Desocupação de longo prazo é a menor para um segundo trimestre no RS desde 2012

Dos 330 mil desempregados no Estado no segundo trimestre, 22,6% estavam há pelo menos um ano em busca de trabalho

Por JC

Dos 330 mil desempregados entre abril e junho no Estado, 22,6% buscavam trabalho há mais de um ano
A desocupação de longo prazo, aquela em que a pessoa busca trabalho por período igual ou superior a um ano, chegou em 2023 no Rio Grande do Sul ao menor patamar para um segundo trimestre da série iniciada em 2012. Os dados foram divulgados no site do governo do Estado nesta quinta-feira (21). 
Dos 330 mil desempregados no Estado entre abril e junho, 22,6% estavam na situação, enquanto no mesmo período de 2022 o percentual era de 35,9% do total. Ao todo, o RS tinha 75 mil desocupados de longo prazo no segundo trimestre de 2023.

A queda na desocupação de longo prazo em relação ao mesmo período de 2022 também foi observada na média do Brasil (41,8% em 2022 para 34,6% em 2023), de São Paulo (40,3% para 32,6%) e do Paraná (35,1% para 30,7%). Dos estados da Região Sul, Santa Catarina teve queda maior em pontos percentuais, de 35% para 21%.

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Estes e outros dados relativos ao Rio Grande do Sul estão contemplados no Boletim de Trabalho. A publicação do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), foi elaborada pelos pesquisadores Guilherme Xavier Sobrinho e Raul Bastos a partir de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e do Novo Caged.

No segundo trimestre de 2023, a taxa geral de desocupação no Rio Grande do Sul foi de 5,3%, estável em relação ao primeiro trimestre do ano (5,4%) e abaixo do registrado no mesmo período de 2022 (6,3%).

“No segundo trimestre de 2023, a redução interanual da taxa de desocupação, de 1 ponto percentual, foi determinada exclusivamente pelo aumento do nível de ocupação, uma vez que concomitante à elevação da taxa de participação na força de trabalho”, explicou Bastos

Aspectos básicos do mercado de trabalho

O nível de ocupação, percentual de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade de trabalhar, alcançou 62,6% (62,3% no primeiro trimestre e 60,8% no segundo trimestre de 2022), o maior percentual entre os segundos trimestres de toda a série da PNAD Contínua, iniciada em 2012.

Além da taxa de desocupação, outros indicadores do mercado de trabalho do Rio Grande do Sul indicaram estabilidade no segundo trimestre de 2023, em relação aos primeiros três meses. A Taxa de Participação na Força de Trabalho (TPFT), indicador da porcentagem de pessoas em idade de trabalhar (14 anos ou mais) que estão empregadas ou em busca de trabalho, chegou a 66,1% no período de abril a junho, situação considerada estável em relação ao trimestre anterior (65,9%) e de aumento na comparação com o mesmo período de 2022 (64,8%).

Outro indicador da situação do mercado de trabalho, a taxa de informalidade no Rio Grande do Sul foi de 32,4% do segundo trimestre, próxima dos três primeiros meses do ano (32%) e do mesmo período de 2022 (32,8%). O rendimento médio real dos ocupados no mercado de trabalho no Estado foi de R$ 3.194, acima da média brasileira (R$ 2.921).

Mercado formal

Com dados referentes ao período de julho de 2022 e julho de 2023, a segunda seção do Boletim de Trabalho aponta para o crescimento de 2,5% no número de vínculos formais no Rio Grande do Sul, o que representa 67,2 mil novos postos. No país, a alta foi de 3,7% no mesmo período. O setor se Serviços, o mais representativo em número de vínculos, apresentou expansão de 4,3% no período, seguido do Comércio (2,6%) e Agropecuária (2,6%) como as maiores variações percentuais. A Indústria, que ocupa o segundo lugar em número de postos no RS, registrou alta de 0,5% no período, à frente apenas do segmento de Construção, que registrou queda de 0,3%.

Os empregos criados no Estado seguem indicando que os jovens com até 24 ocupam a maioria das novas vagas. Do saldo de 67,2 mil vínculos, a faixa etária entre 18 e 24 anos foi a responsável por preencher 51.966 postos. Em termos de escolaridade, 52.905 vagas foram ocupadas por pessoas com Ensino Médio completo e 12.126, com Ensino Médio incompleto.

