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Comércio exterior

- Publicada em 18 de Julho de 2023 às 19:03

Exportação de soja via Rio Grande deve crescer no 2º semestre com alta na cotação

De janeiro a junho de 2023, movimentação da soja em grãos pelo Porto de Rio Grande cresceu 118,05%

De janeiro a junho de 2023, movimentação da soja em grãos pelo Porto de Rio Grande cresceu 118,05%


Rodrigo de Aguiar/Portos RS/Divulgação jc
Pedro Carrizo, especial para o JC
Pedro Carrizo, especial para o JC
Em meio à desvalorização nacional do preço da soja no primeiro semestre deste ano, a expectativa é de que haja uma alta nas movimentações do grão pelo Porto de Rio Grande na segunda metade do ano. Isso acontece porque parte dos produtores rurais do Estado, que já sofre com a quebra de produção nos últimos dois ciclos, aguarda que a cotação fique mais favorável para escoar o produto.

Este é um movimento que já vem acontecendo nos últimos anos, explica Antonio Carlos Bacchieri, executivo da Bianchini S.A., responsável por um dos terminais do Porto. "Antigamente, toda a safra saía rapidamente entre maio e agosto. Agora não funciona mais assim, tudo depende do valor que o mercado está pagando pela saca. Hoje a gente vê picos em determinados meses que antes eram ociosos. Existe muita soja guardada em estoques particulares", diz.

A estocagem da soja neste ciclo é confirmada por produtores e empresários do segmento rural gaúcho.

Segundo o vice-presidente da Aprosoja RS, Décio Teixeira, diante de um cenário totalmente desfavorável que assola as lavouras gaúchas há dois anos, os produtores com condições de segurar sua produção de soja o estão fazendo na tentativa de conseguir melhores preços. "Em razão do pouco volume que tivemos no Estado, o produtor está segurando para tentar vender a um preço melhor. Se não segurar, quem perde também é o Estado. O produtor não está satisfeito com essas manipulações de mercado", diz Teixeira.

“No entanto, um grande número de produtores não tem mais grãos para comercializar. A maioria teve que vender logo após a colheita para quitar dívidas”, acrescenta o produtor rural Luis Fernando Fuchs.

De janeiro a junho de 2023, a movimentação da soja em grãos pelo Porto de Rio Grande teve uma alta de 118,05% em comparação ao mesmo período do ano passado, apontam os dados da instituição.

Segundo fontes ouvidas pelo Jornal do Comércio, a alta nas movimentações se justifica por dois motivos. O primeiro é em razão da produção reduzida que o Estado teve no ciclo anterior. Então, mesmo que a safra atual não tenha sido boa em função do La Niña, ainda sim é bem superior a de 2021/2022.

O outro possível motivo é que o Brasil registrou safra recorde de soja neste ciclo e alguns estados tiveram que escoar sua produção pelo Porto de Rio Grande em razão da superlotação nos demais terminais. De acordo com estimativa da Aprosoja RS, o Rio Grande do Sul colheu cerca de 12 milhões de toneladas do grão na safra atual, resultado bem aquém da projeção, que era de 21 milhões. Mesmo assim, superior a colheita passada, que foi de apenas 9 milhões de toneladas.

Já no Brasil, o cenário é o inverso, foram colhidos mais de 154 milhões de toneladas neste ciclo, o que é um resultado extraordinário, avalia o vice-presidente da instituição.

Paralelamente à quebra de produção no Estado, o preço nacional da soja também caiu consideravelmente da safra passada para esta. No período de colheita em 2022, o preço da saca era de cerca de R$ 180,00. A partir de março, a cotação começou a cair e chegou a R$ 121,00 em meados de maio. Atualmente, o preço pago aos produtores está em torno de R$ 135,00.

O economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antonio da Luz, explica que o movimento de queda da cotação se deu nacionalmente, justamente porque o Brasil produziu muito e não conseguiu escoar adequadamente. "Os preços voltaram a subir neste mês, em virtude da menor pressão vendedora interna, além da projeção de menor colheita na próxima safra norte-americana", diz.
Da Luz ainda contrapõe a informação de que há soja estocada no Estado, avalia que a produção gaúcha já foi escoada para o mercado interno ou exportada. Segundo ele, os estoques estavam baixos desde o ciclo passado e, devido também à baixa safra de 2022/2023, não há mais soja para exportar. 
Entretanto, de acordo com diversas fontes ouvidas pelo Jornal do Comércio, os produtores que conseguiram montar reservas aguardavam essa valorização da soja para escoar a produção.

SAFRA DE SOJA EM GRÃOS NO ESTADO

Safra 21/22 - 9 milhões de toneladas
Safra 22/23 - 12 milhões de toneladas (estimado)

EXPORTAÇÕES DE SOJA VIA PORTO DE RIO GRANDE*

De março a junho de 2022 - 1.254.365 
De março a junho de 2023 - 2.735.122 (alta de 118,05%)
*Em milhões de toneladas