Ibovespa sobe 1,06% e renova máximas históricas no pós-Copom e pós-Fed

"O viés é favorável a risco, com a percepção de que se terá Selic de um dígito no próximo ano", diz Matheus Spiess

Por Agência Estado

Ibovespa
Mesmo com o Copom em tom cauteloso - sem sinais de que acentuará no curto prazo o ritmo de cortes da Selic, apesar da perspectiva mais suave do Fed para a política monetária nos Estados Unidos -, o Ibovespa conseguiu renovar nesta quinta-feira marcas históricas tanto no intradia como para o fechamento da sessão.Em boa parte da tarde, parecia que ficaria no quase, para o fechamento: se pela manhã o pico histórico intradia foi elevado aos 131.259,81 pontos, perfurando marca que prevalecia desde 7 de junho de 2021, o índice da B3 perdeu fôlego na etapa vespertina. Mas perto do apito final, voltou a ganhar embalo, em alta pouco além de 1%, que foi o suficiente para empurrar o Ibovespa também a patamar recorde de encerramento, acima dos 130.776,27 pontos que estava em vigor desde a mesma data acima, há pouco mais de dois anos e meio.Neste fechamento pós-Copom e pós-Fed, o Ibovespa mostrava alta de 1,06%, aos 130.842,09 pontos, saindo de mínima na abertura aos 129.469,02, que já correspondia a um dos melhores níveis de que se têm registro na B3. Na semana, o índice acumula agora ganho de 2,95% e, no mês, de 2,76% - no ano, avança 19,24%.Na véspera de vencimento de opções sobre ações, e vindo do vencimento de opções sobre o Ibovespa ontem, o giro financeiro foi a R$ 34,2 bilhões nesta quinta-feira, acima da média habitual do ano para uma sessão sem vencimentos.Na visão de analistas, volume fortalecido combinado a marca recorde indica confiança dos investidores em um rali sustentável, mesmo com a cautela mostrada ontem pelo Copom com relação ao ritmo de redução da Selic nos meses à frente, mantido no atual meio ponto porcentual. E o comportamento do câmbio, com o dólar na mínima do dia a R$ 4,87, sugere ingresso de fluxo na Bolsa, em sessão na qual o Ibovespa andou bem à frente dos índices de Nova York - com renovação de recorde pelo Dow Jones, ontem e também hoje, no fechamento, embora de avanços limitados para os três índices de referência, na sessão. Aqui, o dólar à vista mostrava queda mais discreta no fim do dia, de 0,12%, a R$ 4,9151.Movidas pelo apetite a risco, as ações de primeira linha operaram em direção única, positiva, com Petrobras (ON +2,33%, PN +2,17%) à frente do grupo, em dia de recuperação de 3% para as cotações do petróleo. Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, destaque para Dexco (+4,79%), Prio (+4,54%), Lojas Renner (+4,30%) e MRV (+4,23%). No lado oposto, Grupo Casas Bahia (-5,66%), Natura (-5,22%), Petz (-4,98%), Magazine Luiza (-3,95%) e SLC Agrícola (-3,66%)."Conforme o consenso, o Copom cortou ontem a Selic em meio ponto porcentual, que fecha assim o ano a 11,75%. Com relação aos próximos passos, foi mantido o plural, para próximas reuniões, do forward guidance de outros cortes de meio ponto porcentual. Se tirassem o plural, teria sido menos conservador. Mas vai começar o ano com dois cortes iguais, de meio ponto, o que não deixa de ser bom e evita solavancos. O viés é favorável a risco, com a percepção de que se terá Selic de um dígito no próximo ano", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, que vê espaço para que prevaleça rali neste fim de ano."Até o Copom desta quarta-feira, parte do mercado estava acreditando em aceleração do ritmo de cortes da Selic, e não foi o que se indicou agora. Está contratada a manutenção do ritmo de redução nas próximas reuniões, mesmo com a melhora observada nos juros longos e da inflação no exterior. O cenário externo, embora tenha melhorado, ainda demanda cautela, mesmo com o tom mais suave, dovish, adotado pelo Fed", diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, acrescentando que a comunicação após a decisão do Copom ainda não faz referência aos sinais emitidos pelo BC dos Estados Unidos, na tarde de ontem.Na zona do euro e no Reino Unido, assim como no caso do Federal Reserve no dia anterior, as taxas de juros de referência foram mantidas em decisões de política monetária tomadas nesta quinta-feira, em linha com o esperado. Tanto o Banco Central Europeu (BCE) como o Banco da Inglaterra (BoE) deixaram claro, contudo, que o trabalho de combate à inflação não está completo, observa Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos."Tivemos um prolongamento dos ganhos de ontem na sessão desta quinta-feira, mas com um pouco mais de cautela, no exterior, depois do entusiasmo que houve com o Fed. O tom das autoridades monetárias, na zona do euro e na Inglaterra, veio um pouco mais duro", acrescenta.

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