Empresas do setor de automóveis e construção civil celebram tendência de queda dos juros

Impactos no cotidiano da população deverão ser sentidos somente após novas reduções na Selic, apontam especialistas

Por JC

Labourers work at the construction site of a building in Mumbai on June 26, 2023. (Photo by Punit PARANJPE / AFP)
Pedro Carrizo, especial para o JC
A redução de meio ponto percentual na taxa Selic - de 13,75% para 13,25% ao ano - é celebrada em consenso por setores da economia que são fortemente impactados pelos juros altos, como o automotivo e o de construção civil. O anúncio feito pelo Copom nesta quarta-feira (2) já está repercutindo em um maior otimismo do mercado, que Redução da Selic beneficia setores do varejo que dependem de crédito

Tanto o setor de construção civil quanto o de automóveis, por serem produtos duráveis e de alto valor agregado, tendem a sofrer mais quando há uma dificuldade de acesso à financiamento por parte dos consumidores.

No mercado de capitais, a queda dos juros já vinha sendo antecipada pelo mercado há alguns meses. O fundo de investimentos Privatto Multi Family Office, voltado à gestão de patrimônio de famílias e pessoas físicas, é um dos que anteciparam posições antes do anúncio do Copom. Desde maio, o fundo vem revisando as carteiras e alocando recursos em ativos que performam melhor em cenários de baixa dos juros, conta o CEO da Privatto, Eduardo Cairolli.

“Fundos atrelados à inflação, como o IMA-B, e ativos de renda variável tendem a performar melhor. Dentre estes ativos, as ações mais líquidas negociadas em bolsa tendem a se valorizar com a baixa dos juros, assim como empresas com maior grau endividamento”, analisa Cairolli.

Conforme o economista Everton Lopes, especializado em finanças pessoais, o impacto da Selic na vida da população será sentido no médio prazo, visto que ainda há uma diferença muito grande entre a inflação oficial (IPCA), que está 3,16% no acumulado dos 12 últimos meses, e a taxa básica de juros. “No momento em que essa diferença for reduzida, com a Selic voltando ao um dígito, devemos  sentir um aumento da confiança do consumidor”, diz Lopes.

Ele também projeta que a magnitude das próximas reduções deverão ser pautadas, entre outros fatores, pelo nível de consumo neste segundo semestre, marcado pelas festas de fim de ano, em que normalmente a população vai mais às compras.