Pedro Carrizo, especial JC*
Com início há 50 anos, a fábrica da Philip Morris Brasil (PMB) em Santa Cruz do Sul (RS) é hoje benchmark para todas unidades fabris da multinacional, conhecida como fabricante do Marlboro. Isso porque, do ponto de vista logístico, o complexo industrial reúne todos os componentes na mesma região, o que traz diferencial competitivo: do cultivo do tabaco, passando pela embalagem dos maços e o produto final, tudo é produzido no Estado. A operação em Santa Cruz também tem sido referência para o novo posicionamento global da Philip Morris, baseado em boas práticas de ESG e na criação de um pool de produtos de risco reduzido, em substituição aos cigarros convencionais.
"Estamos em um processo global de transformação dos negócios, de produto e de nossas operações. Minha missão é implantar o processo produtivo necessário para a fabricação do novo portfólio em Santa Cruz, mas também mudar a cultura em direção à manufatura flexível e autonomia na gestão do trabalho", explica Diego Martinez, diretor de operações da PMB, em entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio.
Com 14 anos de atuação na multinacional, o argentino assumiu há poucos meses a operação brasileira para estabelecer a nova metodologia em Santa Cruz do Sul, que vai permitir a guinada rápida da produção de cigarros para outros produtos a base de nicotina, como gomas de mascar e o IQOS - uma espécie de vaper de tabaco aquecido.
Na prática, a empresa vem se adequando para, caso a Anvisa libere a comercialização desses novos produtos de risco reduzido no Brasil, a PMB esteja pronta para iniciar rapidamente a fabricação.
"A qualidade do tabaco produzido na América do Sul, sobretudo no Rio Grande do Sul, é muito boa para a estabilidade que buscamos nos produtos de risco reduzido. Por isso, o Brasil está assumindo um papel preponderante nessa transformação para novos produtos, sendo um grande exportador de tabaco para outras unidades", diz Martinez. Mais de 50% do tabaco utilizado nos produtos sem fumaça da Philip Morris International tem origem gaúcha.
Além disso, a Philip Morris caminha para melhorar sua imagem global perante os consumidores, diante da queda vertiginosa na aceitação do cigarro. Tanto é, que uma das metas internacionais da empresa é a eliminação por completo dos cigarros, mas não define para quando.
"Estamos em um processo global de transformação dos negócios, de produto e de nossas operações. Minha missão é implantar o processo produtivo necessário para a fabricação do novo portfólio em Santa Cruz, mas também mudar a cultura em direção à manufatura flexível e autonomia na gestão do trabalho", explica Diego Martinez, diretor de operações da PMB, em entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio.
Com 14 anos de atuação na multinacional, o argentino assumiu há poucos meses a operação brasileira para estabelecer a nova metodologia em Santa Cruz do Sul, que vai permitir a guinada rápida da produção de cigarros para outros produtos a base de nicotina, como gomas de mascar e o IQOS - uma espécie de vaper de tabaco aquecido.
Na prática, a empresa vem se adequando para, caso a Anvisa libere a comercialização desses novos produtos de risco reduzido no Brasil, a PMB esteja pronta para iniciar rapidamente a fabricação.
"A qualidade do tabaco produzido na América do Sul, sobretudo no Rio Grande do Sul, é muito boa para a estabilidade que buscamos nos produtos de risco reduzido. Por isso, o Brasil está assumindo um papel preponderante nessa transformação para novos produtos, sendo um grande exportador de tabaco para outras unidades", diz Martinez. Mais de 50% do tabaco utilizado nos produtos sem fumaça da Philip Morris International tem origem gaúcha.
Além disso, a Philip Morris caminha para melhorar sua imagem global perante os consumidores, diante da queda vertiginosa na aceitação do cigarro. Tanto é, que uma das metas internacionais da empresa é a eliminação por completo dos cigarros, mas não define para quando.
A história da empresa no Brasil remete à aquisição da Companhia de Fumos Santa Cruz em 1973, e a data de início da operação ocorreu em 25 de setembro daquele ano.
Unidade se tornou carbono neutra no ano passado
Martinez destaca investimento de R$ 2,7 milhões em ações socioambientais
philip morris/divulgação/jc
Dentre as apostas do novo posicionamento, estão investimentos robustos na mudança da matriz energética e demais práticas ESG, onde a unidade em Santa Cruz do Sul tem sido destaque. Entre 2021 e 2022, foram investidos cerca de R$ 2,7 milhões em programas socioambientais.
A fábrica gaúcha se tornou carbono neutra em 2022, fruto do aporte de uma caldeira de biomassa e a compensação ambiental de aproximadamente 1,8 mil toneladas de resíduos. Outra frente foi a redução de cerca de 30% no consumo da água da planta em Santa Cruz, o que resultou na Certificação da Alliance for Water Stewardship (AWS) Platinum. “A unidade foi a primeira da empresa a conquistar o selo e acredito que seja a única indústria do Brasil a tê-lo”, aponta Diego Martinez, diretor de Operações da Philip Morris Brasil.
Em 2022, foram comprados 1.800 créditos de carbono para neutralizar as emissões referentes a 2021. Em 2023 já está em processo a neutralização das emissões referentes a 2022.
Desde 2008, a empresa investiu mais de US$ 10.5 bilhões no desenvolvimento de produtos sem fumaça a nível internacional. Eles representaram aproximadamente 35,4% da receita líquida total da PMI para o segundo trimestre de 2023. Um dos compromissos é garantir que até 2025 os produtos livres de fumaça representem pelo menos 30% do volume de vendas e mais da metade da receita líquida.
