Produtores de chocolate artesanal de Gramado sofrem com tributações estaduais

O fim da Substituição Tributária torna permanência na Serra Gaúcha incerta

Por Elisa Heinski

Produtos específicos para quem tem intolerância ao glúten, por exemplo, ganham as prateleiras
Gramado, reconhecida como a Capital Nacional do Chocolate Artesanal, enfrenta um dilema no setor. Os representantes das indústrias da região não estão satisfeitos com a mudança na forma de cobrança dos tributos, implementada no final do ano passado. O fim da denominada substituição tributária faz com que as empresas tenham que pagar os impostos no final da cadeia produtiva, durante a comercialização, o que, segundo o presidente da Associação da Indústria e Comércio de Chocolates de Gramado (Achoco), Fabiano Contini, prejudica intensamente a produção do doce no Estado.
“Antes, o imposto era cobrado no início da cadeia produtiva e, agora, ele está sendo cobrado no final, com todos os custos de transporte, de margem de distribuidor, margem de lojista inclusos. Então, os impostos aumentaram consideravelmente na ponta para o consumidor e a indústria, para não ter de repassar tudo isso, está segurando esses aumentos. Mas está ficando inviável”, afirma.
O setor de chocolates artesanais ainda sofre com as consequências da pandemia de Covid-19, que debilitou o mercado em uma das datas que mais concentra lucros no ramo, a Páscoa. Além dos prejuízos inerentes ao cenário, a diminuição do poder de compra dos consumidores após o período de emergência sanitária também diminuiu o faturamento das chocolaterias de Gramado. “A pandemia, o aumento de preço do insumos e, depois, os impostos deixaram o nosso setor trabalhando no vermelho direto”, analisa Contini.
Para o dirigente, uma alternativa é a diminuição da alíquota das fabricantes artesanais, que atualmente é a mesma das grandes indústrias: “Nós somo fabricantes artesanais e o nosso imposto é igual ao de uma grande indústria, ao de uma indústria automatizada. Não podemos ser igualados, não dá para colocar todo mundo na mesma vala e cobrar o mesmo imposto. O governo deveria ver não só o nosso setor, mas todos os outros”, destaca.
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