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RGE defende plano quanto à arborização para diminuir quedas de luz
A distribuidora chegou a ter mais de 714 mil unidades consumidoras sem energia
Uma questão que promete muito debate e é sugerida por várias concessionárias do setor elétrico, como é o caso da gaúcha RGE, é a discussão da arborização das cidades para que, em casos como o do recente temporal que assolou o Rio Grande do Sul, seja possível uma retomada mais ágil da energia para os clientes que ficam sem luz. O diretor-presidente da RGE, Marco Antônio Villela de Abreu, enfatiza que é preciso tratar com a sociedade que tipos de árvores e os locais que elas serão plantadas para não afetar a rede elétrica. A distribuidora chegou a ter mais de 714 mil unidades consumidoras sem energia por causa do temporal de terça-feira (16) e ainda trabalha para a normalização de todos os seus usuários - no começo da tarde de quinta-feira (18) eram 248 mil clientes sem luz e a situação deve ser estabilizada, com algumas exceções, no final de semana.Jornal do Comércio (JC) - Quais as razões que impedem uma retomada mais célere do fornecimento de energia em casos de temporais?
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Super El Niño representa desafio para o fornecimento elétrico
Conforme o gerente de serviços comerciais da RGE, Fabio Calvo, o fenômeno Super El Niño (aquecimento em águas do Pacífico que causa mudanças atmosféricas em diversas regiões do planeta) iniciou no segundo semestre do ano passado e a perspectiva é de se estender até março ou abril de 2024. Essa situação, reforça ele, faz com que as distribuidoras de energia enfrentem eventos climáticos mais graves e frequentes.
“A gente costuma dizer que temos dois tipos de temporais, um de vento e outro de raios. O Super El Niño tem trazido no mesmo evento as duas situações”, aponta o integrante da RGE. Ele comenta que o temporal de terça-feira alcançou a Região Metropolitana de Porto Alegre com ventos na ordem de 130 quilômetros por hora. Calvo detalha que, normalmente, os ventos começavam fortes na Fronteira Oeste gaúcha e arrefeciam para o centro do Estado e isso não tem ocorrido mais.
Sobre os raios, ele cita que, comparando o ano de 2021 com 2023, a incidência dessas descargas no Rio Grande do Sul mais que dobrou, passando de cerca de 900 mil para em torno de 2,5 milhões. Calvo afirma que a RGE vinha se preparando para a questão do Super El Niño há pelo menos dois anos, fazendo aportes na rede elétrica e incrementando o quadro operacional.
A companhia aumentou em cerca de 1 mil eletricistas seu grupo de trabalho nos últimos dois anos. O gerente de serviços comerciais da distribuidora ressalta também que a empresa, no ano passado, investiu cerca de R$ 1,5 bilhão na sua rede elétrica. “Isso é 36% a mais do que a média dos últimos cinco anos”, frisa o dirigente. Entre 2024 e 2028, Calvo adianta que a previsão é de um investimento de aproximadamente R$ 9,3 bilhões.
Porém, o executivo também considera que a maior discussão que precisa ser feita para melhorar as condições de enfrentamento dos impactos das tempestades no atendimento elétrico é em relação à vegetação. Ele enfatiza que não se trata de não ter árvores, mas que é preciso pensar melhor que tipo de vegetação deve haver nas cidades e como afastá-la da rede elétrica. Sobre a possibilidade de trocar as linhas de energia aéreas por subterrâneas, Calvo cita que o custo dessa alternativa é cerca de dez vezes mais caro do que a convencional, o que teria um enorme impacto na tarifa.
Nesse temporal mais recente, o pico das ocorrências de queda de luz na área de concessão da RGE ocorreu na virada de terça para quarta-feira (17), com 714 mil clientes atingidos. No começo da tarde desta quinta-feira (18) eram 248 mil consumidores ainda sem energia. A mobilização da RGE envolveu uma força de trabalho de 5,5 mil pessoas, entre equipes de primeiro atendimento e de manutenção pesada. Calvo acrescenta que a perspectiva é que os grandes blocos de clientes estejam regularizados até domingo (21). Contudo, o dirigente admite que em áreas mais afastadas pode levar mais tempo para o restabelecimento.