Considerada como a mais importante fonte energética do futuro próximo, o mercado global de hidrogênio deve aumentar em torno de sete vezes até 2050, passando de 3.546 TWh para cerca de 26 mil TWh. O chamado hidrogênio verde (fabricado a partir de gerações renováveis de energia, como a solar e a eólica) deve ser o principal responsável por essa evolução, contribuindo com as metas de descarbonização do planeta.
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A projeção foi apresentada nesta quinta-feira (16) pelo CEO da thyssenkrupp, Paulo Alvarenga, em reunião-almoço promovida pela Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul, no Hilton Porto Alegre Hotel. O dirigente frisa que até 2050 a perspectiva é que o hidrogênio possa ser responsável por 20% da matriz energética mundial. Para comparar a relevância desse percentual, Alvarenga, que também é presidente da Câmara Brasil-Alemanha em São Paulo, recorda que até 2020 o petróleo representava em torno de 25% da matriz.
O hidrogênio é um elemento químico que pode ser aproveitado de forma energética, contudo, como ele não ocorre isolado na natureza, é necessário realizar alguns procedimentos para a sua obtenção como, por exemplo, a eletrólise da água (separando o hidrogênio do oxigênio, através da eletricidade). Ao se obter o hidrogênio puro, é possível aproveitá-lo para ações como armazenar e gerar energia por meio de células de combustível (em veículos de pequeno, médio e grande porte, como automóveis e caminhões), e pode servir como insumo para a produção siderúrgica, química, petroquímica, agrícola, alimentícia e de bebidas e para aquecimento de edificações.
Apesar de ser uma das melhores opções para diminuir as emissões de CO2 no planeta, fundamentalmente substituindo os combustíveis fósseis veiculares, o título de “verde” para o hidrogênio produzido depende do tipo de geração de energia utilizada para separá-lo. Se forem usadas fontes renováveis, como a solar e a eólica, maior será a contribuição do procedimento para o cenário ambiental. O hidrogênio também pode ser alcançado por outras origens, como o gás natural, entretanto, nesse caso, ele é considerado como “cinza”.
Especificamente quanto ao hidrogênio verde, o CEO da thyssenkrupp considera o combustível como uma grande oportunidade para o Brasil. O executivo argumenta que o País pode ajudar a descarbonizar seus processos industriais, assim como os de outras nações. Ele ressalta que cerca de dois terços do custo do hidrogênio verde vêm do valor da matéria-prima que é a eletricidade renovável, recurso que o Brasil possui em abundância.
O CEO da thyssenkrupp salienta que o uso da energia também tem implicações geopolíticas e, provavelmente, o mundo deverá buscar diversificar a produção de hidrogênio verde, diferentemente do que houve no setor do petróleo. “Vai passar por um jogo de xadrez, que vai além do aspecto puramente econômico”, prevê Alvarenga.
No Brasil, o executivo lembra que a thyssenkrupp, com a empresa Unigel, está envolvida na construção de uma fábrica de hidrogênio verde em Camaçari, na Bahia. Na primeira fase, a planta, que deve operar a partir de 2024, está projetada para gerar 60 MW e absorver cerca de US$ 120 milhões em investimentos. O dirigente detalha que a meta é produzir no final, a partir do hidrogênio, a amônia verde (usada na cadeia de fertilizantes).
Apesar de todo o potencial do combustível, Alvarenga salienta que é preciso que o hidrogênio verde conte com políticas de apoio, nesse primeiro momento, para poder se desenvolver. Ele aponta que existe um dilema quanto à demanda. “Não é competitivo porque não tem escala e não tem escala porque não é competitivo”, argumenta o executivo. O representante da thyssenkrupp enfatiza que o hidrogênio verde está partindo do zero em uma concorrência contra outras fontes já estabelecidas, como o petróleo, que possuem uma infraestrutura e mercado formados há várias décadas.