As primeiras aeronaves DA62 bimotor com sete lugares, da empresa Aeromot, serão montadas em um hangar (que está sendo reformado) dentro do Aeroporto Internacional Salgado Filho a partir do segundo semestre de 2024. A estrutura denominada "Fábrica Ponte" entrará em funcionamento antes da inauguração do complexo AeroCiti - Aero Centro Integrado de Tecnologia e Inovação, no Distrito Industrial de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, previsto para o final de 2025. Os detalhes da construção do Hangar, em Porto Alegre, e do complexo industrial, em Guaíba, foram apresentados pelos irmãos Guilherme Cunha, CEO da Aeromot S.A, e Cristiane Cunha, vice-presidente da Aeromot S.A, que participaram nesta quarta-feira (8) do Tá na Mesa da Federasul onde abordaram o tema "Aerociti e as novas oportunidades para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul".
Segundo Cristiane Cunha, as primeiras aeronaves DA62 serão produzidas ainda em Porto Alegre e, depois da conclusão das obras da unidade em Guaíba, toda a operação da Aeromot que atua em conjunto com a empresa austríaca Diamond será transferida para a Região Metropolitana. Com um investimento de R$ 300 milhões, o CEO Guilherme Cunha informou que a primeira parte do complexo AeroCiti está previsto para ser inaugurado no final de 2025. "Vamos inaugurar a fábrica de aeronaves da Aeromot e a pista em um área de 100 hectares no município de Guaíba", destaca. Conforme Cunha, o investimento da empresa com o Aero Citi nos próximos dez anos poderá chegar a R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões com infraestrutura e empresas satélites.
A segunda parte das obras do complexo AeroCiti em Guaíba terá ainda um Hub de tecnologia, empresas sistemistas e uma área de convivência destinada a comunidade - um museu aberto. A área total disponibilizada a empresa Aeromot em Guaíba é de aproximadamente 400 hectares. Para conceder o terreno a empresa, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico fez uso do dispositivo chamado "cessão onerosa", onde seria construída a fábrica da Ford, no Distrito Industrial de Guaíba.
O contrato foi assinado em setembro do ano passado pelo governo do Estado e foi criado especialmente para este caso, mas a iniciativa poderá ser aproveitada para contratos futuros. Segundo Cunha, a entrada em funcionamento da fábrica em Guaíba deverá resultar em 1,5 mil empregos diretos e indiretos. "Temos um acordo a cumprir com a Diamond de produção da aeronave ainda em 2024. Por isso, o projeto da Fábrica Ponte no aeroporto Salgado Filho", ressalta. A Diamond produz aeronaves na Áustria, no Canadá e na China. Com a fábrica no Rio Grande do Sul, conforme Cristiane Cunha, a ideia é atender o mercado da América Latina. "A aviação no Brasil é a segunda maior frota do Mundo e em número de voos - só perde para os Estados Unidos", acrescenta o CEO da Aeromot S.A.
De acordo com Cunha, o mercado de aviação geral no Brasil cresce 3,2% ao ano, e atingirá uma receita de R$ 3,4 bilhões em 2025. A receita global de aeronaves a pistão deve crescer 4,1% até 2028, atingindo US$ 1,15 bilhão. "A frota de aviação executiva cresceu 227 aeronaves no ano passado e as aeronaves particulares representam 65% da frota ativa e 5% são de táxi aéreo", ressalta.
A Aeromot é a responsável exclusiva, no Brasil, pela distribuição e pelo centro de serviços autorizado da Diamond Aircraft, que fabrica diversos tipos de aeronaves. Hoje, a Diamond possui sede na Áustria e instalações no Canadá e na China. De acordo com Cunha, o modelo DA62 é referência de mercado em tecnologia, segurança e economia. No Brasil, já corresponde, desde 2020, a mais de 86% das entregas de bimotores a pistão novos – fator que foi determinante para a vinda da fábrica das aeronaves para o país.
O mercado de atuação da empresa Aeromot é para órgãos de segurança pública, Forças Armadas, órgãos governamentais, empresas de táxi aéreo, escolas de pilotagem, aviação agrícola, geral e executiva. Conforme Cristiane Cunha, a aviação geral complementa a oferta de voos da aviação comercial, com aviões menores, o que acaba por criar um serviço especializado e que atende a demandas regionais e nichos específicos de clientes.