Viagens corporativas seguem em ritmo aquecido no Rio Grande do Sul

No cenário pós-pandemia, perfil do segmento mudou, ampliando o período de reservas na rede hoteleira

Por Elisa Heinski

Master registra aumento da procura por reservas feitas pelas empresas e por executivos de forma particular
Desde a atenuação da pandemia de Covid-19 e da consequente retomada dos eventos presenciais, o ramo de viagens executivas vem apresentando aumento de suas atividades. Segundo relatório divulgado pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), o faturamento em maio de 2023 alcançou R$ 322 milhões no setor de hotelaria nacional voltado ao cliente executivo, valor 23% maior que o registrado no mesmo período de 2019, pré-pandemia. No Estado, embora as entidades do setor não tenham dados consolidados sobre o incremento, o aquecimento da atividade é notado desde o início do ano, e a projeção é de um segundo semestre ainda melhor, apoiado em grandes eventos que devem ocorrer na Capital.
Para Lívia Trois, diretora geral da rede Master Hotéis, os acréscimos são expressivos tanto para viagens negociadas pelas empresas quanto para as reservadas por executivos de forma particular. “Temos alguns executivos que vêm de forma direta no nosso site, alguns utilizam as plataformas de reserva, outros usam as agências”, aponta. 
Já o vice-presidente de Marketing e Vendas da Atrio Hotéis, administradora que comanda as operações da rede Ibis, César Nunes, alega que o aquecimento se dá no público que frequenta os eventos corporativos. “Tem uma compensação muito forte na quantidade de eventos, pois eles acabaram ficando muito represados durante a pandemia”. 
Uma nova tendência percebida no ramo é a associação das viagens corporativas com as turísticas, visto que reuniões rápidas ou mais simples passaram a ser realizadas de forma remota. Dessa forma, pessoas que viajam a trabalho têm se organizado para se hospedar por mais tempo nos locais, com o objetivo de também conhecer as cidades-sede dos compromissos profissionais. “A gente tinha um perfil bem claro, de terça a quarta-feira ou de quarta a quinta-feira em Porto Alegre, mas hoje em dia as estadas se estendem também para o final de semana pelo público de viagem corporativa”, afirma Lívia. 

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Para Nunes, outro motivo que resulta no aumento das estadas pelos executivos é o valor elevado das passagens aéreas, fator que também interfere na ampliação do chamado lead time, período de tempo entre a reserva e o início da hospedagem dos clientes. “Você já começa a ver projeções de ocupações muito boas para agosto, setembro e outubro, porque as viagens estão mais planejadas, as pessoas já começam a olhar mais para a frente, porque ninguém garantia ano passado que a pandemia havia realmente acabado”, pontua.
Outro fator relevante são os perfis dos executivos. Nos que frequentam os diferentes estabelecimentos oferecidos pela Master Hotéis, 55% das reservas são feitas por homens, na faixa etária dos 40 anos aos 45 anos. A diretora da rede conta que nas hospedagens localizadas na unidade da Avenida Carlos Gomes, o público é, em sua maioria, composto por trabalhadores de multinacionais, enquanto na da região da Cidade Baixa os clientes normalmente estão relacionados ao segmento cultural. Já os executivos que se hospedam próximos ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, em geral são os que fazem passagem mais curta pela Capital e precisam da proximidade com as principais rodovias de saída da cidade.
No que diz respeito aos preços, o presidente da Abracorp, Gervasio Tanabe, dá destaque ao potencial flutuante deste setor, o que possibilita maior competitividade, ao passo que se adequa à lei de oferta e demanda. Dessa forma, nos períodos de maior procura, os preços sobem, como ocorreu em Porto Alegre durante a realização do South Summit. Porém, quando a demanda diminui, os valores também se tornam mais baixos, o que proporciona uma volatilidade natural.
Tanabe, em material divulgado pela entidade, pontua que essa flexibilidade nos preços é importante, visto que tanto os hotéis como os clientes não ficam reféns de negociações que podem prejudicar um dos lados em determinado período do ano. “Além disso, as tarifas flutuantes podem ser trabalhadas com menor burocracia no processo para quem gerencia isso”, destaca.
A expectativa para o segundo semestre de 2023 é positiva, pois eventos nas áreas médica, de agronegócios e de varejo são esperados para ocorrer no Rio Grande do Sul, como a Expointer, programações que fomentam o setor de hotelaria corporativa. A estimativa projetada pela Master Hotéis é de um incremento de 25% a 30% no volume de hospedagens executivas para o período, comparada aos primeiros seis meses do ano.