Vale Taquari se destaca como polo de fábricas de doces

Grandes empresas ampliam produção e consolidam vendas para o mercado externo

Por Eduardo Torres

Minuto Varejo - Docile - indústria - Lajeado - doces - mashmallow colorido
Quando o assunto é balas e doces, Lajeado também está nos paladares dos consumidores brasileiros e estrangeiros. Levantamento Nielsen Super Varejo aponta que a Docile ocupa o quarto lugar na preferência das balas nas regiões Sul, Nordeste, parte do Sudeste e Centro-Oeste do País. É também a quarta na preferência nacional. A empresa, que destina 35% da sua produção ao mercado externo, é, desde o ano passado, a maior exportadora de doces do Brasil, tendo os Estados Unidos e Canadá como seus principais mercados lá fora.
"Hoje os nossos produtos chegam a 80 países. E é resultado da valorização que sempre mantivemos às nossas raízes aqui no Vale do Taquari, um local historicamente muito próspero e que tem uma tradição na produção de doces, construída, em boa parte, pelo pioneirismo da nossa família. Mas, para levarmos o que temos de valor aqui ao mundo, nosso trabalho tem sido sempre o de inovar e incentivar a inovação aqui na região, seja em parceria com a universidade ou internamente, com a qualificação dos nossos colaboradores", explica um dos sócios-proprietários da empresa, Alexandre Heineck.
A Docile emprega 1,5 mil pessoas em Lajeado e tem a meta arrojada de chegar, em 2025, a R$ 1 bilhão em faturamento. Para isso, investe neste ano R$ 70 milhões em seu parque fabril. O objetivo é ampliar, em 2024, em 30% a atual produção de R$ 4 milhões de quilos de doces por mês. A ideia, salienta Heineck, é consolidar a liderança nas exportações e aumentar a fatia da Docile no mercado interno.
A cidade também é o berço de outra gigante desse ramo. A Florestal Alimentos é a maior produtora de pirulitos planos da América Latina, e está em plena expansão da sua área de atuação. Depois de adquirir a Planalto e a Caracol, da Serra, em 2022 a empresa investiu R$ 53 milhões para fabricar chocolates em sua unidade no Vale do Taquari.
Na área de chocolates, as vantagens logísticas e a cultura da mão de obra do Vale do Taquari foram decisivas para que a Neugebauer se instalasse em Arroio do Meio na década passada. Foi nesta fábrica que uma das marcas mais tradicionais do País se reinventou. Hoje, conforme o levantamento da Nielsen Super Varejo, a Neugebauer é a quarta na preferência do consumidor na Região Sul e a quinta em todo o Brasil.
"O Vale do Taquari foi, naturalmente, uma boa opção para nós. Além da cultura local no setor de doces, é uma região que apresenta grandes oportunidades de investimentos pela sua estrutura de energia, logística e de atuação muito presente da universidade relacionada à indústria de alimentos. Isso representa qualidade no produto e na mão de obra", explica o diretor administrativo financeiro e de operações da empresa, Rogério Martins.
Segundo ele, é justamente esse protagonismo das indústrias de alimentos e bebidas que acaba criando outro desafio ao setor. "Em todo o Vale há a empregabilidade quase plena da mão de obra qualificada. Principalmente no setor de manutenção de máquinas, temos investido cada vez mais na qualificação interna para podermos suprir essa necessidade", diz.
Até o próximo ano, a Neugebauer investirá R$ 100 milhões para aumentar a sua capacidade de produção e, já em 2023, deve ultrapassar
R$ 1 bilhão em faturamento. Com capacidade atual de 40 mil toneladas de chocolates por ano, a meta é ampliar a produção em até 50%.
E se há know-how na região para a produção de doces, há oportunidade para diversificar-se dentro do setor. É o que tem experimentado a Divine, da empresa Turatti e Turatti, de Encantado. A cada ano a empresa aumenta em até 40% as suas vendas e já exporta o produto para quase 10 países.
Os produtos da Divine não têm gordura hidrogenada e o chocolate é produzido somente com manteiga e licor de cacau, com o teor de concentração do cacau muito superior ao exigido pelo mercado. Também são produzidas as linhas zero açúcar e zero lactose. Todos os produtos que têm acima de 50% de cacau não levam leite, por exemplo. São mais de 200 trabalhadores da região envolvidos na produção.

O vale dos doces

_ Lajeado: produção de balas, refrigerantes, chocolates e sorvetes
_ Arroio do Meio: produção de chocolates, doce de leite
_ Encantado: produção de chocolates e sorvetes
_ Paverama: produção de refrigerantes
_ Santa Cruz do Sul: produção de refrigerantes
_ Cruzeiro do Sul: produção de chocolates
_ Teutônia: produção de doce de leite