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Rio Grande do Sul ganha nova rota hidroviária em setembro
Trajeto ainda em fase de teste possibilita turismo de Porto Alegre a Barra do Ribeiro
A Costa Doce do Rio Grande do Sul ainda é pouco explorada em relação ao seu potencial hidroviário. Visando mudar essa realidade, a prefeitura de Barra do Ribeiro inaugurou, neste domingo (9), os molhes e o farol da barra, permitindo que a região tenha mais uma rota hidroviária. Inicialmente, o trajeto será explorado como destino turístico pela embarcação Viva Guaíba, do grupo CatSul, que deve ter operações saindo do Pier do Pontal, em Porto Alegre, todos os finais de semana a partir de setembro em direção à Barra.
Segundo o prefeito da cidade, Jair Machado (MDB), os investimentos na orla da Barra do Ribeiro são estratégicos para o desenvolvimento econômico da cidade através do turismo. A inauguração dos molhes aconteceu durante a 3ª edição do Velejaço Solidário. "Estamos incentivando a parte náutica. Infelizmente os municípios da Costa Doce têm virado suas costas para o rio", refletiu. Cerca de duzentas embarcações participaram da edição.
Além disso, ele demonstrou interesse em utilizar a hidrovia para transporte comercial metropolitano e o uso turístico servirá como teste para este fim. "Uma das ambições que temos na Barra do Ribeiro é poder receber o Catamarã", disse. Isso, no entanto, ainda não é possível, pois embarcações maiores não conseguem atracar muito próximo à beira e será necessário realizar uma dragagem.
O secretário estadual do Turismo, Vilson Covatti (PP), considerou a iniciativa importante para o setor. "O turista quer turismo de qualidade. Vamos mostrar que Porto Alegre pode mais e o Rio Grande do Sul pode mais", afirmou. Segundo projetou o secretário na abertura oficial do Velejaço, a segunda gestão do governo Eduardo Leite (PSDB) pretende dobrar a participação do setor turístico no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho de 4% para 8%.
Covatti também levantou a possibilidade de uma marina em Itapuã, em Viamão, com investimento de R$ 10 milhões. Perguntado pela reportagem se ficava próximo à reserva ambiental, ele disse que era "próximo" e que "está sendo feito um inventário para a iniciativa privada ter segurança dos seus investimentos", pontuou. Sem detalhar, ele disse que há estudo para utilizar as estruturas também para o transporte metropolitano. "É um transporte que integra as cidades e não atinge o meio ambiente."
Além do turismo doméstico, como bem ressaltou o embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Eduardo Valles, que estava presente na embarcação e na inauguração dos molhes, é possível estreitar relações entre Rio Grande do Sul e Uruguai por todos os modais de transporte, especialmente pelas águas, para fins turísticos e também logísticos. Segundo a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), a malha hidroviária diminuiu e é preciso resgatar esse potencial. No passado, o Estado teve 1.200 km de hidrovias navegáveis, já hoje, conta com 700 km.
Nesse sentido, Valles destacou três ações recentes que contribuem para essa aproximação: voos de Porto Alegre para Rivera considerados, agora, domésticos, medida já aprovada pelo ministério da Defesa uruguaio, o que reduz as taxações de voos internacionais; o leilão do projeto de concessão da segunda ponte entre Jaguarão e Rio Branco, autorizado pelo Ministério dos Transportes; e o leilão da dragagem para a Hidrovia Brasil-Uruguai previsto até o final do ano. "Essa rota será usada principalmente para transporte de cargas, mas, naturalmente, o turismo náutico é maravilhoso, precisamos olhar para isso", refletiu.
Durante o passeio, que tem duração, em média, de 35 minutos, os turistas podem desfrutar, além da vista para o lago Guaíba, as ilhas que compõem a paisagem, como a Ilha do Presídio e a Ilha da Ponta Grossa.