Brasil é competitivo e atraente em sustentabilidade, diz embaixador na Alemanha

Diplomata avalia que Feira de Anuga é boa oportunidade para vender produtos com valor agregado

Por JC

CNI Roberto Jaguaribe
Guilherme Kolling, de Düsseldorf

O embaixador do Brasil na Alemanha, Roberto Jaguaribe, palestrou para a delegação brasileira em seminário preparatório à Feira de Anuga. Na noite da véspera do evento, a comitiva se reuniu em um hotel em Düsseldorf, cidade vizinha a Colônia, onde ocorre o evento.

VÍDOE JC Notícias: Veja o que disse o embaixador 



Diplomata experiente em negociações de comércio exterior, Jaguaribe foi presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex, de 2016 a 2019. Ele observou o interesse e a boa vontade da Alemanha com o Brasil neste ano, destacando que a maior economia do bloco europeu dá fortes sinais de ser favorável ao acordo de livre comércio entre União Europeia (UE) e Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Em abril, o tema esteve em pauta na Feira de Hannover, quando o primeiro-ministro alemão Olaf Scholz citou a importância da UE tirar do papel o acordo com o Mercosul. Jaguaribe destacou outros sinais da diplomacia alemã, em sua palestra, e disse que o Brasil está fazendo sua parte, ao melhorar sua imagem em relação à questão ambiental.

Neste aspecto, o embaixador ressaltou que a sustentabilidade é um eixo central para os negócios, inclusive para agregar valor de mercado. Nesse sentido, ele avalia que o Brasil é competitivo e atraente. “A Feira de Anuga é a maior feira de alimentos do mundo. E o Brasil já é uma das maiores potencias agroambientais do mundo”, avaliou o embaixador, ao comentar para a reportagem a importância da participação da delegação brasileira.

Entretanto, é preciso que isso seja visto também nas “narrativas” sobre o Brasil em solo europeu. A redução do desmatamento já está sendo entendida como um bom sinal, o que ajuda nos negócios.

Jaguaribe sustenta que o Brasil é sustentável, pela sua matriz energética de fonte renovável, bem como pela produção e uso crescente de biocombustíveis. Isso ajuda a melhorar a imagem do País e também auxilia nos negócios, inclusive do setor de alimentação. “A própria Feira de Anuga é um exemplo em que dá para oferecer produtos com valor agregado”, apontou.

Jaguaribe reiterou que agora o Brasil precisa de uma narrativa mais positiva, que corresponda à verdade. Para ele, há versões falsas sobre o cenário nacional. “Como a ideia de que a agricultura brasileira é bem-sucedida pela destruição da floresta. Não é verdade. A agricultura brasileira é bem-sucedida pelas nossas riquezas naturais, pela competência técnica (na produção) e pela pesquisa.”

O embaixador admite que o Brasil “fez bobagens com a floresta”, mas está deixando de fazer, ganhando com isso credibilidade política e técnica. “O maior indicador de credibilidade para o mundo europeu é a redução de desmatamento. E em oito meses (janeiro a agosto), o desmatamento caiu 48%, o que já repercute na Europa”, concluiu.