Cruz Alta é a referência para o envio ao mercado da soja produzida entre o Alto Jacuí e o Centro do Estado, em uma das regiões mais produtivas da oleaginosa no Rio Grande do Sul. As exportações de soja em grão, em farelo ou industrializada em forma de óleo respondem por 79% das vendas ao exterior a partir daquele município.
De acordo com o diretor executivo da Fecoagro, Sérgio Feltraco, 25% de toda a soja produzida no Rio Grande do Sul concentra-se nesta região que, nos últimos anos, tem alcançado os melhores números de plantio e produtividade do grão no Estado. Algo que, naturalmente, chama a atenção do mercado externo, com alta demanda pela oleaginosa nos últimos anos.
O município líder em área plantada, conforme dados do IBGE de 2021, é Tupanciretã. Dali, partiram na safra daquele ano mais de 500 mil toneladas de soja para o mercado.
Mas a vocação do centro geográfico do Rio Grande do Sul para ampliar a distribuição do que produz, além das fronteiras do País, não se limita às especialidades do Rio Grande do Sul. Há, neste ponto do mapa, outros três municípios entre os 40 principais exportadores do Estado.
A pequena localidade de Não-Me-Toque, de apenas 17,8 mil habitantes, é o 20º do Estado em exportações, como resultado do seu parque industrial de máquinas agrícolas de precisão. Estes equipamentos respondem por 95% das exportações.
Encantado é o 27º em vendas internacionais, com outra das bandeiras da região, a erva-mate, que representa 52% das suas exportações, e Lajeado, com as bebidas e alimentos doces respondendo por 45% das suas exportações, é o 32º maior do Rio Grande do Sul.
A produção da oleaginosa já tem tradição nessa parte do solo gaúcho. Remonta à década de 1960 a chegada da soja à região do Alto Jacuí e Central do Estado. Era o primeiro avanço, desde o Noroeste, da cultura que viria a se transformar no grão mais valorizado da agricultura do Rio Grande do Sul. E chegou transformando o cenário local.
"Meu pai era pecuarista, e era essa a tradição em Tupanciretã desde o começo do século. Mas, primeiro o trigo, em meados dos anos 1960, e logo depois a soja, entraram no município e aí virou o melhor negócio do Brasil. Meu pai, comigo e os meus irmãos, migrou para essa cultura, e aos poucos todos aqui na região fizeram o mesmo. Era uma oportunidade, com mais mercado e muito mais rentabilidade que a pecuária tradicional", conta o produtor rural Juarez Bay do Nascimento.
Conforme os dados do IBGE, Tupanciretã foi o município de maior área plantada e maior quantidade de soja colhida no Rio Grande do Sul em 2021. Também estão nesta região Cachoeira do Sul, Júlio de Castilhos, Cruz Alta e Santa Bárbara do Sul, todos entre os 10 municípios do Estado no ranking de área plantada de soja dois anos atrás.
O cultivo, que teve início de maneira convencional, à medida em que começou a representar ganhos para os produtores, avançou na área, com plantio mecanizado e evolução genética.
"Facilitou muito o trabalho e, com isso, representou a entrada neste meio de muitos produtores em busca de terras. A realidade é que Tupanciretã tem um perfil de médios e grandes produtores", aponta Nascimento.
Hoje, 50% da área plantada no município é arrendada. "É uma região que tem um diferencial importante, porque desenvolveu ferramentas que incorporaram tecnologia e infraestrutura para o cultivo, a armazenagem e o processamento do produto. Nas duas últimas décadas, é a região com os melhores níveis de produtividade do Estado, e quando há secas, por exemplo, a resposta nesta área, justamente pelo desenvolvimento que conquistou, geralmente é melhor e mais rápida", aponta o diretor executivo da Fecoagro, Sérgio Feltraco.
Os maiores produtores de soja por município Fonte: IBGE 2021
Área plantada:
1. Tupanciretã 149,1 mil hectares
2. Cachoeira do Sul 105,8 mil hectares
3. Júlio de Castilhos 100 mil hectares
4. Cruz Alta 91,5 mil hectares
5. Santa Bárbara do Sul 76 mil hectares
Eficiência no plantio Fonte: IBGE 2021
1. Colorado 4,5 toneladas por hectare
2. Ibirubá 4,251 toneladas por hectare
3. Sta. Bárbara do Sul 4,242 toneladas por hectare
4. Saldanha Marinho 4,207 toneladas por hectare
5. Não-Me-Toque 4,202 toneladas por hectare