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Concessão do Cais Mauá será questionada no Ministério Público de Contas
Pedido é da bancada do PT e de ativistas após audiência pública na Assembleia Legislativa
Atualizada às 15h09min desta quinta-feira (13)
A bancada do PT na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) e ativistas devem ingressar, nos próximos dias, com um questionamento no Ministério Público de Contas (MPC) em relação ao Edital do Projeto de Revitalização do Cais Mauá, em Porto Alegre. O leilão deveria acontecer no próximo dia 21 de dezembro, mas foi adiado. A novo certame acontecerá em 6 de fevereiro, às 10h. Com isso, a data de recebimento de propostas por parte dos interessados mudará para 31 de janeiro. A nova data foi divulgada pelo canal oficial do governo nesta quarta-feira (13).
As principais objeções ao projeto, discutidas na segunda-feira (11), em audiência pública na Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, foram a construção de nove edifícios junto ao Cais, a falta de referências a eventos provocados pelas mudanças climáticas e falta de acessibilidade no Cais Embarcadero, além de sigilo em relação a identidades dos interessados em explorar o Cais e a existência de divergências com padrões construtivos estabelecidos pela legislação urbanística de Porto Alegre.
"Não há referência à emergência climática no edital. Consideramos que há uma falta de especificações técnicas na substituição do muro", afirmou a deputada estadual, Sofia Cavedon (PT), que presidiu a audiência, ressaltando que a cidade enfrentou duas fortes cheias em curto período de tempo este ano. Segundo ela, um agendamento com o Ministério Público de Contas será tentado antes do leilão. De acordo com o governo, a mudança na data atende a pedidos dos interessados em participarem do leilão. O conteúdo do edital, que foi analisado previamente pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), não será modificado.
Patrimônio Histórico
Durante a audiência, outros tópicos como a altura das novas edificações e a preservação do patrimônio histórico (o pórtico e dois armazéns A e B são tombados) também foram discutidos. O superintendente estadual do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Rafael Passos, o edital não atende ao interesse público. "O Iphan indeferiu o projeto. Nenhum dos projetos considerou as docas patrimônio histórico. O acesso principal do pórtico é o único bem tombado. Nos preocupa que foi incluído no edital a venda de solo criado, mas não fica claro que solo criado é esse. Me preocupa as alterações que já vimos acontecer. O leilão é precipitado", afirmou.
Já historiador Daniel Gomes enfatizou as consequências no trânsito, caso sejam construídas as edificações junto ao cais do porto. "Não temos uma política de transporte público na cidade e os espigões junto ao Cais só vão piorar o trânsito que já é conturbado na Avenida Mauá". De acordo com ele, o impacto também será ambiental. "São nove espigões. Para onde vai o esgoto de tudo isso?", questionou, em nota.
Já historiador Daniel Gomes enfatizou as consequências no trânsito, caso sejam construídas as edificações junto ao cais do porto. "Não temos uma política de transporte público na cidade e os espigões junto ao Cais só vão piorar o trânsito que já é conturbado na Avenida Mauá". De acordo com ele, o impacto também será ambiental. "São nove espigões. Para onde vai o esgoto de tudo isso?", questionou, em nota.
Garantias e deveres
Cavedon acredita que o Ministério Público de Contas pode deixar as garantias e os deveres da concessionária mais elucidados. "É importante para os empreendedores até para que o certame não seja esvaziado. Isso pode acontecer novamente por causa da insegurança. Queremos garantia de trânsito e segurança no cais", ponderou a deputada. Segundo apuração do Jornal do Comércio, o governo está otimista com leilão do Cais Mauá. O último certame, em 2022, terminou sem propostas. A parlamentar afirmou, também, que há a possibilidade de levar o caso também ao Tribunal de Contas do Estado.
Questionada pela reportagem, a Secretaria de Parcerias e Concessões do Governo do Rio Grande do Sul informou, em nota, que o "conteúdo do edital de concessão do Cais Mauá teve a revisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) e de órgãos internos do Executivo Estadual. Os trâmites legais para a realização da concessão, como audiências e consultas públicas, foram realizados. O próximo passo previsto, após a publicação do edital, é o recebimento de propostas dos interessados, marcado para o dia 14 de dezembro, e o leilão, previsto para o dia 21 de dezembro, na B3, em São Paulo."
Sobre a ausência de referências às emergências climáticas e aquecimento global no edital, a secretaria afirmou que "o projeto prevê dois estágios de contenção antes dos armazéns – diferente do modelo atual, onde o muro está localizado depois dos armazéns. A primeira barreira contempla uma solução fixa de 1,26 metro. Já a segunda, terá 2,74 metros e será acionada caso as águas ultrapassem o primeiro estágio. Para se ter um exemplo, as cheias mais recentes do Guaíba não teriam ultrapassado a primeira proteção. Contudo, antes de serem implementadas, as soluções deverão ser apresentadas pelo vencedor da licitação aos órgãos competentes para obter o licenciamento. Em relação a uma possível ampliação da proteção, a Separ ressalta que o futuro concessionário do Cais Mauá estará sujeito às normas aplicáveis durante os 30 anos de contrato."
Sobre a ausência de referências às emergências climáticas e aquecimento global no edital, a secretaria afirmou que "o projeto prevê dois estágios de contenção antes dos armazéns – diferente do modelo atual, onde o muro está localizado depois dos armazéns. A primeira barreira contempla uma solução fixa de 1,26 metro. Já a segunda, terá 2,74 metros e será acionada caso as águas ultrapassem o primeiro estágio. Para se ter um exemplo, as cheias mais recentes do Guaíba não teriam ultrapassado a primeira proteção. Contudo, antes de serem implementadas, as soluções deverão ser apresentadas pelo vencedor da licitação aos órgãos competentes para obter o licenciamento. Em relação a uma possível ampliação da proteção, a Separ ressalta que o futuro concessionário do Cais Mauá estará sujeito às normas aplicáveis durante os 30 anos de contrato."
A audiência da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia foi realizada por proposição dos deputados Sofia Cavedon, Laura Sito, Leonel Radde e Miguel Rossetto.