uma intensa agenda nesta terça-feira (16) na capital italiana. Entre os encontros previstos estão reuniões com agentes financeiros com o intuito de apresentar o Estado como potencial local para investimentos italianos no Brasil.
Está na pauta do governador encontros com representantes da Sace (agência pública do setor financeiro que apoia projetos de expansão de empresas italianas no exterior), Simest (agência público-privada) e com integrantes do banco privado Intesa San Paolo.
Leite ainda terá reunião com a empresa aérea ITA Airways, para discutir a possibilidade de um voo direto da Itália ao Rio Grande do Sul, e com a companhia da área de infraestrutura ASTM, para apresentar oportunidades de novas concessões e conversar sobre a operação da subsidiária brasileira no Polo de Pelotas. Ainda haverá um encontro com representantes da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, para tratar de oportunidades de cooperação para transformação de sistemas agroalimentares.
"O melhor caminho para acessarmos as empresas (estrangeiras) é através dos consultores que dão suporte para a tomada de decisão e essas agências de fomento, de desenvolvimento e bancos aqui têm um portfólio grande de companhias que são suas clientes e buscam atuação fora da Itália", argumenta Leite. Ele acrescenta que é muito importante que o Rio Grande do Sul esteja posicionado de uma forma que quando os estrangeiros olharem para o Brasil não fiquem apenas focados no Sudeste do País.

BRDE quer aumentar atração de recursos estrangeiros
  
Jefferson Klein/Especial/jc
Ranolfo Vieira deve presidir banco de fomento em junho próximo. Crédito da foto: Jefferson Klein/Especial/JC
No momento, cerca de 22% dos recursos repassados pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) são provenientes de agências do exterior. De acordo com o vice-presidente da entidade, Ranolfo Vieira, é possível aumentar esse número. "Como todo o negócio, nós temos que ter na nossa prateleira tudo aquilo que nosso cliente vem buscar para apresentar para o projeto dele o melhor recurso e o mais barato", defende o dirigente. Ele acrescenta que a ideia é continuar com a diversificação de funding.
Hoje, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda é a principal fonte de recursos do BRDE. "Mas reduziu de 98% (a participação dos repasses) para 43%", comenta Vieira.
O dirigente salienta que, pela importância e pelo custo, não é lógico se desfazer do BNDES como parceiro estratégico. "A gente só não pode ter uma dependência exclusiva desse funding", argumenta. Ele calcula que não seria interessante reduzir o percentual relativo à parcela do BNDES abaixo de 35%.
Presente na comitiva gaúcha à Europa, Vieira, que deve assumir a presidência do BRDE a partir de 30 de junho, enfatiza que muitos agentes financeiros internacionais buscam liberar seus recursos para ações relacionadas à sustentabilidade. "E de todos os nossos negócios no ano passado, 76% estavam, no mínimo, ligados a dois dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Tanto é que o banco é conhecido hoje como um banco verde", celebra o dirigente.
Ele ressalta que essa questão é muito importante dentro de um cenário de transição energética pelo qual passa o planeta.
Vieira acompanha a agenda do governador Eduardo Leite nesta terça-feira, em Roma, com as duas agências de fomento e o maior banco privado da Itália. O dirigente não descarta a possibilidade dessas instituições acabarem, futuramente, se tornando parceiras do BRDE.
No ano passado, o BRDE fechou com cerca de R$ 5,8 bilhões em negócios (crescimento de 36% em relação ao período anterior) e para 2024 a perspectiva é chegar ao patamar de R$ 6 bilhões.
O vice-presidente do BRDE também informa que está sendo feito um estudo para definir a melhor forma de concretizar a entrada do Mato Grosso do Sul no banco (hoje comandado por Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná). Uma das dúvidas é se o estado do Centro-Oeste brasileiro passará a integrar ou não o capital do BRDE. Atualmente, o banco tem um patrimônio líquido na ordem de R$ 4,2 bilhões.
Assim, o Mato Grosso do Sul para integrar o capital da instituição teria que fazer um aporte de mais de R$ 1 bilhão, o que seria algo muito difícil, conforme Vieira, e por isso se busca uma alternativa.

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