Sofrendo com os impactos da alta importação de produtos químicos, principalmente dos Estados Unidos e da China, os empresários brasileiros do setor pretendem alertar a classe política sobre sua atual situação. Uma ação nesse sentido, desencadeada pela Frente Parlamentar da Química, em parceria com as empresas Braskem, Indorama Ventures (que adquiriu a Oxiteno) e Innova, promoverá na próxima segunda-feira (14) uma visita ao Polo Petroquímico de Triunfo, com a presença do governador Eduardo Leite e de vários deputados.
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O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, destaca que a intenção é resgatar a relevância do segmento químico no País. "Quando você vê uma petroquímica em funcionamento, percebe a real importância dessa indústria para o Estado e para o Brasil", enfatiza o dirigente. No primeiro semestre de 2023, o déficit na balança comercial do setor químico nacional foi da ordem de US$ 23,7 bilhões. As importações somaram US$ 31,2 bilhões e foram identificados aumentos significativos nas quantidades físicas importadas de resinas termoplásticas (30,6%), intermediários para detergentes (20,7%), fibras sintéticas (17,3%) e petroquímicos básicos (9,7%). As exportações brasileiras de produtos químicos somaram US$ 7,5 bilhões no semestre.
Essa condição, alerta o presidente-executivo da Abiquim, envolveu também uma queda na produção nacional de produtos químicos de uso industrial na ordem de 9,7%. O dirigente detalha que essa forte entrada de artigos químicos de outras nações se deve à queda média de 15% no preço desses itens. Ele explica que essa situação ocorre porque a China compra petróleo russo abaixo do custo do mercado internacional (algo causado pela guerra na Ucrânia) e os Estados Unidos têm um preço muito competitivo para o gás natural.
Outro fator que pesa contra a indústria química nacional, segundo Cordeiro, é que o segmento tem feito investimentos pesados para reduzir a emissão de gases de efeito estufa durante seu processo produtivo e muitas empresas internacionais não têm adotado as mesmas medidas. "Com esta visita (ao Polo Petroquímico de Triunfo), estamos fazendo um apelo para que o médico, que no caso é o governo federal e também os governos estaduais, nos receite um medicamento para resistir a esse ataque viral", diz o presidente executivo da Abiquim. Para ele, é preciso tomar mais de um "remédio" para amenizar a situação como, por exemplo, mudanças tarifárias e a disponibilização de uma matéria-prima com custo mais competitivo.
Cordeiro acrescenta que a dificuldade enfrentada pelas empresas também se reflete na arrecadação do governo, já que no primeiro semestre desse ano os impostos federais recolhidos pela indústria química encolheram cerca de R$ 2 bilhões, uma redução de aproximadamente 12%. Além da comitiva que irá ao polo gaúcho, o presidente-executivo da Abiquim prevê que ações semelhantes envolvendo políticos e empresas do setor sejam realizadas nos polos petroquímicos da Bahia e de São Paulo.