A cidade que, geograficamente, ocupa o coração do Rio Grande do Sul, pulsa conhecimento. E pode ser considerada uma reserva de mão de obra qualificada para todo o Estado. Santa Maria, com oito universidades e faculdades, soma uma população de 40 mil estudantes no universo de 271,6 mil habitantes. Conforme o Índice Cidades Empreendedoras (ICE), Santa Maria é a terceira melhor cidade do Brasil no quesito capital humano. E a segunda melhor, no Rio Grande do Sul, em ambiente propício para empreender.
"Temos a infraestrutura e a logística naturalmente diferenciados, com muita capilaridade para todos os pontos do Estado, e este é um atrativo para investimentos. Mas, sem dúvida, o capital humano é o nosso maior valor. Desenvolvemos um programa chamado Cidade Empreendedora, em conjunto com o Sebrae, que, desde a rede de ensino, estimula o empreendedorismo", explica a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Ticiana Engel Fontana.
Com o perfil, que inclui ainda o segundo maior contingente militar do País, o município tem ainda em torno de 9,5 mil homens e mulheres das Forças Armadas e suas famílias entre 22 organizações instaladas em Santa Maria.
Para atender a esta demanda, naturalmente Santa Maria tornou-se uma referência no comércio e serviço da Região Central do Estado. Concentra-se no município o maior VAB de Serviços da região, de R$ 6,7 bilhões.
"É uma vocação da cidade, que precisa ser qualificada e valorizada. Temos feito um trabalho intenso, por exemplo, na atração de redes hoteleiras interessadas em investir na cidade. O ambiente para bons negócios tem sido criado nestes últimos anos, justamente para a iniciativa privada ter este olhar favorável para Santa Maria", diz a secretária.
Mas, se o setor de serviços, como a educação, hotelaria e o setor público destacam-se como oportunidades latentes, o governo municipal tem destinado energias para ampliar e modernizar a industrialização da cidade. De acordo com a secretária, a indústria responde por apenas 12% do PIB local.
E mesmo tendo a maior população e o segundo maior PIB entre as regiões retratadas neste capítulo do Mapa Econômico do RS, Santa Maria tem somente o quarto maior VAB industrial da região, de R$ 1 bilhão.
Recentemente, a prefeitura iniciou movimento de doações onerosas de áreas no distrito industrial, além de uma política de facilitação de crédito e microcrédito. "Em 2016, registrávamos faturamento inferior a R$ 10 milhões na indústria. Hoje, são R$ 110 milhões. Nosso projeto é termos em Santa Maria o ambiente ideal para empreender na indústria com inovação, e a partir daí, internacionalizamos nossas indústrias", aponta Ticiana.
E já há bons resultados neste movimento. São 43 indústrias instaladas no distrito, com outras duas em vias de se instalarem, significando quase 100% de ocupação, com a geração de 2 mil empregos. O município tem capitaneado ainda movimentos como a integração da força produtiva local à Mercopar e a atração de uma unidade do Instituto Caldeira - o primeiro no Interior - para Santa Maria.
Os números de exportação, no entanto, ainda engatinham. As vendas internacionais da indústria local, conforme o Ministério do Comércio Exterior, neste ano, não passaram de
R$ 20 milhões, ou 2,5% dos
R$ 800 milhões exportados pelo município, a maior parte produtos rurais como arroz e soja.
Por isso, Santa Maria ingressou na Rede de Cidades do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). "É uma parceria que vai nos qualificar na elaboração de projetos e também facilitará este treinamento e qualificação para que empresas locais se tornem exportadoras. São oportunidades que estão se abrindo", aponta a secretária.
Nada melhor que estas portas sejam abertas em todos os modais. A duplicação da RSC-287 é considerada vital para o desenvolvimento futuro de Santa Maria, e o município investe nos últimos ajustes para que o aeroporto local esteja apto a receber aeronaves maiores destinadas aos voos diretamente a São Paulo.
A arrecadação dos setores de inovação e turismo aumentou 26,65% e 17,66%, respectivamente, entre 2021 e 2022. Se em 2021, sob efeitos da pandemia, a arrecadação de empresas de inovação foi de R$ 93,1 milhões, em 2022, com o fim de restrições, a receita passou a R$ 118 milhões. O turismo, no mesmo panorama, deu um salto de R$ 80,6 milhões para R$ 94,9 milhões. Tais aumentos também alimentaram os cofres públicos com o Imposto Sobre Serviços (ISS), trazendo R$ 2.367.030,36, na inovação, e R$ 3.405.858,77, no turismo. Santa Maria é o 5º maior destino de excursões no RS.