A adoção da geração distribuída (em que o consumidor produz a sua própria energia, algo que foi muito propagado no Brasil através da instalação de painéis solares fotovoltaicos) já representou um salto no que diz respeito à independência dos usuários de eletricidade. Agora, a próxima etapa para elevar ainda mais a liberdade nesse setor é a utilização de baterias para o armazenamento da geração de energia.
O tema será debatido em reunião da Frente Parlamentar da Mini e Micro Geração de Energia Renovável da Assembleia Legislativa gaúcha, na próxima quinta-feira (14). O assessor técnico da Frente, Zelmute Marten, lembra que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está com uma consulta pública aberta para debater o assunto, que receberá contribuições até o dia 18.
Conforme o órgão regulador, os sistemas de armazenamento são equipamentos que conseguem guardar energia elétrica, proveniente de um gerador ou da rede elétrica, para uso posterior, aumentando dessa forma a confiabilidade e flexibilização da operação. Um exemplo são as baterias de lítio íon, entre outras tecnologias já desenvolvidas ou em desenvolvimento.
Uma das vantagens dessa solução é favorecer a expansão da geração pelas fontes solar e eólica, pois essas produções variam de acordo com as condições climáticas. Entretanto, com o armazenamento, o consumidor poderá aproveitar essa eletricidade em qualquer momento. Com baterias de grande porte, é possível guardar um volume maior de energia. Marten destaca que o sistema de armazenamento permite ao consumidor a operação off-grid (isolado da rede elétrica).
Hoje, a geração por sistemas fotovoltaicos instalados em telhados de residências ou estabelecimentos comerciais injeta energia na rede e o consumidor/produtor dessa eletricidade recebe créditos da concessionária local que são utilizados quando o equipamento não tem as condições de produzir, como em dias com chuva ou no período da noite. Esses créditos são abatidos da conta de luz, em um sistema chamado de on-grid (conectado à rede elétrica).
“Esse contexto está proporcionando uma série de controvérsias desde o seu início”, destaca o integrante da Frente Parlamentar da Mini e Micro Geração de Energia Renovável. A discussão está focada no custo do uso da rede elétrica das distribuidoras para injetar essa energia. As concessionárias defendem que a utilização da estrutura precisa ser remunerada adequadamente por isso. Com o armazenamento, Marten enfatiza que essa questão pode ser equacionada, já que o consumidor, em princípio, não precisará mais “jogar” energia na rede e um novo mercado começará a tomar forma.