Industrialização e cultivo de tabaco impulsionam o PIB regional

Plantio mobiliza mais de 30 mil produtores nas regiões dos vales do Rio Pardo e do Jaguari

Por JC

Lavoura de fumo no Rio Grande do Sul
Desde o campo até as indústrias responsáveis pela maior geração de riquezas a partir da exportação no Vale do Rio Pardo, a produção de tabaco impulsiona o PIB. O Rio Grande do Sul é o maior estado exportador do produto. Para que se tenha uma ideia, 70% da arrecadação de Santa Cruz do Sul - o maior PIB da região - é proveniente da cadeia produtiva do tabaco.
Conforme o Ministério do Trabalho, em 2021, havia 42 indústrias do setor do fumo entre o Vale do Rio Pardo e o Centro do Estado. E, de acordo com os representantes do setor, há demanda, inclusive crescente, em algumas regiões do mundo.
No entanto, o mercado nacional e a opinião pública mundial representam importantes obstáculos. "É uma realidade essa resistência, não há como negar. Não temos orientado o produtor, por exemplo, a aumentar a sua área de plantio. Mas não se cogita parar de plantar o fumo, que é uma cultura centenária da região, e sempre representou uma produção rentável para o produtor, em pequenas propriedades. A agricultura familiar é o que movimenta este setor", diz o tesoureiro da Associação de Fumicultores do Brasil (Afubra), Marcílio Drescher.
Segundo Drescher, o setor tem investido na diversificação nas propriedades, até mesmo como forma de ampliar as ações de proteção ambiental no campo. Levantamento da entidade aponta que na safra 2021/22, havia 34,3 mil produtores de fumo entre os vales do Rio Pardo e Jaguari - 50% do total do Estado, que também tem forte produção no Sul.
Estes produtores colheram 126,8 mil toneladas de fumo na última safra, com um faturamento de R$ 2,3 bilhões - valor que representaria o sexto maior PIB da região.
Os municípios com maior plantio de fumo entre os vales do Rio Pardo e do Jaguari são Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Candelária, Vale do Sol e Agudo.
"É uma produção há muito tempo comprometida ambiental e socialmente. Desde 1978, incentivamos a produção florestal energética, por exemplo, que garante autossuficiência em lenha para as estufas. Há 23 anos temos ações de logística reversa para embalagens de agrotóxicos, e desde a década de 1990, o setor combate o trabalho infantil, incentiva a diversificação das propriedades e a conscientização sobre saúde e segurança do produtor", explica o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke.
"Entendemos as questões de saúde que envolvem o nosso produto, mas enquanto houver demanda precisamos preservar o emprego e a renda gerada pela cadeia produtiva", disse Schünke em recente reunião do setor com o governo federal. São 13 indústrias fumageiras do Vale do Rio Pardo associadas ao sindicato.
 

Concentração de indústrias fumageiras

 50% da produção de fumo no Rio Grande do Sul está nos vales do Rio Pardo e do Jaguari
 Faturamento de R$ 2,3 bilhões com a produção na safra 2021/22
 8 empresas em Santa Cruz do Sul
 5 empresas em Venâncio Aires
Fonte: Afubra e SindiTabaco

Maiores produtores de tabaco nas regiões Central e Vales

1. Venâncio Aires
2. Santa Cruz do Sul
3. Candelária
4. Vale do Sol
5. Agudo
Fonte: Secretaria da Agricultura/Ministério da Agricultura 2021