Em 2013, a empresa concluiu um investimento de R$ 124 milhões para unificar as etapas produtivas e instalou em Santa Cruz do Sul um dos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento mais modernos do mundo. A fábrica abastece tanto o mercado nacional quanto o internacional.
O diretor de operações acrescenta ainda que a planta gaúcha é a primeira do continente americano a conquistar o nível mais avançado de manufatura flexível - que permite mudar rapidamente a linha de fabricação. “Santa Cruz lidera a implementação do conceito, principalmente, porque todos os componentes estão próximos e os colaboradores passam por diversas capacitações, no sentido de estarem preparados para a fabricação de produtos sem fumaça”, diz Martinez.
Para os próximos 50 anos, Martinez projeta que a PMB se transforme em uma unidade multicategoria, que adapta rapidamente os processos produtivos conforme a demanda de consumo, o que depende ainda do aval do governo. “Diferente dos últimos anos, onde as plantas eram focadas em apenas um tipo de produto, esperamos ter um pool de mercadorias em um futuro próximo no Brasil”, explica.
Segundo dados da empresa, são mais de 21 famílias produtoras de tabaco na operação nacional, sendo 2,9 mil fornecedores diretos, que geram mais de 37,5 toneladas do produto para a PMB ao ano- 67% proveniente da agricultura familiar. Embora a Philip Morris não divulgue o volume de produção, a planta de Santa Cruz é focada apenas em produtos convencionais e toda operação no País envolve mais de 1750 trabalhadores diretos.
A fábrica gaúcha se tornou carbono neutra em 2022, fruto do aporte de uma caldeira de biomassa e a compensação ambiental de aproximadamente 1,8 mil toneladas de resíduos. Outra frente foi a redução de cerca de 30% no consumo da água da planta em Santa Cruz, o que resultou na Certificação da Alliance for Water Stewardship (AWS) Platinum. “A unidade foi a primeira da empresa a conquistar o selo e acredito que seja a única indústria do Brasil a tê-lo”, aponta Diego Martinez, diretor de Operações da Philip Morris Brasil.
Em 2022, foram comprados 1.800 créditos de carbono para neutralizar as emissões referentes a 2021. Em 2023 já está em processo a neutralização das emissões referentes a 2022.
Desde 2008, a empresa investiu mais de US$ 10.5 bilhões no desenvolvimento de produtos sem fumaça a nível internacional. Eles representaram aproximadamente 35,4% da receita líquida total da PMI para o segundo trimestre de 2023. Um dos compromissos é garantir que até 2025 os produtos livres de fumaça representem pelo menos 30% do volume de vendas e mais da metade da receita líquida.
Em 2013, a empresa concluiu um investimento de R$ 124 milhões para unificar as etapas produtivas e instalou em Santa Cruz do Sul um dos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento mais modernos do mundo. A fábrica abastece tanto o mercado nacional quanto o internacional.
O diretor de operações acrescenta ainda que a planta gaúcha é a primeira do continente americano a conquistar o nível mais avançado de manufatura flexível - que permite mudar rapidamente a linha de fabricação. “Santa Cruz lidera a implementação do conceito, principalmente, porque todos os componentes estão próximos e os colaboradores passam por diversas capacitações, no sentido de estarem preparados para a fabricação de produtos sem fumaça”, diz Martinez.
Para os próximos 50 anos, Martinez projeta que a PMB se transforme em uma unidade multicategoria, que adapta rapidamente os processos produtivos conforme a demanda de consumo, o que depende ainda do aval do governo. “Diferente dos últimos anos, onde as plantas eram focadas em apenas um tipo de produto, esperamos ter um pool de mercadorias em um futuro próximo no Brasil”, explica.
Segundo dados da empresa, são mais de 21 famílias produtoras de tabaco na operação nacional, sendo 2,9 mil fornecedores diretos, que geram mais de 37,5 toneladas do produto para a PMB ao ano- 67% proveniente da agricultura familiar. Embora a Philip Morris não divulgue o volume de produção, a planta de Santa Cruz é focada apenas em produtos convencionais e toda operação no País envolve mais de 1750 trabalhadores diretos.
Companhia defende manutenção da carga tributária ao cigarro
Assim como em diversas partes do mundo, o cigarro é o produto comercializado com maior incidência de impostos no Brasil, cuja tributação supera os 80% por carteira em alguns estados. A medida é usada globalmente para desestimular o consumo e aumentar a arrecadação, e conta com o aval da Philip Morris Brasil. A posição institucional da empresa é não defender a redução da tributação ao cigarro.
“No entanto, é importante destacar que o Brasil possui um preocupante problema de contrabando de cigarros. Não se espera, portanto, que a reforma tributária seja um instrumento que pressione e penalize ainda mais nossa cadeia de valor, começando nos produtores e terminando nos consumidores. Nossa tributação já é das mais elevadas no contexto internacional e não há margem na cadeia produtiva para acomodar qualquer aumento de carga tributária”, defende em nota.
“No entanto, é importante destacar que o Brasil possui um preocupante problema de contrabando de cigarros. Não se espera, portanto, que a reforma tributária seja um instrumento que pressione e penalize ainda mais nossa cadeia de valor, começando nos produtores e terminando nos consumidores. Nossa tributação já é das mais elevadas no contexto internacional e não há margem na cadeia produtiva para acomodar qualquer aumento de carga tributária”, defende em nota.