Já quase finalizando 2023, a estimativa da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) é que o PIB estadual feche o ano com um incremento de 2,5%. Para o Brasil, a perspectiva é de um desempenho um pouco melhor para a economia, uma elevação de 2,8%. Porém, para o próximo ano, a entidade projeta um crescimento de 4,7% para o PIB gaúcho, bem maior que a expectativa do País que é de 1,5%.
Os percentuais foram divulgados nesta quinta-feira (30), durante apresentação do balanço de 2023 e perspectivas de 2024 da Fiergs. O economista-chefe da instituição, Giovani Baggio, explica que a previsão desse maior crescimento do PIB do Rio Grande do Sul baseia-se na expectativa da recuperação da safra agrícola gaúcha. Ele lembra que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) espera uma produção de aproximadamente 41 milhões de toneladas de grãos para o próximo ano e em 2023 a estimativa é fechar em 28 milhões de toneladas.
Apesar da perspectiva de crescimento, Baggio frisa que 2024 será rodeado por muitas indefinições. "Na última ata do Banco Central a palavra incerteza apareceu 12 vezes, um recorde", afirma o economista. Por sua vez, o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, ressalta que 2023 foi um ano difícil. "E no final do ano recebemos o presente do governador (Eduardo Leite) da proposta de subir as alíquotas de ICMS", comenta o dirigente.
Sobre a possibilidade de que o aumento de imposto seja barrado e, nesse caso, o governo adote como “plano B” cortar incentivos fiscais, Petry alerta que, se uma empresa perde capacidade competitiva em um local, essa companhia acaba buscando outros lugares para operar. “É uma escolha de Sofia, mas no final tudo se decide na prateleira do supermercado (quem oferece o produto mais barato)”, argumenta o presidente da Fiergs.
Petry cita ainda uma nota técnica publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que assinala que os estados atribuírem à reforma tributária nacional (PEC 45/2019) como justificativa para elevar as alíquotas do ICMS, não é algo adequado. De acordo com o documento, o principal motivo seriam as leis complementares 192 e 194, do ano passado, que impactaram a arrecadação dos estados ao efetivarem mudanças na cobrança do ICMS sobre combustíveis e imporem uma alíquota máxima para bens e serviços essenciais.
Ainda no cenário do Rio Grande do Sul, a Fiergs destaca que a boa safra de grãos esperada para 2023 sofreu os impactos da estiagem no início do ano. Contudo, devido à seca ter sido menos intensa que a verificada no ano anterior, a Agropecuária deve apresentar crescimento expressivo. A Indústria teve reflexos de uma conjuntura desfavorável que combinou juros altos e baixa confiança dos empresários. A produção industrial gaúcha registrou uma queda de 5,1% no acumulado do ano até setembro de 2023, contrastando com a estabilidade observada no Brasil como um todo.
Os segmentos de Refino de Petróleo e Biocombustíveis, Produtos de Metal e Máquinas e Equipamentos apresentaram os maiores impactos negativos no resultado. Os empresários industriais gaúchos salientaram a demanda interna insuficiente, a alta carga tributária e os juros como principais fatores para o resultado negativo observado. A baixa confiança empresarial ao longo de 2023 refletiu incertezas sobre fundamentos econômicos, especialmente no âmbito fiscal. Assim, as projeções iniciais de expansão da produção não se concretizaram como esperado e os reflexos negativos também foram observados nas exportações. Além disso, a chegada do El Niño trouxe prejuízos para toda a economia no segundo semestre.
Cenário Rio Grande do Sul:
PIB 2022: -5,2%
PIB 2023*: 2,5%
PIB 2024*: 4,7%
Cenário Brasil:
PIB 2022: 2,9%
PIB 2023*: 2,8%
PIB 2024*: 1,5%
*Projeções
Fonte: Fiergs
Cenário Rio Grande do Sul:
PIB 2022: -5,2%
PIB 2023*: 2,5%
PIB 2024*: 4,7%
Cenário Brasil:
PIB 2022: 2,9%
PIB 2023*: 2,8%
PIB 2024*: 1,5%
*Projeções
Fonte: Fiergs