Entre as Regiões Funcionais (RFs) para fins de planejamento, a RF 5, que abrange as áreas do Extremo Sul do Estado, como Pelotas e Rio Grande, foi a que apresentou a maior expansão percentual (4,7%), seguida da RF 9, composta por cidades das regiões do Alto da Serra do Botucaraí, Produção, Rio da Várzea, Médio Alto Uruguai, Norte e Nordeste (4,1%). A RF 3, da Serra Gaúcha, apresentou a menor variação (1,6%).

A edição de setembro de 2023 do Boletim do Trabalho traz ainda dados sobre os vínculos contratuais dos estrangeiros no Rio Grande do Sul. Dados de 2022 mostram que a Indústria é o segmento mais representativo da ocupação das pessoas de outras nacionalidades e representa 50,7% do saldo de 4.565 empregos formais, seguido do Comércio (21,6% do total) e Serviços (19,5%).
 
 
 

Extremo Sul gaúcho tem maior crescimento de empregos formais

Outra análise divulgada pelo Boletim de Trabalho do Rio Grande do Sul (RS) diz respeito às Regiões Funcionais, subdivisões do Estado para fins de planejamento. O estudo foi dividido em dois períodos, um anual, de julho de 2022 a julho de 2023, e um expandido, de julho de 2020 a julho de 2023. O maior crescimento de empregos formais nos últimos 12 meses ocorreu na RF5, que corresponde ao Extremo Sul do RS. A área que abriga Pelotas teve aumento de 4,7% nos vínculos empregatícios. Já o destaque negativo foi da Serra, a RF3, que cresceu apenas 1,7%.

O principal motivo para o crescimento significativo do índice na Região Sul no intervalo de um ano foi o desenvolvimento do mercado de construção de embarcações situado no município de São José do Norte. A cidade, sozinha, gerou mais de 2,2 mil vagas de emprego. Enquanto isso, o fraco rendimento da indústria colaborou para o baixo desempenho da Serra.

A Região Metropolitana não apresentou aumentos importantes no estudo, o que, segundo o pesquisador do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, Guilherme Xavier Sobrinho, tem relação com a desconcentração do crescimento do Estado.

"A Região Metropolitana tem sido, na série histórica, uma das áreas com menor crescimento. Isso tem relação com tendências de longo prazo que são reconhecidas em vários locais do Brasil e até em outros países, que é a de desconcentração. Nossos modelos de crescimento eram muito centrados nas metrópoles, mas isso tem sido gradativamente alterado", explica. Para Sobrinho, a falta de estímulo na área também colabora para a estabilidade.

O crescimento do Litoral na análise expandida, mas o desenvolvimento baixo na anual, representam uma tendência de atração de população, principalmente durante a pandemia. "Quando se acumulam três anos, os resultados das regiões são mais próximos, e a primeira colocada é o Litoral, em percentual de crescimento. Isso ocorreu em função da atração de população. Muitos aposentados, pessoas que resolveram ter mais qualidade de vida ou que tinham alguma segunda moradia lá, isso é um elemento que pesa", afirma.

Por fim, o pesquisador destaca que, assim como nas Unidades Federativas, o crescimento ocorreu em todas as Regiões Funcionais (RF), e a análise está sendo feita a partir das conjunturas de cada área. "Todas tiveram variações positivas, então estamos comparando intensidades de crescimento."

As regiões Funcionais são assim divididas: RF1 (Metropolitano do Delta do Jacuí, Centro Sul, Vale do Caí, Vale do Rio dos Sinos e Paranhana/Encosta da Serra); RF2 (Vale do Rio Pardo e Vale do Taquari); RF3 (Campos de Cima da Serra, Hortênsias e Serra); RF4 (Litoral Norte); RF5 (Sul); RF6 (Campanha e Fronteira Oeste); RF7 (Fronteira Noroeste, Missões, Noroeste Colonial e Celeiro); RF8 (Alto Jacuí, Central, Jacuí-Centro e Vale do Jaguari; RF9 (Alto da Serra do Botucaraí, Médio Alto Uruguai, Nordeste, Norte, Produção e Rio da Várzea).