Lideranças do Rio Grande do Sul (RS), de Santa Catarina (SC) e do Paraná (PR) atuam em conjunto para incluir os três estados da região nos debates do governo federal sobre a renovação da concessão da Malha Sul. Dentro das ações do Grupo de Trabalho da Malha Ferroviária, instituído na última edição do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), o vice-governador Gabriel Souza esteve em Curitiba na semana passada.
Junto do secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina, Beto Martins, ele foi recebido pelo vice-governador do Paraná, Darci Piana, para dar início a um plano de estudo sobre as demandas regionais que deve ser apresentado ao Ministério dos Transportes em reunião agendada para o dia 14 de maio. Concedido à empresa Rumo desde 1997, o trecho, segundo os gestores públicos, não tem recebido investimentos necessários em infraestrutura. Atualmente, a renovação antecipada da concessão ou uma nova licitação está em debate com o governo federal.
Em coletiva nesta segunda-feira (8), durante o Menu POA, reunião-almoço promovida pela Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), o vice-governador disse que deve haver um encontro com o Secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Cezar Ribeiro, em maio, e a ideia é ter uma minuta do estudo de demanda e como será feito o o trabalho, bem como informações sobre os potenciais ferroviários dos estados que, depois disso, devem fazer um consórcio para contratar efetivamente o estudo.
"Temos uma carência enorme quando o assunto é ferrovias", disse Souza. Ele afirmou que faz total sentido que os estados do Sul se reúnam para tratar do assunto, uma vez a economia de todos é parecida, principalmente no que diz respeito a grãos. Ainda de acordo com o vice-governador, a competitividade e a produtividade do Estado poderiam aumentar com investimentos nas ferrovias. "Facilitaria o escoamento de grãos até o Porto de Rio Grande, por exemplo. E, além do transporte de cargas, tem o transporte de passageiros. Sempre que trato desse assunto é uma dor, pois vemos o quanto perdemos", disse. Souza considerou, ainda, que é difícil até de encontrar técnicos na região para abordar a questão. "É uma dificuldade. Por isso teremos que contratar uma consultoria de fora".
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A questão dos grãos é um ponto chave do assunto. Segundo a Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, os prejuízos anuais do escoamento da produção no Estado chega a R$ 125 bilhões, ou 20% do Produto Interno Bruto (PIB), que são perdidos nas estradas.
Na avaliação de Souza, “não são os industrializados que necessitam desta logística férrea, nós entendemos que temos que ter um estudo próprio até para eventualmente ter melhores condições técnicas de discutir com a própria concessionária Rumo, que também fez seus estudos”. Para o vice-governador, “muitas vezes esses estudos apresentados pela concessionária não refletem os potenciais de demanda de carga existente nos três Estados do Sul”.
Atualmente, a Malha Sul possui 6,5 mil quilômetros e abrange Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Só no RS, dos 3,2 mil quilômetros de linhas e ramais ferroviários, cerca de 1,5 mil estão desativados ou suspensos.
No início do mês passado, Souza reuniu-se em Brasília com o secretário Nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro. Na oportunidade, ele apresentou as recentes ações do Cosud e reforçou a necessidade de plena atividade do modal ferroviário para propiciar o desenvolvimento econômico sustentável e a atração de investimentos.
O secretário se mostrou favorável à realização de encontros periódicos com o grupo de trabalho para atualização dos processos. Ao final da reunião, ficou acordada a realização, nas próximas semanas, da primeira reunião entre os técnicos da secretaria e o GT da Malha Ferroviária.