Durante o Fórum de Sustentabilidade, realizado nesta quarta-feira (23), no Teatro da Unisinos, em Porto Alegre, o CEO do Grupo CMPC, Francisco Ruiz-Tagle, afirmou para a plateia de empresários que R$ 2,75 bilhões estão sendo investidos no projeto BioCMPC, que começa a operar em novembro na fábrica de celulose de Guaíba, na Região Metropolitana da Capital. O aporte serve para aplicar políticas que contemplam a agenda ESG (Ambiente, Social e Governança em português).
O projeto, que está com 90% das obras concluídas e tem 31 iniciativas para reduzir impactos ambientais e aumentar a produtividade, irá proporcionar um aumento de 18% na capacidade produtiva, o que representa cerca de 350 mil toneladas a mais de celulose por ano. As ações, segundo a empresa, irão reduzir as emissões dos gases de efeito estufa. Outra medida que contribuirá com os indicadores de meio ambiente é o desligamento da caldeira de força à carvão. "É um projeto de sucesso, que está sendo cumprido no tempo programado. Começamos a trabalhar na pandemia, a equipe fez um ótimo trabalho [...] vamos poupar cerca de 460 toneladas de CO2 por ano", argumentou o CEO do grupo CMPC.
O professor Raj Sisodia, autor dos livros Capitalismo Consciente (2013) e Empresas que Curam (2023), participou do Fórum e falou da importância do propósito nos negócios para avançar na sustentabilidade, mesmo naquelas empresas em que a sua natureza não é sustentável. "O mundo está mudando. Séculos atrás, e hoje ainda, você não faria progresso sem o petróleo, por exemplo, mas com as mudanças, você precisa entender que o seu negócio é a energia e não necessariamente apenas o petróleo. Como energia sustentável, você tem o vento, o sol, esse é o seu negócio", refletiu.
Como dica para as empresas, especialmente as pequenas, de menor capital, que desejam ser mais sustentáveis, mas não sabem por onde começar, Sisodia aconselhou que os empresários busquem entender o ponto de partida e o ponto de chegada sustentável que a empresa almeja atingir. "Qual o propósito da empresa? Por que ela precisa existir? E a pergunta deve ser feita não apenas para líderes, mas para todos da empresa", afirmou.
A CMPC está presente em 12 países com 48 plantas e 23 mil colaboradores diretos. No Rio Grande do Sul, a fábrica de Guaíba, uma das maiores empresas do Estado, produziu 2.063.093 toneladas de celulose em 2022, superando o ano anterior que, até então, representava o maior resultado obtido. Além disso, a planta emprega mais de 6,6 mil pessoas, entre empregos diretos e indiretos fixos. Segundo Tagle, não há previsão de novas plantas industriais no Estado, mas ainda há capacidade de aumentar a produção na filial de Guaíba com as melhorias sustentáveis implementadas.
CMPC quer aumentar parceria com produtores para plantação de eucalipto no RS
De acordo com a legislação nacional, a chilena CMPC, por se tratar de empresa estrangeira, não pode comprar terras no Brasil para o plantio de eucalipto, matéria-prima para a produção de celulose. O CEO do Grupo CMPC, Francisco Ruiz Tagle, afirmou que o tema é complexo e que a empresa não quer "terras por ter terras, mas para ter madeira para poder industrializar". Ele disse ainda que a CMPC é "muito brasileira" e já investiu bilhões no País. Sobre a legislação, ele considerou que "é um tema que, apesar de não nos afetar tanto, cria uma concorrência desproporcional em relação a outras companhias que não têm essa jurisdição".
Segundo ele, outra forma de avançar no desenvolvimento florestal é com parcerias com produtores locais, que teve um crescimento que superou os 50 ou 60 mil hectares de base florestal nos últimos três anos, com objetivo de crescimento futuro. "São parcerias que valorizamos muito. Queremos que os parceiros também se beneficiem da atividade florestal da indústria", argumentou. O diretor-geral da CMPC Brasil, Mauricio Harger, complementou que a empresa tem como meta aumentar os hectares e estará na Expointer, que acontece entre os dias de 26 de agosto a 3 de setembro, para conhecer potenciais novos parceiros.