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CONJUNTURA

- Publicada em 03 de Agosto de 2023 às 17:31

Empresas do setor de automóveis e construção civil celebram tendência de queda dos juros

Corte nos juros era amplamente aguardado pelo segmento de construção civil

Corte nos juros era amplamente aguardado pelo segmento de construção civil


Punit PARANJPE/AFP/JC
Pedro Carrizo, especial para o JC
Pedro Carrizo, especial para o JC
A redução de meio ponto percentual na taxa Selic - de 13,75% para 13,25% ao ano - é celebrada em consenso por setores da economia que são fortemente impactados pelos juros altos, como o automotivo e o de construção civil. O anúncio feito pelo Copom nesta quarta-feira (2) já está repercutindo em um maior otimismo do mercado, que projeta tendência de manutenção das reduções, e a taxa de juros voltando ao patamar de um dígito a partir de 2024.

Já os impactos no cotidiano da população deverão ser sentidos ao desenrolar de novas reduções na Selic, oportunizando financiamentos a taxas mais atrativas o que, subsequentemente, aumenta o consumo das famílias, projetam fontes ouvidas pelo Jornal do Comércio.

Segundo Marcelo Guedes, vice-presidente de Operações da Melnick, os juros mais baixos são o principal fator de retomada para o setor de construção civil. Por isso, a queda da Selic, amplamente aguardada pelo segmento, aliada a tendência de baixa, já deve provocar novos investimentos da construtora ainda neste semestre.

"Dada a correlação direta do nosso negócio com a taxa de juros, comemoramos muito a redução. Já era esperado, no entanto, que o primeiro movimento seria mais conservador [de 0,5 pontos]. O importante é a percepção do mercado sobre os juros no longo prazo, que já está se refletindo em um maior apetite dos investidores", diz Guedes.

Ele explica que a tendência instaurada na quarta-feira é positiva para a receita das construtoras, que demandam capital intensivo para os empreendimentos imobiliários, mas tem um ciclo longo, de cerca de cinco anos, até o retorno desse investimento. “Paralelamente, também é positivo para os compradores de imóveis, que passam a ter financiamento no longo prazo com maior taxa de amortização”.

Outro segmento que comemora o reajuste é o de venda de automóveis. Não em razão propriamente da redução anunciada, mas pela perspectiva positiva que a sinalização da curva de juros menos alongada gera no setor, diz Marcelo Perez dos Reis, diretor do Grupo Iesa.

"Estávamos ansiosos por essa decisão. No entanto, entendo que a magnitude da redução poderia ter sido maior. Mas do ponto de vista prático, o mercado em si não esperava uma redução maior do que meio ponto", analisa Reis.
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Tanto o setor de construção civil quanto o de automóveis, por serem produtos duráveis e de alto valor agregado, tendem a sofrer mais quando há uma dificuldade de acesso à financiamento por parte dos consumidores.

No mercado de capitais, a queda dos juros já vinha sendo antecipada pelo mercado há alguns meses. O fundo de investimentos Privatto Multi Family Office, voltado à gestão de patrimônio de famílias e pessoas físicas, é um dos que anteciparam posições antes do anúncio do Copom. Desde maio, o fundo vem revisando as carteiras e alocando recursos em ativos que performam melhor em cenários de baixa dos juros, conta o CEO da Privatto, Eduardo Cairolli.

“Fundos atrelados à inflação, como o IMA-B, e ativos de renda variável tendem a performar melhor. Dentre estes ativos, as ações mais líquidas negociadas em bolsa tendem a se valorizar com a baixa dos juros, assim como empresas com maior grau endividamento”, analisa Cairolli.

Conforme o economista Everton Lopes, especializado em finanças pessoais, o impacto da Selic na vida da população será sentido no médio prazo, visto que ainda há uma diferença muito grande entre a inflação oficial (IPCA), que está 3,16% no acumulado dos 12 últimos meses, e a taxa básica de juros. “No momento em que essa diferença for reduzida, com a Selic voltando ao um dígito, devemos  sentir um aumento da confiança do consumidor”, diz Lopes.

Ele também projeta que a magnitude das próximas reduções deverão ser pautadas, entre outros fatores, pelo nível de consumo neste segundo semestre, marcado pelas festas de fim de ano, em que normalmente a população vai mais às compras.