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Publicada em 14 de Novembro de 2023 às 14:01

Ceitec vai levar sete anos para alcançar independência orçamentária, prevê ministra

Luciana Santos (em pé) sinalizou a possibilidades de parcerias do Ceitec com empresas como WEG, BYD e Intelbras

Luciana Santos (em pé) sinalizou a possibilidades de parcerias do Ceitec com empresas como WEG, BYD e Intelbras

TÂNIA MEINERZ/JC
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Lívia Araújo
A ministra da ciência e tecnologia Luciana Santos (PCdoB), previu que o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec), cuja operação foi retomada a partir desta terça-feira (14), deve levar sete anos de funcionamento a pleno para atingir independência financeira, deixando de depender do orçamento federal. Luciana também revelou que a meta da estatal é de alcançar 7% do mercado latino-americano nesse mesmo período. 
A ministra da ciência e tecnologia Luciana Santos (PCdoB), previu que o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec), cuja operação foi retomada a partir desta terça-feira (14), deve levar sete anos de funcionamento a pleno para atingir independência financeira, deixando de depender do orçamento federal. Luciana também revelou que a meta da estatal é de alcançar 7% do mercado latino-americano nesse mesmo período. 
A afirmação foi feita em cerimônia na sede da empresa, na Lomba do Pinheiro, zona Leste de Porto Alegre. Segundo Luciana, a empresa deve desenvolver uma nova rota tecnológica com base na capacidade instalada atual, mas baseada na eletrificação veicular automotiva e na transição energética, apostando também na produção de semicondutores de carbeto de silício, que contam com vantagens como maior resistência térmica.
”A eletrificação veicular está em grande expansão, com 34% de crescimento ao ano no mundo. Precisamos nos adaptar a esse aumento de demanda por chips de carbeto de silício, que superará a oferta existente. É uma janela de oportunidades a partir de 2027, quando estaremos aptos a entrar no mercado. Há o interesse de estabelecer parcerias com bancos e empresas como WEG, BYD e Intelbras. Ao todo são seis empresas com quem estamos conversando", disse.
Para isso, o Ceitec contará com um aporte de R$ 110 milhões que serão incluídos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, e voltados ao upgrade da empresa para adequá-la a este novo momento.
O Decreto nº 11.478, de 6 de novembro de 2023, autorizou a reversão da liquidação da empresa e estabeleceu a retomada operacional. A expectativa é que isso reduza os riscos de perdas relativas às instalações, máquinas e equipamentos, além de permitir o reingresso da empresa pública no mercado e a retomada dos negócios. Em reunião na sexta-feira passada (10), a empresa reuniu seu conselho e escolheu o então liquidante da empresa, Augusto Cesar Gadelha Vieira, como o novo presidente.
Durante o período de liquidação, iniciado em 2020, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a empresa pública, a empresa reduziu seu quadro funcional de 120 para 70 funcionários, que mantiveram a operação em um modo de "hibernação" para que a área de produção permanecesse em condições de funcionamento. Segundo a ministra, desde a criação da Ceitec, em 2008, foram produzidos 245 milhões de chips, principalmente o chamado "chip do boi", além do registro de 45 patentes.
Vieira destacou a importância de o Brasil ser parte do grupo de países fabricantes de semicondutores. “Precisamos dar a certeza de que a empresa vai deslanchar e atrair investidores para o nosso país. É necessário ter sementes como o Ceitec, pesquisadores e empresários que apostam aqui”, salientou. “A área de semicondutores é complexa, precisa de investimentos massivos, além da competência de talentos locais, mas isso não se consegue só nos bancos da escola. Temos design e back-end, que são importantes, mas falta a criar a capacidade para a fabricação de chips, e a isso que o Ceitec se propõe”, complementou.
A secretária estadual de Inovação, Ciência, e Tecnologia, Simone Stülp, que representou o governador Eduardo Leite (PSDB) na cerimônia, saudou o reinício das operações do Ceitec, pontuando que a empresa é “uma peça fundamental para a construções do programa Semicondutores RS”. “É necessário um conjunto de políticas públicas para colocar esse setor em uma posição global, que possibilite que nosso estado se torne apto para competir. E, para isso, é necessária a capacitação de cérebros. Tivemos perdas nesse sentido e queremos atrai-los novamente e ter mais formação de pessoas. Para isso, é importante trabalhar com uma lógica de transferência de tecnologia com universidades e empresas, criando um ambiente de inovação e favorável a projetos”, disse.

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