Venda da usina a carvão Candiota 3 atrairá interessados, projeta ABCM

Complexo utiliza como combustível o carvão mineral e tem capacidade para 350 MW

Por Jefferson Klein

Eletrobras confirmou que planeja concluir a oferta da termelétrica
Recentemente, a Eletrobras confirmou que planeja concluir ainda neste ano a venda da termelétrica Candiota 3. Como se trata de uma usina a carvão (empreendimentos que são alvo de várias críticas por parte de ambientalistas) e com contrato de comercialização de energia prestes a expirar (31 de dezembro de 2024) há dúvidas quanto à atratividade do negócio. No entanto, para o presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM), Fernando Luiz Zancan, haverá interessados em adquirir a térmica.
"Tem comprador, tem gente que está olhando o ativo e o processo está andando", afirma Zancan. Ele prefere não citar nomes, mas fontes do setor indicam que uma forte candidata a fazer uma oferta pela usina é a Fram Capital, que controla a Diamante Geração de Energia, que por sua vez é responsável pela administração do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina. O presidente da ABCM frisa que Candiota 3, que fica no município de mesmo nome, na Campanha gaúcha, se trata de um empreendimento que ainda tem muito tempo de vida útil para ser aproveitada, já que a usina foi inaugurada em 2011. Ele calcula que a térmica tem condições para operar, pelo menos, durante 40 anos.
Contudo, Zancan enfatiza que a continuidade da termelétrica passa pela confirmação de um novo contrato de aquisição de energia. O dirigente argumenta que é inviável a alternativa de o complexo atuar como uma usina merchant (plantas que comercializam energia em acordos de curto prazo e que podem funcionar em determinados períodos, quando necessárias), como foi sugerido pelo presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior.
Conforme o presidente da ABCM, não é possível parar e retomar a produção de uma mina de carvão de uma maneira tão ágil para esse tipo de atividade. Zancan alerta que se não for resolvida a questão do contrato e a usina for fechada o Rio Grande do Sul terá reflexos econômicos e sociais. Ele defende que seja feita para Candiota uma legislação similar à que foi realizada para Santa Catarina, que criou o Programa de Transição Energética Justa (TEJ) para a região carbonífera do estado vizinho e a manutenção da atividade do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda até 2040.
Apesar de sustentar a necessidade da permanência da operação de Candiota 3, uma usina de 350 MW de capacidade instalada, o que representa cerca de 9% da demanda média de energia elétrica do Rio Grande do Sul, o presidente da ABCM admite que a indústria do carvão precisa ser reinventada. O dirigente participará de uma missão de empreendedores do setor carbonífero à China, neste mês de agosto, para acompanhar novas tecnologias que podem contribuir para a produção de fertilizantes a partir do aproveitamento do mineral. Zancan espera que, futuramente, possam ser trazidas essas soluções para o Brasil. Uma das opções para a diversificação do uso do carvão nacional, apontada pelo presidente da ABCM, é a gaseificação do mineral.