Eduardo Leite vai à Argentina em busca de alternativa para fornecimento de gás ao RS

Primeiro trecho do gasoduto para escoar produção da jazida de Vaca Muerta já foi inaugurado

Por Jefferson Klein

Em Buenos Aires, Leite terá encontro amanhã com o presidente Alberto Fernández, titular da Casa Rosada
Enviado especial a Buenos Aires
A ida à Argentina de uma comitiva do governo gaúcho nesta quarta-feira (26) ocorre em um momento estratégico, já que neste mês de julho foi inaugurado o primeiro trecho do gasoduto Néstor Kirchner, que permitirá o escoamento do gás de folhelho (também conhecido como gás de xisto) da jazida de Vaca Muerta, uma das maiores do mundo.
O governador Eduardo Leite salienta que, além do tema energético, durante a viagem a Buenos Aires, que tem suas agendas iniciando nesta quinta-feira (27) e a volta da delegação prevista para segunda-feira (31), serão abordados assuntos nas áreas de turismo e agronegócio. "A Argentina é uma parceira comercial fundamental para o Rio Grande do Sul", frisa Leite.
O governador também buscará promover entre os argentinos a Expointer, que está se aproximando (o evento ocorrerá entre 26 de agosto e 3 de setembro).
Um dos destaques da missão será o encontro de Leite com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, previsto para acontecer na sexta-feira (28). Na reunião, o assunto gás deverá ser um dos tópicos principais, já que tem sido amplamente tratado pela imprensa local neste mês.
De acordo com matéria do jornal Clarín desta quarta-feira (26), o país vizinho pensa em até mesmo exportar o insumo para mercados da Europa e do Sudeste Asiático através da modalidade gás natural liquefeito (GNL), quando o combustível é transportado por navios em estado líquido e depois regaseificado ao chegar no seu destino final.
Essa possibilidade demonstra o potencial das reservas de Vaca Muerta que, se fossem destinadas apenas a atender o consumo interno argentino, poderiam suprir esse mercado por aproximadamente 170 anos. A jazida pode alcançar uma produção, até o final da década, de cerca de 400 milhões de metros cúbicos de gás ao dia (o que é mais do que 100 vezes o volume do insumo que chega ao Rio Grande do Sul através do gasoduto Bolívia-Brasil, o Gasbol).
A aproximação de Leite do governo argentino também é importante porque, apesar de ser muito provável que o gás estrangeiro irá abastecer de alguma forma o Brasil mais adiante, ainda não está claro por onde o combustível ingressaria no País.
O Rio Grande do Sul é uma opção clara de "porta de entrada" por sua proximidade com a Argentina, contudo também existe a possibilidade do gás ir até a Bolívia e dali adentrar em território nacional através do Mato Grosso do Sul. Para os gaúchos, essa última alternativa seria muito ruim, pois impediria que o gás argentino fomentasse no Estado atividades como a geração termelétrica e a produção de fertilizantes.
Mas, de qualquer forma, para o gás importado chegar até os brasileiros, ainda será necessário concluir toda a extensão do gasoduto Néstor Kirchner. A etapa inicial, já inaugurada, contempla 573 quilômetros de extensão, ligando a jazida de Vaca Muerta, na província de Neuquén, até Salliqueló, na província de Buenos Aires.
O prolongamento da estrutura prevê a adição de mais 500 quilômetros, aproximadamente. O complexo inteiro, quando concluído, deve absorver em torno de US$ 6 bilhões em investimentos. A expectativa da Argentina é que já seja possível exportar o seu gás a partir de 2024.
Também na agenda de Leite, outra reunião importante, antes mesmo do encontro com o presidente Fernández, será com o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, e com o embaixador do Brasil na nação vizinha, Julio Glinternick Bitelli. Massa também é candidato a presidente e disputará as eleições que ocorrem ainda neste ano.
Já no final de semana a comitiva do governo gaúcho deverá visitar a Feira de Palermo, evento semelhante à Expointer, para depois retornar na segunda-feira para Porto Alegre. 
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Dados mais relevantes sobre o gasoduto Néstor Kirchner

Extensão do trecho 1
573 quilômetros

É o número de quilômetros que percorre o Trecho 1 do gasoduto desde a localidade de Tratayén (Neuquén) até Salliqueló (Buenos Aires).

Poupança em divisas
US$ 4,2 bilhões

É a economia total anual em milhões de dólares que o gasoduto permitirá durante seu primeiro ano de operação devido à substituição de importações.

Empregos
48,8mil

São os empregos diretos e indiretos gerados a partir da construção do gasoduto.

Número de províncias abrangidas
Quatro

Abrange o primeiro trecho do gasoduto: Neuquén, Río Negro, La Pampa e Buenos Aires.

Fonte: Governo da Argentina

Roteiro da missão gaúcha na Argentina

• Quinta-feira (27/7)

8h45min: Encontro com o Embaixador Julio Glinternick Bitelli
9h30min: Seminário Rio Grande del Sur: El futuro nos Une
13h: Almoço com Embaixador Julio Glinternick Bitelli
15h: Encontro com Chanceler Santiago Cafieiro
16h: Reunião com Aerolíneas Argentinas
18h: Reunião na Invest Argentina
Aguardando confirmação de horário: Encontro com Ministro da Economia Sergio Massa

• Sexta-feira (28/7)

9h30min: Reunião com Mercado Livre
11h: Reunião no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secretárias Simone e Lisiane)
12h30min: Audiência com o presidente Alberto Fernández
14h: Agenda em elaboração
16h30min: Reunião na Unión Industrial Argentina (a confirmar)
18h: Coquetel na Embaixada do Brasil

• Sábado (29/7)

11h: Cerimônia de Abertura Oficial da ExpoRural 2023
12h: Visita à feira
20h: Coquetel com autoridades estrangeiras

• Domingo (30/7)

10h: Reunião com Presidente da Sociedad Rural Argentina, Nicolás Pino
11h: Visita à feira
*Sujeito a alterações
Fonte: Governo do Estado