Cresce número de bares e restaurantes gaúchos operando em prejuízo

Principais motivos apontados pela pesquisa da Abrasel são redução do número de clientes, queda nas vendas, dívidas com impostos e taxas e até condições climáticas do mês

Por JC

Setor estima salto de vendas e de movimento também no semestre
Em busca da recuperação, o setor de Alimentação Fora do Lar voltou a ter uma queda no desempenho que alcançava em 2023. De acordo com a pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 23% dos estabelecimentos gaúchos fecharam agosto no vermelho. Apesar do índice ficar abaixo da média nacional, o número representa um aumento de 4% em relação ao último levantamento. As informações são da Assessoria de Imprensa da Abrasel. 

"Infelizmente agosto voltou a ter queda de faturamento, com diminuição das vendas e redução de clientes, o que pode ser um indicativo da situação econômica", aponta João Melo, presidente da Abrasel no RS, que completa. "Setembro também deverá seguir essa linha por causa dos eventos climáticos e os feriados, o que nos deixa em alerta para os próximos meses, especialmente em Porto Alegre".

Entre as razões atribuídas à queda no desempenho estão a redução do número de clientes (79%), queda nas vendas (75%), dívidas com impostos e taxa (54%), eventos climáticos que reduziram o fluxo de público (46%), dívidas com empréstimos e custos relacionados à localização como aluguel, conservação, reformas e afins (37%). João Melo também aponta o fim do período de férias como outro fator que influenciou.

"Em julho, as pessoas costumam tirar férias e isso nos traz um resultado melhor. Em agosto teve uma leve queda por conta do fim deste período de recesso que marca o inverno", contextualiza.

O levantamento também aponta que 4 em cada 10 estabelecimentos gaúchos tiveram lucro, índice que já atingiu mais da metade do setor em junho. Outros 36% ficaram em equilíbrio.

"A expectativa é de movimentação na reta final do ano, sendo época de grandes festividades e maior presença de público nos estabelecimentos. Não é possível dizer que o movimento dos últimos meses pode salvar o ano, pois detalhes como as chuvas de setembro influenciam no resultado final", define João.

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No cenário nacional, a pesquisa mensal de serviços divulgada pelo IBGE na terça-feira, dia 17, trouxe más notícias para o setor de alojamento e alimentação, no qual os bares e restaurantes representam 90% do total. Em agosto, houve uma queda de -3,5% no volume desse setor, contribuindo para a queda geral nos serviços do País, que foi de -0,9% no mesmo mês. No entanto, nos últimos doze meses, o volume no setor de alojamento e alimentação apresenta uma variação positiva de 6,8%, superando a média geral, que é de 5,3%.

Corroborando com os números do IBGE, pesquisa da Abrasel mostra que no mês de agosto houve um aumento notável no número de empresas que operaram no prejuízo, atingindo 24% das empresas pesquisadas. Esse aumento foi de 5% em relação à pesquisa anterior realizada em julho. Além disso, 34% das empresas conseguiram manter seu equilíbrio financeiro, enquanto 41% registraram lucro.

“Os empresários, em nossa pesquisa, apontaram a queda no volume de vendas em agosto como a principal causa para o resultado ruim. E a pesquisa do IBGE confirma esta percepção, mostrando uma queda forte no volume, o que nos preocupa. Precisamos acompanhar com atenção se foi uma variação sazonal ou se há uma tendência. Mas continuamos com a expectativa de que o final do ano traga um volume maior. De todo modo, é preciso atenção com estas empresas em dificuldades, principalmente as que ainda patinam para se recuperar das perdas causadas pela pandemia”, afirma o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
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A redução no volume de vendas também teve um impacto na inflação do setor, que registrou uma variação positiva de 0,12% em setembro, de acordo com dados do IPCA divulgados pelo IBGE. Esse valor ficou abaixo da média da inflação para o mês, que foi de 0,26%. Nos últimos 12 meses, os aumentos nos preços de bares e restaurantes estão praticamente em linha com a média geral de inflação, com um aumento de 5,42%, comparado a 5,19% do índice geral. Isso mostra que houve pouco espaço para uma recuperação nos preços dos cardápios, refletindo também a situação desafiadora enfrentada pelo setor.

“A queda no volume de vendas é muito ruim para quem ainda está trabalhando com margens apertadas, uma herança dos tempos difíceis que tivemos recentemente. Houve uma pequena recuperação nos últimos doze meses, mas isso ainda não é o suficiente para melhorar a situação como um todo e permitir, aos 41% que estão trabalhando com lucro, pensar em aumento de quadro e novos investimentos, como gostaríamos”, completa o presidente da Abrasel.