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Governador inicia agenda na Argentina hoje
Eduaro Leite lidera comitiva, com empresários, que irá buscar alternativas para fornecimento de gás ao Rio Grande do Sul
A ida à Argentina de uma comitiva do governo gaúcho nesta quarta-feira ocorre em um momento estratégico, já que neste mês de julho foi inaugurado o primeiro trecho do gasoduto Néstor Kirchner, que permitirá o escoamento do gás de folhelho (também conhecido como gás de xisto) da jazida de Vaca Muerta, uma das maiores do mundo.
O governador Eduardo Leite salienta que, além do tema energético, durante a viagem a Buenos Aires, que tem suas agendas iniciando nesta quinta-feira e a volta da delegação prevista para segunda-feira, serão abordados assuntos nas áreas de turismo e agronegócio. "A Argentina é uma parceira comercial fundamental para o Rio Grande do Sul", frisa Leite.
O governador também buscará promover entre os argentinos a Expointer, que está se aproximando (o evento ocorrerá entre 26 de agosto e 3 de setembro).
Um dos destaques da missão será o encontro de Leite com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, previsto para acontecer na sexta-feira. Na reunião, o assunto gás deverá ser um dos tópicos principais, já que tem sido amplamente tratado pela imprensa local neste mês.
De acordo com matéria do jornal Clarín desta quarta-feira, o país vizinho pensa em até mesmo exportar o insumo para mercados da Europa e do Sudeste Asiático através da modalidade gás natural liquefeito (GNL), quando o combustível é transportado por navios em estado líquido e depois regaseificado ao chegar no seu destino final.
Essa possibilidade demonstra o potencial das reservas de Vaca Muerta que, se fossem destinadas apenas a atender o consumo interno argentino, poderiam suprir esse mercado por aproximadamente 170 anos. A jazida pode alcançar uma produção, até o final da década, de cerca de 400 milhões de metros cúbicos de gás ao dia (o que é mais do que 100 vezes o volume do insumo que chega ao Rio Grande do Sul através do gasoduto Bolívia-Brasil, o Gasbol).
A aproximação de Leite do governo argentino também é importante porque, apesar de ser muito provável que o gás estrangeiro irá abastecer de alguma forma o Brasil mais adiante, ainda não está claro por onde o combustível ingressaria no País.
O Rio Grande do Sul é uma opção clara de "porta de entrada" por sua proximidade com a Argentina, contudo também existe a possibilidade do gás ir até a Bolívia e dali adentrar em território nacional através do Mato Grosso do Sul. Para os gaúchos, essa última alternativa seria muito ruim, pois impediria que o gás argentino fomentasse no Estado atividades como a geração termelétrica e a produção de fertilizantes.
Mas, de qualquer forma, para o gás importado chegar até os brasileiros, ainda será necessário concluir toda a extensão do gasoduto Néstor Kirchner. A etapa inicial, já inaugurada, contempla 573 quilômetros de extensão, ligando a jazida de Vaca Muerta, na província de Neuquén, até Salliqueló, na província de Buenos Aires.
O prolongamento da estrutura prevê a adição de mais 500 quilômetros, aproximadamente. O complexo inteiro, quando concluído, deve absorver em torno de US$ 6 bilhões em investimentos. A expectativa da Argentina é que já seja possível exportar o seu gás a partir de 2024.
Também na agenda de Leite, outra reunião importante, antes mesmo do encontro com o presidente Fernández, será com o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, e com o embaixador do Brasil na nação vizinha, Julio Glinternick Bitelli.
Massa também é candidato a presidente e disputará as eleições que ocorrem ainda neste ano.
Já no final de semana a comitiva do governo gaúcho deverá visitar a Feira de Palermo, evento semelhante à Expointer, para depois retornar na segunda-feira para Porto Alegre.
Dados sobre o gasoduto Néstor Kirchner
Extensão do Trecho 1: 573 quilômetros
É o número de quilômetros que percorre o Trecho 1 do gasoduto desde a localidade de Tratayén (Neuquén) até Salliqueló (Buenos Aires).
Poupança em divisas: US$ 4,2 bilhões
É a economia total anual em milhões de dólares que o gasoduto permitirá durante seu primeiro ano de operação devido à substituição de importações.
Empregos: 48,8mil
São os empregos diretos e indiretos gerados a partir da construção do gasoduto.
Número de províncias abrangidas: quatro
Abrange o primeiro trecho do gasoduto, Neuquén, Río Negro, La Pampa e Buenos Aires.
Fonte: Governo da Argentina