Com a crise que tomou conta do setor naval no Brasil na década passada, com as consequências da Operação Lava Jato e o deslocamento das encomendas da Petrobras para o mercado internacional, o Estaleiro Rio Grande foi duramente impactado (há sete anos, por exemplo, o complexo demitia 3,2 mil funcionários). No momento, enquanto espera o reaquecimento do setor, o complexo gaúcho administrado pela Ecovix diversifica as suas atividades atuando com a movimentação de cargas, reparos de embarcações e, mais recentemente, com o desmonte de plataformas de petróleo.
Recentemente, chegou à unidade a plataforma P-32, da Petrobras, que será desmantelada no município de Rio Grande para que o metal da estrutura seja aproveitado como matéria-prima pela siderúrgica Gerdau, em Charqueadas, para produção de aço. Somente para trabalhar nessa demanda, deverão ser contratados pelo estaleiro aproximadamente mais 200 profissionais, adianta o diretor operacional da Ecovix, Ricardo Ávila. Atualmente, o empreendimento conta com em torno de 180 pessoas operando em diversas áreas.
De acordo com Ávila, o pico de geração de postos de trabalho com o novo serviço deverá ser atingido por volta de abril ou maio de 2024. Ele frisa que, mesmo com as ações que serão feitas na plataforma, o estaleiro gaúcho tem condições de atender a outras demandas simultaneamente. Conforme o executivo, a P-32 ocupou apenas metade do espaço do dique seco do complexo. Para o próximo ano, está prevista ainda a chegada da plataforma P-33, que também será desmantelada no Estaleiro Rio Grande.
“E mesmo com a P-32 e a P-33 a gente não inviabiliza o dique para a construção ou reparos (de embarcações ou plataformas)”, afirma Ávila. Ele adianta que a expectativa é que a P-32 já esteja fora do dique seco quando vier a P-33, o que deve ocorrer no final de agosto ou setembro do próximo ano. Depois de sair dessa área, a P-32 terá partes cortadas no estaleiro e todo o trabalho deverá ser finalizado por volta de dezembro de 2024.
O diretor operacional da Ecovix revela que outro segmento que o estaleiro está avaliando é a possibilidade de servir como base de apoio para a indústria eólica offshore (no mar), assim como a própria construção offshore. “Embora seja um mercado que a gente não acredita que vai se desenvolver em um ou dois anos, estamos de olho”, salienta. Além disso, outra oportunidade aberta e citada pelo dirigente é a perspectiva de sondagens de prospecção de óleo e gás na Bacia de Pelotas, na costa gaúcha, que demandarão embarcações e outros serviços.
Porém, Ávila ressalta que o foco do estaleiro ainda é a construção de plataformas ou embarcações, que é um serviço de valor agregado atrativo para a companhia. O integrante da Ecovix espera que no próximo ano sejam confirmados o lançamento do edital da Transpetro para a construção de navios no Brasil e novas encomendas da Petrobras para aquecer o setor.