Diferentes sotaques e muitos negócios marcam segundo dia da Construsul

Empresas da construção civil apostam em alternativas sustentáveis para colaborar com o meio ambiente e melhorar a produtividade

Por Bárbara Lima

Concentração expressiva de visitantes do Brasil e exterior anima expositores da feira da construção civil; evento ocorre até sexta-feira na Fiergs 
No segundo dia da 24ª edição da Construsul, feira do setor da construção civil que acontece em Porto Alegre, no Centro de Eventos da Fiergs, foi possível ouvir diversos sotaques nacionais e até internacionais circulando pelos corredores. O movimento chamou a atenção dos visitantes, que, de maneira geral, comentavam sobre o sucesso da feira e ressaltavam a presença não só de marcas gaúchas no evento, mas de todos os cantos do País.
Além disso, neste início de feira, que segue até sexta-feira (4), das 13h às 21h, o movimento intenso nos corredores era também expressivo nos estandes dos pavilhões, o que deixou os expositores animados com os negócios. Segundo Ricardo Richter, diretor da Sul Eventos, responsável pela promoção da feira, parte desse resultado pode ser explicado pelo forte investimento dos organizadores e expositores em inovação e tecnologia. "Um ponto forte deste ano é a nossa  'impressora 3D', dá até para imprimir casa. O setor está investindo em tecnologia para aumentar a produtividade, economizar tempo e ter mais sustentabilidade", considerou. 
Richter também avaliou que, diferente do que ocorre na maioria das edições, o primeiro dia já trouxe bons resultados financeiros e o segundo seguiu a mesma tendência. "O primeiro dia foi um sucesso, a gente já teve alguns milhões negociados, foi bastante produtivo. Os expositores relataram um número expressivo de vendas e superou a nossa expectativa. O segundo dia abriu muito bem, visitei logo no início da tarde. A feira está lotada e os estandes também, muitos profissionais estão aqui", ponderou.
Durante o evento, são esperadas mais de 35 mil pessoas. Sobre o caráter internacional da feira, ele ressaltou que são feitas, inclusive, caravanas para a visitação. "São profissionais do mundo todo que estão buscando inovação no setor. Existem caravanas que chegam para visitar em dias específicos, mas tem gente que participa todos os dias", falou.

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Sustentabilidade é importante para todo o setor, avalia organizador da feira

Além da tecnologia e inovação, a Construsul também investe e apoia negócios e iniciativas sustentáveis. O diretor da Sul Eventos, responsável pela promoção da feira, Ricardo Richter, destaca que pensar alternativas que agridem menos o meio ambiente é importante tanto para a natureza como para as empresas. "É essencial para a construção civil como um todo, porque é um setor que tem muito desperdício, desde a extração do material, até o transporte, aplicação e obra. Em todas as etapas existe o desperdício. Isso é oneroso para o meio ambiente, para os fornecedores e para as construtoras", disse.
Richter afirmou que a sustentabilidade já é um esforço de anos do setor e que tem se expandido. "Esse é um movimento ao longo dos anos, com tecnologias que visam não apenas a sustentabilidade, mas o ganho de tempo, a substituições de materiais para outros mais eficientes e com mais benefícios, tudo isso é possível de se ver na feira", destacou.
Em uma rápida circulada pelos corredores da feira, salta aos olhos uma grande quantidade de estandes com alternativas sustentáveis, especialmente no que diz respeito à energia solar, mas não somente. Participando pela primeira vez da Construsul, o estande da empresa Telhado Vivo, Sistemas Ecológicos, traz aos visitantes a proposta de telhados verdes, jardim vertical, lagos e piscinas. "A empresa surgiu como um grande sonho de aliar a engenharia civil com o resgate da natureza para os meios urbanos", revelou o sócio proprietário, Marcelus Amaro Oliveira.
Conforme explicou, os benefícios deste produto incluem no controle das cheias urbanas e ilhas de calor. "O telhado verde funciona como uma esponja. As cidades são muito baseadas no concreto, então temos uma temperatura muito elevada, a entrada do verde ajuda a reduzir as ilhas de calor", afirmou Marcelus. O sócio proprietário considerou que a feira é uma oportunidade de abrir a comunicação da empresa e pretende aumentar 20% do seu faturamento. "Eu já tinha vindo como visitante, agora é primeira vez como expositor, mas estou com uma boa estimativa", ponderou.

Cartela de remédio pode virar rodapé de casa

Reaproveitar um material descartado no meio ambiente para transformá-lo em matéria prima de um produto amplamente utilizado na construção civil. Isso é o que faz a empresa Unicomper, que, por um processo inovador transforma o "blister", embalagem vazia de medicamento, em rodapés, roda forros, portas e batentes.

Funciona assim: a empresa coleta as cartelas de remédio com farmácias parceiras e cooperativas de reciclagem, picota o material até que se transforme em uma espécie de pó, em que também pode ser utilizado a resina de plástico. Esse pó é usado para construir rodapés, portas e batentes. A empresa, que realiza esse processo desde 2015, afirmou que já é um material consolidado no mercado. É um produto à prova d'água e não inflamável, utilizado muito para casas e construções na praia, onde há ação da maresia.
"Há seis anos, o material ia para o aterro sanitário, então, até se deteriorar, levava muitos anos. Resolvemos unir o útil ao agradável e vimos que deu certo. Um material que ia para a natureza agora é reciclado, numa logística reversa, nada vai para a natureza", refletiu o colaborador da área comercial da empresa Ricieri Neto. Segundo ele, os primeiros dias da feira têm sido de bom movimento para o estande do negócio.