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Biocombustíveis

- Publicada em 30 de Agosto de 2023 às 17:53

Obras de nova planta em Triunfo demonstram potencial do biometano no Rio Grande do Sul

 Investimento no empreendimento é estimado em R$ 200 milhões

Investimento no empreendimento é estimado em R$ 200 milhões


Jefferson Klein/Especial/JC
A solenidade do início das obras de construção da planta de biometano (biogás purificado) da empresa Bioo em Triunfo, celebrada nesta quarta-feira (30), é um marco para esse setor no Estado, que ainda não conta com uma unidade desse porte. A capacidade de produção do empreendimento será de 30 mil metros cúbicos ao dia do biocombustível e a estrutura deve entrar em operação até o começo de 2025.
A solenidade do início das obras de construção da planta de biometano (biogás purificado) da empresa Bioo em Triunfo, celebrada nesta quarta-feira (30), é um marco para esse setor no Estado, que ainda não conta com uma unidade desse porte. A capacidade de produção do empreendimento será de 30 mil metros cúbicos ao dia do biocombustível e a estrutura deve entrar em operação até o começo de 2025.
Apesar de não haver atualmente um projeto dessa envergadura no Rio Grande do Sul, o potencial do complexo representa apenas um pouco mais de 1% da capacidade de fornecimento de gás natural do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Porém, mesmo que o biometano possa ser aproveitado nas mesmas finalidades do combustível fóssil, ele tem como vantagem o fato de ser renovável (feito de matéria orgânica).
O projeto foi iniciado pela companhia SebigasCótica, que em dezembro de 2021 assinou o contrato de fornecimento do biometano, com a então estatal Sulgás, em cerimônia realizada no Palácio Piratini. Posteriormente a esse ato, a eB Capital, gestora de investimentos alternativos, entrou como parceira da iniciativa propiciando a criação da Bioo, uma sociedade entre a SebigasCótica e a eB Capital para desenvolver o empreendimento no Estado e outros, futuramente.
O acordo firmado com a Sulgás prevê o fornecimento de 15 mil metros cúbicos ao dia para a distribuidora gaúcha. No entanto, a planta em Triunfo, destaca o diretor-executivo da Bioo, Maurício Silveira Cótica, já começará suas operações com capacidade para produzir 30 mil metros cúbicos diários do biocombustível. Ele detalha que serão avaliadas possibilidades de mercado para comercializar o excedente da unidade, sendo que a Sulgás também é uma opção para absorver esse volume.
Cótica explica que a Bioo é uma empresa dedicada ao tratamento de resíduos orgânicos, fundamentalmente de origem agroindustrial, e produção de biometano, gás carbônico (que será purificado e destinado ao uso industrial) e biofertilizantes. A terraplanagem para concretizar a estrutura de Triunfo já está em andamento e a parte de construção civil deve começar nas próximas semanas.
No pico dos trabalhos, adianta o diretor-executivo da Bioo, deverão ser gerados em torno de 120 a 140 empregos. Ele assinala que a planta poderá atuar com mais de 40 tipos de resíduos da cadeia agropecuária, podendo atender desde frigoríficos, sobras de restaurantes, rejeitos do processamento de biodiesel, entre outros. "Temos uma gama bastante grande entre resíduos sólidos, líquidos e lodos mais pastosos que a gente consegue tratar na planta", aponta Cótica.
Ele informa que a unidade iniciará a operação com capacidade para tratar 600 toneladas de resíduos ao dia e poderá produzir também em torno de 130 toneladas diárias de biofertilizante. O cofundador da eB Capital Pedro Parente comenta que a atenção da companhia para o segmento do biometano foi despertada ao observar essa solução na Europa e que o Brasil enfrenta problemas em destinar adequadamente resíduos orgânicos.
Parente diz que a ideia da Bioo é desenvolver mais duas plantas de biometano, além da de Triunfo, sendo que a soma dos investimentos nas três unidades será de cerca de R$ 600 milhões. O integrante da eB Capital reforça que a localização dos próximos projetos ainda não está definida e o Rio Grande do Sul é uma das possibilidades.

Construção de gasoduto para ligação à malha da Sulgás custará R$ 10 milhões

Para o biometano chegar à rede de gasodutos da Sulgás, a concessionária irá construir um novo duto de aproximadamente 5 quilômetros até o complexo produtor do biocombustível. O CEO da distribuidora, Marcelo Leite, informa que o investimento nessa iniciativa é de cerca de R$ 10 milhões.
O executivo acrescenta que a realização dessa ligação será conduzida paralelamente à implantação da estrutura da Bioo. Leite adianta que a empresa tem interesse em ampliar, mais adiante, a aquisição de volumes de biometano. "Temos vários projetos sendo conversados e evoluindo nesse sentido", reforça o presidente da Sulgás.
Presente ao evento desta quarta-feira, o governador Eduardo Leite lembrou que o governo gaúcho, em 2016, ainda na gestão de José Ivo Sartori, estabeleceu uma política estadual para o biogás e o biometano. Para ele, o papel do Estado não é o de intervencionista, mas de articulador para que a iniciativa privada promova seus investimentos.
Leite enfatiza que a solução da destinação de resíduos para a produção de biometano também ajudará a destravar o crescimento das agroindústrias que precisam lidar com o encaminhamento adequado de seus rejeitos. "É um ganho nas duas pontas", salienta. O governador informa que o governo do Estado lançará, em breve, um edital em que disponibilizará R$ 50 milhões para subsidiar financiamento do Badesul para a implantação de biodigestores. "É voltado para plantas de escalas menores que essa de Triunfo, mas que podem ser feitas de forma distribuída pelo Rio Grande do Sul", conclui.