A usina de etanol que a Be8 (antiga BSBios) pretende implementar em Passo Fundo está cada vez mais próxima de se tornar uma realidade. Recentemente, o Bndes aprovou financiamento no valor de R$ 729,7 milhões para a construção da fábrica de álcool e farelo a partir do processamento de cereais (trigo, triticale, milho, entre outros) e a perspectiva é que em breve o empreendimento conseguirá sua licença ambiental de instalação (LI).
O presidente da Be8, Erasmo Carlos Battistella, argumenta que a confirmação do financiamento por parte do Bndes demonstra que o projeto está muito bem estruturado. “É um dos passos mais importantes do processo”, enfatiza o executivo. Após essa etapa, o dirigente detalha que a iniciativa aguarda pela emissão da licença ambiental de instalação para fazer as obras físicas do complexo.
Ele acredita que a liberação do documento possa ocorrer em questão de dias. Battistella justifica seu otimismo quanto à celeridade do procedimento, pois a empresa vem cumprindo as demandas exigidas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). A reportagem do Jornal do Comércio procurou a Fepam para obter informações da tramitação do processo de licenciamento do empreendimento. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão ambiental, no momento o corpo técnico da pasta avalia as complementações enviadas pelo empreendedor, na terça-feira (26), e ainda não é possível precisar a data de emissão da licença.
Enquanto aguarda os ritos do licenciamento, o presidente da Be8 informa que a companhia está acelerando o planejamento da engenharia executiva que envolverá a instalação da unidade. No pico das obras, que está previsto para ocorrer em 2025, deverão ser gerados em torno de 700 postos de trabalho. A expectativa é que a finalização do complexo ocorra, se tudo transcorrer bem, em no máximo 24 meses.
A usina será flexível para a produção de etanol anidro (que pode ser adicionado na gasolina), ou hidratado (consumo direto), e terá capacidade de 209 milhões de litros ao ano, o que equivale a 20% da demanda do Rio Grande do Sul, que hoje tem que ‘importar’ o produto de outros estados. A nova fábrica vai processar 525 mil de toneladas por ano de cereais para a produção de etanol e farelo DDGS (Distiller’s Dried Grains with Solubles) ou Grãos Secos de Destilaria com Solúveis (em português).
Paralelamente à planta de etanol, a Be8 também está atuando na instalação de uma unidade de produção de glúten vital, um concentrado proteico em pó obtido a partir da farinha de cereais. Esse projeto e o do álcool totalizam um investimento atualmente calculado, segundo Battistella, em R$ 1,080 bilhão (inicialmente a estimativa do agregado dos dois empreendimentos era de cerca de R$ 860 milhões).
O glúten vital é uma proteína extraída de cereais, tais como trigo, centeio, cevada e triticale. O produto é normalmente utilizado como aditivo na panificação. As aplicações do produto são inúmeras, contudo a principal delas é a fortificação de farinhas “standard”, já que é geralmente necessário o uso de farinhas fortes para a produção de pães. A integração da nova linha da Be8 ao processo do etanol permite aproveitar as mesmas matérias-primas, extraindo a proteína do cereal para produzir o glúten e o amido para o biocombustível.