A indústria Fontana, de Encantado, terceira maior arrecadadora de impostos no município, contabiliza um prejuízo de R$ 52 milhões com as enchentes que causaram destruição na região do Vale do Taquari, no início do mês de setembro.
Com 22 mil habitantes, o levantamento mostra a presença de 4.733 empresas na região de Encantado - microempresa (2.558); MEI (1.341); médio/Grande porte (566) e pequeno porte (278). Os dados fazem parte do dossiê produzido pela empresa sobre os efeitos do ciclone extra tropical que atingiu o Rio Grande do Sul.
As dez maiores empresa de Encantado são a Cosuel - Cooperativa dos Suinocultores de Encantado; Baldo S.A. Comercio Ind e Exportação; Fontana; Ind. Têxtil IPE; Divine Chocolates Finos; B T Indústria Gráfica Ltda; AERZ Química Industrial Ltda; DI Hellen Ind.de Cosméticos Ltda; Distribuidora Schmidt e Angélica Sfoglia Ltd
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Ângelo César Fontana, do Conselho de Administração da Fontana, destaca que a indústria de 270 funcionários não possui outras unidades produtoras no Rio Grande do Sul. "Estamos sem previsão de retomada das atividades tendo em vista os prejuízos causados em equipamentos e processadores de matéria prima, de pesagem, laboratórios, unidades de geradores, estações de tratamento de água, prédios e instalações de modo geral", ressalta. A indústria produz e distribui produtos de higiene e limpeza e óleos químicos, produzidos a partir do sebo bovino, em nível nacional e para o exterior. O faturamento anual da indústria de Encantado é de aproximadamente R$ 250 milhões por ano.
O integrante do Conselho de Administração afirma que a empresa tem relevância abrangente na vida dos funcionários, muitos dos quais tiveram as casas perdidas. "A indústria sempre exerceu grande impacto na geração de renda e riqueza do município", destaca. Dos 270 funcionários, 40 estão com suas casas comprometidas ou perdidas. Conforme Fontana, Encantado possui uma importância econômica para a região do Vale do Taquari em função da forte presença da cadeia produtiva da proteína animal, das cooperativas e das empresas de leite, suínos e aves. "A queda da cidade foi muito grande e vamos precisar de muita força para se reerguer", acrescenta.
Nos últimos quatro anos, segundo Ângelo César, a Fontana investiu R$ 40 milhões na aquisição de equipamentos. "No final de 2022, fizemos um investimento de R$ 17 milhões na compra de novas máquinas que por sorte ainda não chegaram. Os nossos equipamentos ficaram embaixo d'água e estão com muito barro", explica. Fontana informa que ainda não sabe quando a indústria conseguirá colocar as máquinas em funcionamento porque houve o deslocamento de tanques e da tubulação. "A nossa estimativa é tentar voltar a funcionar em até 40 dias", ressaltou.
Enchentes atingiram mais de 90 das das indústrias do Vale do Taquari
Pelo menos 93% das empresas de 11 municípios do Vale do Taquari foram afetadas diretamente pelas enchentes causadas pelo ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul em setembro. Os setores mais atingidos foram o do comércio (43%) e o de serviços (43%), seguidos pelo da indústria (14%). Destas empresas, 35% são de microempresários individuais (MEI), 59% micro empresas ou empresas de pequeno porte (ME e EPP) e 6% demais portes. Os dados fazem parte de um estudo feito pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, em parceria com a Junta Comercial do Rio Grande do Sul e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RS), que apresentou o diagnóstico do levantamento com 1.301 empresas, distribuídas em 11 municípios da região do Vale do Taquari. O estudo ocorreu de 18 a 22 de setembro.
Os municípios que receberam a pesquisa foram: Arroio do Meio, Bom Retiro Do Sul, Colinas, Cruzeiro Do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado, Muçum, Roca Sales, Taquari e Venâncio Aires. Dados mostram que as estimativas de perdas das empresas ficam em sua maioria em até 50% (41%), mas 23% delas tiveram perda total de seus maquinários e estoques. Calcula-se que o valor perdido entre as empresas que responderam à pesquisa supere os R$ 420 milhões, sendo os prejuízos mais expressivos no setor da indústria.
Um fato que chama a atenção é que das empresas que responderam à pesquisa, 75% delas não possuíam nenhum tipo de seguro e 86% delas não são adeptas do Juro Zero, programa do governo do Estado que, por meio da Secretaria e dos bancos vinculados, subsidia juros de financiamentos para investimentos. Outra situação é que somente 32% das empresas já retomaram as atividades, enquanto 16% não têm previsão de quando isso ocorrerá.
A partir deste levantamento, a Secretaria Estadual e Desenvolvimento Econômico pretende se reunir com os bancos para buscar soluções financeiras para auxiliar as empresas. "Vamos fazer a mediação. É um processo trabalhoso, mas com o apoio do governo do Estado, estamos fazendo todo o possível para recuperar as empresas de maneira mais rápida", ressaltou o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo.