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Publicada em 14 de Novembro de 2023 às 17:49

Refinaria de Rio Grande avalia investimento de US$ 750 milhões na produção de Combustível Sustentável de Aviação

Complexo gaúcho estima início da nova operação em 2027

Complexo gaúcho estima início da nova operação em 2027

Refinaria de Petróleo Riograndense/Divulgação Refinaria de Petróleo Riograndense/JC
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Jefferson Klein Repórter
Depois de ter comemorado recentemente o sucesso do primeiro teste do projeto para se tornar uma biorrefinaria e gerar a partir de matérias-primas renováveis itens químicos que hoje têm origem fóssil, a Refinaria de Petróleo Riograndense (ex-Ipiranga, localizada no município de Rio Grande) analisa um novo empreendimento com temática ambiental semelhante. A empresa estuda produzir o Combustível de Aviação Sustentável (no inglês, SAF - Sustainable Aviation Fuel), o que significará um investimento em torno de US$ 750 milhões (hoje, o equivalente a cerca de R$ 3,6 bilhões) no aprimoramento do complexo gaúcho.
Depois de ter comemorado recentemente o sucesso do primeiro teste do projeto para se tornar uma biorrefinaria e gerar a partir de matérias-primas renováveis itens químicos que hoje têm origem fóssil, a Refinaria de Petróleo Riograndense (ex-Ipiranga, localizada no município de Rio Grande) analisa um novo empreendimento com temática ambiental semelhante. A empresa estuda produzir o Combustível de Aviação Sustentável (no inglês, SAF - Sustainable Aviation Fuel), o que significará um investimento em torno de US$ 750 milhões (hoje, o equivalente a cerca de R$ 3,6 bilhões) no aprimoramento do complexo gaúcho.
“A nossa ideia é esse projeto, sendo aprovado, entrar em operação no início de 2027”, revela o gerente de novos negócios da Refinaria de Petróleo Riograndense, João Luis Sobreiro Bulla. A perspectiva é de alcançar uma capacidade instalada de aproximadamente 800 mil toneladas ao ano do combustível, que tem como principal finalidade reduzir as emissões de gases de efeito estufa no segmento da aviação.
O executivo detalha que a matéria-prima para fabricar o SAF são glicerídeos, que podem ser oriundos, por exemplo, do óleo de soja, gordura animal e óleo reciclado. “O mais importante é que sejam matérias-primas sustentáveis, certificadas, para que o produto consiga atingir os mercados (que exigem essas condições)”, destaca o dirigente. Bulla acrescenta que o combustível poderá ser comercializado tanto no mercado interno como no externo.
Ele frisa que o Brasil deverá ser o grande fornecedor global de SAF, devido à sua enorme potencialidade quanto a matérias-primas. Mercado para o combustível não deve faltar. De acordo com o presidente da Airbus, Gilberto Peralta, são consumidos cerca de 400 bilhões de litros de querosene da aviação anualmente no mundo.
No entanto, Peralta alerta que para o SAF substituir o querosene, ele precisa ter um custo competitivo, pois cerca de metade do valor de uma passagem aérea, hoje, é por causa do item combustível. Além disso, o representante da Airbus ressalta que a aviação representa uma pequena parcela da emissão de CO2 no planeta, apenas 2,8% do total. “Não é uma indústria poluidora”, reforça o executivo.
Peralta e Bulla estiveram nesta terça-feira (14), em Porto Alegre, participando do Fórum Estadual de Investimentos promovido pela Federasul. Na ocasião, o superintendente de estratégia e transição energética da Be8 (antiga BSBios), Camilo Adas, também falou sobre combustíveis renováveis. Uma das iniciativas da companhia nessa área é o biocombustível Be8 BeVant, um metil éster bidestilado fabricado a partir de biodiesel. Com maior teor de éster, ele reduz em até 50% as emissões de CO (monóxido de carbono), em até 85% a emissão de materiais particulados e em até 90% de fumaça preta.
Para produzir esse biocombustível, a empresa vai investir R$ 50 milhões considerando a pesquisa, desenvolvimento e a construção de uma nova linha de produção em Passo Fundo com capacidade de 150 milhões de litros ao ano. Segundo Adas, a operação deve começar em 12 a 14 meses. A Be8 está implementando ainda no município gaúcho uma planta de etanol (anidro ou hidratado) que terá capacidade para 220 milhões de litros ao ano e deve iniciar as atividades comerciais no segundo semestre de 2024. A matéria-prima que será aproveitada nessa ação serão cereais de inverno como trigo, triticale e milho.
Também presente no encontro da Federasul, o presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, salientou que, apesar do Estado ter diversidade de fontes energéticas, ele continua sendo um “importador” de energia de outras regiões do País. Uma situação que pode mudar esse panorama são os projetos eólicos offshore (mar) que podem se instalar na costa gaúcha.
Sari recorda que tramitam no Ibama, em busca de licenciamento ambiental, empreendimentos eólicos offshore a serem implementados no Estado que somam em torno de 65 mil MW de capacidade instalada (o suficiente para atender à demanda elétrica média de mais de 15 estados como o Rio Grande do Sul). “E temos um alto potencial de recursos eólicos também em lagoas”, acrescenta o presidente Sindienergia-RS. Somente na Lagoa dos Patos haveria capacidade para a instalação de cerca de 24,5 mil MW eólicos.

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