Algo que aconteceu com a construção do Polo Petroquímico de Triunfo, há cerca de 40 anos, está prestes a se repetir no Rio Grande Sul, com a possibilidade do Estado ser alimentado com gás proveniente da Argentina. Ao que tudo indica, haverá novamente uma enorme união de esforços entre a classe política e empresarial gaúcha para que esse combustível entre no Brasil através da fronteira de Uruguaiana.
JC NOTÍCIAS: Repórter explica a mobilização gaúcha pelo gasoduto argentino
LEIA MAIS: Acompanhe a cobertura completa da Missão do RS na Argentina
A possibilidade dessa perspectiva se concretizar foi o principal assunto debatido durante a passagem da comitiva do governo do Rio Grande do Sul em Buenos Aires. A missão, que foi liderada pelo governador Eduardo Leite, teve compromissos entre quinta-feira (27) e este domingo (30).
Houve encontros com representantes políticos e da iniciativa privada, como o presidente da Argentina, Alberto Fernández, o ministro da Economia (e candidato à presidência), Sergio Massa, o presidente da Sociedad Rural Argentina, Nicolás Pino, e executivos das empresas Mercado Livre e Aerolíneas Argentinas.
"Para o Rio Grande do Sul, do ponto de vista econômico, é relevante que, além de estar ao Sul do País, que estejamos no centro do Mercosul", frisa Leite.
Na visita ao país vizinho, o governador teve a confirmação do aumento de 2 mil assentos nos voos da Aerolíneas Argentinas que ligam Porto Alegre a Buenos Aires e a intenção da Mercado Livre de abrir um Centro de Distribuição (CD) no Rio Grande do Sul. Mas, sem dúvida, o projeto mais ambicioso é fazer com que o gás de folhelho (também conhecido como gás de xisto) da jazida de Vaca Muerta chegue no Brasil pela fronteira gaúcha.
O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, frisa que sempre foi defensor de uma maior integração entre Brasil e Argentina. O empresário diz que está otimista que os dois lados possam avançar nesse sentido. No caso do gasoduto Néstor Kirchner, que permitirá o escoamento do gás de Vaca Muerta, Petry recorda que no começo deste ano visitou a Argentina, compondo uma delegação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e já na ocasião se falava muito sobre essa estrutura.
O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, frisa que sempre foi defensor de uma maior integração entre Brasil e Argentina. O empresário diz que está otimista que os dois lados possam avançar nesse sentido. No caso do gasoduto Néstor Kirchner, que permitirá o escoamento do gás de Vaca Muerta, Petry recorda que no começo deste ano visitou a Argentina, compondo uma delegação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e já na ocasião se falava muito sobre essa estrutura.
Leite tratou da demanda sobre a extensão do gasoduto em encontro com Sérgio Massa. Foto: Mauricio Tonetto/Divulgação
O representante da Fiergs considera o empreendimento importante e apoia o financiamento do Brasil ao projeto, desde que haja a garantia que parte da produção da jazida seja destinada ao País. "E o gasoduto tem que entrar no Brasil pelo Rio Grande do Sul, não lá por cima (Mato Grosso do Sul ou outra região)", sustenta o dirigente.
Ele acrescenta que o Estado já está sofrendo com uma oferta e demanda muito apertada de gás, o que dificulta a ampliação do consumo desse combustível por empresas gaúchas. Petry não acredita que o resultado das eleições para presidente da Argentina, que acontecerão ainda neste ano, possa alterar os planos para a produção de Vaca Muerta. "Com 'A' ou 'B' no governo, esse gás terá que ser vendido", argumenta.
Já o uruguaianense e presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Retomada da Termo Uruguaiana, deputado estadual Frederico Antunes (PP), lembra que uma parte da malha argentina de gasodutos já alcança o município gaúcho.
Tanto que a usina da cidade, de 650 MW, foi inaugurada em 2000 para ser alimentada com gás do país vizinho. No entanto, como a produção desse combustível ficou estagnada com o passar dos anos na Argentina, aquela nação deixou de exportar esse insumo para atender à sua demanda interna. Agora, com a descoberta da jazida de Vaca Muerta, a expectativa é que esse cenário se modifique.
Hoje, a usina em Uruguaiana está "hibernarda", tendo operado pela última vez em fevereiro de 2021. O deputado enfatiza que, após alimentar a térmica na Fronteira Oeste, poderá ser construído um gasoduto até a região Metropolitana de Porto Alegre para que o combustível abasteça também a usina que fica em Canoas.