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Publicada em 05 de Março de 2024 às 15:24

Intermodal destaca adesão do Brasil ao programa de portos verdes

A 28ª Intermodal South America, feira do setor de logística, transporte e comércio exterior começou nesta terça-feria (5) em São Paulo

A 28ª Intermodal South America, feira do setor de logística, transporte e comércio exterior começou nesta terça-feria (5) em São Paulo

Luciane Medeiros/Especial/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
De São Paulo
De São Paulo
A 28ª Intermodal South America, feira de logística, transporte de cargas e comércio exterior, começou nesta terça-feira (5) em São Paulo com otimismo sobre a retomada do crescimento do Brasil, mas também com espaços às críticas aos gargalos que o setor enfrenta. A cerimônia de abertura contou com a presença de diversas autoridades e dirigentes de entidades ligadas ao segmento. A solenidade foi marcada pela assinatura de importantes acordos e destacou a adesão do Brasil ao Green Ports Partnership (GPP), programa de cooperação com duração de 3 anos com os Países Baixos. 
Entre os presentes a discursar na abertura, o presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Vander Costa, afirmou que todo o setor de transporte tem que trabalhar em prol da melhoria da infraestrutura do País. “Estamos trabalhando na integração dos modais. A agenda ESG foi abraçada por todo o setor de transporte e ocupará cada vez mais as nossas pautas”, afirmou.
Eduardo Nery, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), destacou a projeção para 2024 de 18 projetos de privatização de terminais portuários no Brasil com mais de R$ 10 bilhões em investimentos. O dirigente abordou a necessidade de desenvolvimento das hidrovias no País, com a última fronteira sendo o projeto da hidrovia Uruguai-Brasil, mas que está em fase avançada.
A meta é fazer a audiência pública para concessão da hidrovia Brasil-Uruguai, na Lagoa dos Patos, juntamente com a do Rio Madeira (AM). “O Brasil tem 60 mil km de hidrovias que ainda são pouco exploradas de forma eficiente. Para que haja a modernização dos portos é preciso que haja investimento do setor privado e o papel da Antaq é prover um ambiente regulatório estável”, complementou.
O vice-prefeito de Rotterdam Robert Simons também participou da abertura da Intermodal e destacou a importância do evento para a América Latina. “O Brasil é um importante parceiro por ser um grande produtor de grãos e está dando importantes passos na transição energética. Estou feliz em celebrar esse momento com vocês”, falou, em alusão à declaração conjunta ao Green Ports Partnership (GGP) assinado na sequência.
A iniciativa pretende promover o crescimento econômico por meio do desenvolvimento de portos sustentáveis e energias renováveis. A Portos RS faz parte do programa, juntamente com os Portos de Pecém (Ceará) e Paranaguá (Paraná).
Durante sua participação, o ministro dos Portos Silvio Costa Filho ressaltou o momento importante de retomada do crescimento econômico do Brasil. “O ano de 2023 foi positivo, crescemos em torno de 3%, ficando acima das projeções iniciais do PIB, com taxa de juros em redução e também o déficit público. Criamos em apenas um ano mais de um milhão e meio de carteiras assinadas. Saímos da 11ª economia mundial para a 9ª segundo o Banco Mundial, o Brasil passou a ser a economia mais procurada por investidores”, afirmou.
Ele citou parcerias entre governo e iniciativa privada para promover o desenvolvimento do País, como o investimento de quase R$ 80 bilhões no PAC Portos, de R$ 15 bilhões no PAC Aviação Civil e de R$ 4 bilhões em hidrovias, entre outros.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou os esforços do governo federal para fortalecer os investimentos públicos de acordo com a lei fiscal e também as iniciativas por parte do setor privado. Renan Filho salientou que o Brasil ganhou posições entre as nações que mais atraem capital internacional por oferecer investimentos rentáveis e reconheceu que um país da dimensão do Brasil precisa cada vez mais avançar em logística.
A cerimônia encerrou com a participação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Ele afirmou que a logística é um desafio que vem sendo vencido paulatinamente no Brasil e ponderou que temas que eram citados como entraves ao crescimento do País foram vencidos com a série de reformas implementadas nos últimos anos, como a trabalhista, e previdenciária e que culminou, no ano passado, com a reforma tributária. “Os investimentos vão começar a se materializar”, afirmou.
A 28ª Intermodal South America ocorre até a próxima quinta-feira (7) com a participação de mais de 500 marcas expositores de 15 países em um espaço de 40 mil metros quadrados na São Paulo Expo.

Empresas lançam manifesto pela inovação no setor marítimo e portuário


Líderes do setor de portos, Hidrovias do Brasil, Porto do Açu e Wilson Sons lançaram nesta terça-feira (5) um manifesto para o Brasil superar as limitações históricas do segmento. O documento, intitulado “Manifesto pela Inovação no Setor Marítimo e Portuário”, diz que, “apesar de alguns exemplos de excelência em inovação na área, o País ainda precisa superar gargalos logísticos, regulatórios e culturais que impedem avanços mais consistentes e sustentáveis”.

