O tema do gás foi novamente destaque na agenda da comitiva do governo gaúcho em Buenos Aires. Nesta sexta-feira (28), o governador Eduardo Leite teve reuniões com o presidente argentino, Alberto Fernández, e com a secretária de Energia, Flavia Gabriela Royón, e foi informado que a segunda etapa do gasoduto Néstor Kirchner, que possibilitará o escoamento do gás da jazida de Vaca Muerta, será licitada em setembro.
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Leite aproveitou o encontro com as autoridades do país vizinho para reforçar o interesse do Rio Grande do Sul que o gás proveniente da Argentina entre no Brasil pelo Rio Grande do Sul, mais especificamente pela fronteira com Uruguaiana (cidade que a ampliação do gasoduto permitirá abastecer). Apesar disso, o governador enfatiza que essa decisão é algo que compete ao governo da argentino.
Por outro lado, Leite não se furtou em ressaltar as proximidades entre as duas regiões, tanto geograficamente como pelos costumes.
"Estamos unidos pela cultura gaucha", afirmou ele em coletiva concedida na Casa Rosada (sede do governo local), usando a entonação que os argentinos utilizam para a palavra, com um destaque maior no primeiro "a" do que no "u", como no português.
Sobre o gasoduto Néstor Kirchner, tem circulado na Argentina, e inclusive no Brasil, um vídeo falso apontando que a primeira fase da estrutura não teria sido concluída e que não passaria de um engodo do governo argentino.
No entanto, a etapa inicial da estrutura, de 573 quilômetros de extensão, está finalizada. O próximo trecho terá mais cerca de 500 quilômetros.
Quando esteve em Porto Alegre, em março, durante palestra na Fiergs, a secretária de Energia da Argentina previa que o gás de folhelho (também conhecido como gás de xisto) de Vaca Muerta pudesse chegar a Uruguaiana ainda em outubro, porém essa previsão não irá se concretizar. Há a expectativa que o governo brasileiro, através do Bndes, financie a compra de materiais para a construção da segunda fase do gasoduto.
Leite salienta que é importante que a cooperação entre Brasil e Argentina se intensifique e o Rio Grande do Sul está literalmente no centro dessa questão. O governador adianta que, futuramente, existe a possibilidade de uma visita do presidente Alberto Fernández ao Estado.
Já o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, acrescenta que é fundamental essa aproximação com as autoridades do país vizinho, já que a Argentina é o principal parceiro comercial do Estado. "Nós estamos trabalhando para potencializar cada vez mais a nossa produção e necessariamente precisamos abrir canais de exportação", reforça o secretário.
Polo diz que o foco da comitiva gaúcha em Buenos Aires é a abertura de negócios e expandir as relações comerciais. Ele destaca que há empresários e representantes de entidades como Fiergs e Farsul na viagem e essa combinação de esforços entre os setores privado e público incrementa o retorno dos esforços de aproximação.
Para o secretário, outro ponto relevante que precisa ser trabalhado entre as duas regiões é desburocratização do trânsito de mercadorias e de pessoas entre elas. No âmbito do Mercosul, ele frisa que os países do bloco podem se firmar como grandes exportadores de alimentos, seja com a proteína animal ou com grãos.
Quanto à formatação da Agência de Desenvolvimento do governo do Estado, que pretende ser um instrumento para alavancar novos negócios no Rio Grande do Sul, Polo detalha que está sendo trabalhada a questão legal da iniciativa e a perspectiva é que ainda neste ano a ferramenta já esteja estruturada e dando "seus primeiros passos".