*do Rio de Janeiro
A Petrobras pretende, futuramente, desenvolver no mar do Rio Grande do Sul a exploração de petróleo e gás e a geração eólica offshore (em água). Uma ação até contribui com a outra no momento de levantamento de dados, mas quanto a dois importantes passos para essas atividades serem concretizadas, a perfuração de poços para a prospecção de óleo e a medição do potencial de ventos para a produção de energia renovável, essa última medida sairá na frente.
O
presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, comenta que, na busca pelo petróleo na Bacia de Pelotas (área que engloba toda a costa gaúcha, indo do Sul de Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai), primeiro serão executadas outras iniciativas e depois os poços. “Ainda vai ter dois a três anos de sísmica (levantamento de dados, como se fosse uma ultrassonografia) para investigar se há reservatórios (de petróleo ou gás)”, ressalta o executivo. Já sobre a aferição de ventos na costa gaúcha, Prates é enfático: “essa vem antes”. Ele recorda que a empresa já tem feito
medições em outras regiões do País.
No final do ano passado, Petrobras, Shell Brasil, TotalEnergies, CNPC e CNOOC e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) iniciaram uma série de avaliações eólicas em alto-mar, na área do pré-sal. A coleta dos primeiros dados acontece no Campo de Búzios, na Bacia de Santos e, em 2024, será ampliada para o Campo de Mero. A perspectiva é que, quando a iniciativa chegar na costa gaúcha, a medida também contará com a participação da Ufrgs.
Em setembro de 2023, a Petrobras anunciou que havia encaminhado ao
Ibama a solicitação de licenciamento ambiental de
10 espaços no mar brasileiro destinados ao desenvolvimento de projetos de energia eólica offshore. Desse total, uma área encontra-se no Rio Grande do Sul, sete no Nordeste (três no Rio Grande do Norte, três no Ceará e uma no Maranhão) e duas no Sudeste (uma no Rio de Janeiro e outra no Espírito Santo).
Somados, os empreendimentos têm uma potência instalada de 23 mil MW. O complexo no litoral gaúcho está previsto para ser implementado na região do município de Mostardas e terá uma capacidade de 3,5 mil MW, com a instalação de 195 aerogeradores. Esse volume de energia representa quase o dobro da potência instalada de geração eólica onshore (em terra) no Estado hoje, que é de cerca de 1,8 mil MW. A valores atuais de mercado, a estimativa é que a usina offshore da Petrobras no Rio Grande do Sul representaria um aporte de aproximadamente R$ 35 bilhões.
Já quanto à Bacia de Pelotas, a estatal, assim como Chevron Brasil Óleo, Shell Brasil e CNOOC Petroleum, foi uma das empresas que arremataram 44 blocos dessa área em leilão realizado pela Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP) no dia 13 de dezembro do ano passado. Como contrapartida do resultado do certame, essas companhias precisarão investir pelo menos cerca de R$ 1,5 bilhão para procurar a presença de petróleo na região (que até hoje não foi encontrado).
As iniciativas nos setores de petróleo e gás e de geração eólica offshore no Rio Grande do Sul foram abordadas pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, durante a apresentação da Seleção Pública Petrobras Cultural-Novos Eixos, que prevê um desembolso de R$ 250 milhões por parte da companhia para incentivar as práticas culturais no Brasil. O evento foi realizado na sexta-feira (23), no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, e contou com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, Lula também destacou a relevância de uma estatal com capacidade de investimento nos mais diversos segmentos.
O presidente lembrou que não foi por acaso que o Brasil descobriu o pré-sal. “Não era sorte, é porque nós tínhamos aumentado em dez vezes o investimento em pesquisas da Petrobras”, afirmou Lula. De acordo com ele, recentemente, houve uma tentativa de abortar a Petrobras. O dirigente frisou que, como não foi possível privatizá-la inteira, porque o assunto teria que passar pelo Congresso Nacional, foi adotada a estratégia de vender ativos individualmente (como ocorreu no governo anterior, com a alienação da Refinaria Landulpho Alves - RLAM, em São Francisco do Conde, na Bahia).
Para Lula, uma empresa como a Petrobras precisa investir em ações almejadas pela população e citou o exemplo da recém divulgada seleção pública da companhia. “Cultura pode não interessar a um ditador, pode não interessar a um negacionista, mas cultura simplesmente interessa ao povo tanto quanto um prato de comida”, defendeu o presidente da República.