A demanda por carros elétricos no Brasil tem surpreendido a indústria. Conforme a vice-presidente global da chinesa BYD, Stella Li, que anunciou seis novas lojas no Rio Grande do Sul em 2024 durante passagem por Porto Alegre, os estoques da marca estão esgotados.
O objetivo é que os veículos já comprados cheguem ao País, vindos da China, até janeiro. A fábrica em Camaçari, na Bahia, cuja construção iniciará em fevereiro, deve amenizar este problema do tempo de entrega.
Em Porto Alegre, o modelo Dolphin é comercializado a R$ 149 mil pela Iesa, concessionária exclusiva da BYD. Para 2024, a executiva prevê o lançamento de uma versão mais acessível dele, o Dolphin Mini.
Veja, abaixo, trechos da conversa exclusiva concedida ao Jornal do Comércio por Stella, que veio à capital gaúcha pela primeira vez.
Jornal do Comércio – Qual o objetivo da sua presença no Brasil?
Stella Li - Viemos aqui para trazer uma mensagem do comprometimento da BYD com o mercado brasileiro no sentido de ajudar o futuro dos carros elétricos.
JC – Qual a participação do Brasil no cenário da eletrificação?
Stella - O Brasil tem um grande potencial, até nos surpreendemos. Há cerca de um ano, a penetração de carros elétricos era de 0,8%. Em novembro passado, chegou a 3,6%. Começamos a ver uma alta procura por eletrificação. E as pessoas começaram a acreditar nos carros elétricos, na economia, viram os benefícios da tecnologia ao meio ambiente. E viram que não precisam se preocupar sobre o carregamento, que era algo que gerava ansiedade.
JC – Vocês estão conseguindo atender a demanda?
Stella - Se tornou muito popular. Nem temos mais carros em estoque. Isso nos deu confiança no Brasil, no sentido de que as pessoas gostam da tecnologia. O Song Plus DM-I está esgotado, já que nossas vendas crescem diariamente. Temos muita gente esperando. Mas acredito que em janeiro tudo estará resolvido. Não esperávamos uma demanda tão forte. Os veículos vêm da China, mas muito em breve serão produzidos aqui.
JC – Quais os detalhes da fábrica brasileira?
Stella - Nossa meta é terminar os procedimentos de aprovação em fevereiro, na segunda metade, para iniciar a construção.

JC – Como o carro elétrico tem atraído os consumidores?
Stella - Nosso time de marketing fez um cálculo: se você dirige o Dolphin por 15.000 quilômetros por ano, a economia equivalente é de 22 árvores. Isso significa que você aproveita o carro, tem karaokê, controle por voz, o preço é acessível, e você contribui com o meio ambiente. As pessoas podem se sentir orgulhosas de dirigir um BYD.
JC – Em relação ao preço? Cairá?
Stella - Sim, é o que a BYD está fazendo. Em 2024, vamos apresentar um modelo mais acessível ao mercado, o Dolphin Mini.
JC – Como funcionou a popularização dos veículos elétricos na China?
Stella - Hoje, a penetração está em 40%. Levou 10 anos para chegar ao primeiro 1%. Depois, 3 anos para passar de 1% a 5%. E em dois anos, saltou de 5% para 10%. Agora está com crescimento acelerado.