Pelo menos 90 dias, a partir do início dos serviços, é o tempo estimado para remover os cerca de 500 mil litros de diesel marítimo e água oleosa que se encontram dentro da plataforma de petróleo P-32, cujo desmantelamento está atualmente paralisado no Estaleiro Rio Grande. Essa estimativa é de uma fonte que acompanha os trabalhos na estrutura e que acrescenta que não há uma previsão de quando começarão os serviços de limpeza.
A plataforma chegou em dezembro de 2023 ao estaleiro da empresa Ecovix para iniciar o seu desmonte que estava previsto para durar 12 meses. A embarcação, que fazia parte do sistema de produção da Petrobras, foi arrematada em leilão pela produtora de aço Gerdau, com a condição de ter uma destinação correta. Porém, segundo a fonte que prefere permanecer anônima, a estatal não havia informado às outras companhias envolvidas na iniciativa que a P-32 ainda retinha esse volume de diesel marítimo.
Para retirar o líquido, terá que ser contratada uma empresa especializada para fazer a descontaminação e o transporte dos fluidos para um local adequado. Essa situação se confirmando, muito provavelmente terá que haver a readequação do orçamento do projeto, com um acréscimo de custo estimado de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões. Se a situação não se resolver rapidamente, a preocupação é que ocorra a desmobilização de cerca de 40 pessoas. Hoje, trabalham no estaleiro rio-grandino aproximadamente 200 empregados.
Em nota, a Petrobras informa que vendeu a Plataforma P-32 em leilão de alienação para a Gerdau, que contratou o Estaleiro Rio Grande para desmantelamento e posterior destinação da embarcação como sucata metálica para uso no processo siderúrgico. A estatal acrescenta que “quando a unidade, agora já pertencente à Gerdau, chegou ao estaleiro para iniciar as atividades de desmonte, constatou-se um desalinhamento entre a expectativa da Gerdau e a real condição de limpeza da plataforma, notadamente quanto à presença de resíduo. Por conta disso, parte das atividades foram interrompidas”.
A estatal finaliza que está “tratando com a Gerdau as responsabilidades e providências necessárias para solução desta pendência e continuidade do processo de desmantelamento respeitando os requisitos de segurança, legais e ambientais”. Já a Gerdau, também através de comunicado, afirma que “todas as providências que lhe competem desde a aquisição da plataforma P-32 foram e estão sendo feitas dentro dos preceitos e limites legais”. A companhia declara também que está atuando “para a retomada das atividades de desmantelamento, no menor tempo possível, dentro das condições previstas no leilão”. Por sua vez, a Ecovix informa que, “em virtude de questões contratuais, não se manifestará sobre o tema”.
Preocupados com os reflexos da situação, na terça-feira (9) os trabalhadores que atuam no descomissionamento da P-32 fizeram uma mobilização contra a ameaça de demissões no Estaleiro Rio Grande. Em meio aos protestos, o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande e São José do Norte (Stimmmerg) distribuiu um comunicado para alertar sobre a questão. “O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) diz que tem de haver um acordo entre a Gerdau e a Petrobras, mas não houve, até agora, uma resposta efetiva da Petrobras”, adverte o presidente da entidade, Benito Gonçalves.