O manifesto identifica 4 grandes desafios, a partir de consultas feitas aos stakeholders do setor marítimo, portuário e hidroviário brasileiro: desarticulação entre organizações envolvidas em projetos inovadores; pouco incentivo à tomada de risco inteligente; falta de planejamento de longo prazo; pouco incentivo à inovação nos processos de contratação. O texto apresenta propostas de solução, convocando para o debate público, gestores públicos e privados, trabalhadores e empreendedores da área, formuladores de políticas públicas, reguladores do setor, parlamentares, pesquisadores e demais formadores de opinião.

Das sugestões apresentadas, três são consideradas as principais prioridades: realizar diagnóstico sobre a inovação no setor marítimo e portuário do Brasil, com métricas bem definidas para acompanhamento; premiar os maiores avanços em inovação entre os portos; criar grupo de trabalho para construção de políticas de longo prazo voltadas à modernização dos portos.

“É importante que a discussão sobre os desafios e propostas de melhorias na área ganhe a atenção da sociedade brasileira. Queremos incentivar o debate qualificado sobre um tema de importância capital para o Brasil: a urgência de impulsionar o ecossistema nacional de inovação no setor marítimo, portuário e hidroviário”, diz o diretor de Transformação Digital da Wilson Sons, Eduardo Valença.

O manifesto aponta que, no Brasil, os desafios operacionais da indústria marítima, portuária e hidroviária são os mesmos do restante do mundo, destacando que o setor caminha em direção a operações autônomas de embarcações e terminais; tecnologias que permitam receber navios maiores com mais segurança; gestão facilitada da comunicação; e previsibilidade na operação. Ressalta ainda que o “relativo atraso nacional” na aplicação das grandes inovações já estabelecidas na indústria se reflete em maiores custos logísticos e operacionais, maior tempo de trânsito, menor segurança operacional e impacto na emissão de gases do efeito estufa.

Mariana Yoshioka, diretora de Inovação e Tecnologia da Hidrovias do Brasil, enfatiza que o manifesto chega para impulsionar uma nova realidade no setor. “Acreditamos que o Brasil possui os elementos essenciais para se destacar globalmente no setor marítimo, portuário e hidroviário. Com uma extensa costa, infraestrutura consolidada e um ecossistema rico em tecnologias de ponta, temos a oportunidade única de transformar desafios em oportunidades. Ao trabalhar de forma conjunta, podemos alavancar a inovação e impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país”, ressalta a executiva.

Em suas conclusões, o manifesto faz um “chamado à ação conjunta”, dizendo que o Brasil reúne vantagens comparativas para acompanhar o nível global de inovação no setor marítimo, portuário e hidroviário. “Temos uma das maiores extensões costeiras do mundo; infraestrutura consolidada; corrente de comércio que movimenta mais de US$ 600 bilhões anuais; corporações e startups que criam tecnologias de fronteira; ambiente acadêmico com pesquisadores capacitados; órgãos públicos de fomento, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e gestores públicos comprometidos com o tema”.

Como destaca Vinícius Patel, diretor da Administração Portuária do Porto do Açu, o manifesto clama para que todos os agentes envolvidos – governo, empresas, academia, centros de pesquisa e startups – se unam e trabalhem juntos a partir de bases consensuais para superar gargalos. “Já passou da hora de o Brasil se posicionar no setor marítimo e portuário em concordância com o que vem sendo desenvolvido no mundo e com o tamanho da nossa economia. É mandatório uma ação conjunta para criar um ambiente mais dinâmico no setor, de modo a gerar eficiência e prosperidade para a sociedade brasileira”, conclui Patel.

Acordo prevê parceria para formação e contratação de mão de obra na infraestrutura

O MoveInfra, a Infra S.A. e o Sistema Transporte – formado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), o Serviço Social do Transporte (SEST), o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) e o Instituto de Transporte e Logística (ITL) assinaram nesta terça-feira (5), na abertura da Intermodal, um acordo de cooperação técnica que prevê o compartilhamento de dados para capacitação profissional e realização de ações conjuntas entre os setores público e privado.
O objetivo do acordo é identificar as obras de infraestrutura que serão realizadas pelas empresas que compõem o MoveInfra e as obras incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A Infra S.A., por meio do Observatório Nacional de Transporte e Logística (ONTL) – plataforma que reúne dados e produz informações sobre o setor de transportes –, realizará o mapeamento georreferenciado dos empreendimentos de infraestrutura. A estatal ainda irá mapear todas as atividades de educação fornecidas pelo Sistema Transporte.
Dessa forma, será possível acompanhar as necessidades de mão de obra em cada região e fazer o cruzamento com as informações sobre os cursos profissionalizantes oferecidos pelas entidades.
Para a CEO do MoveInfra, Natália Marcassa, a parceria é a oportunidade de unir a
demanda por qualificação profissional à oferta de empreendimentos e obras de
infraestrutura.
“Nossas associadas estão a todo vapor, com projetos espalhados por todo o País. Esse acordo representa maior agilidade e eficiência na capacitação e contratação de mão de obra especializada. É um grande avanço”, avalia. O acordo, terá prazo vigente de 24 meses, podendo ser prorrogado por mais dois anos.

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