Em linha com o seu plano de descarbonização, a Eletrobras reiterou na tarde desta quarta-feira (12) que pretende se desfazer da termelétrica gaúcha Candiota 3. No final do ano passado, havia sido aberta também a possibilidade de a usina ser descomissionada (desligada), no entanto, atualmente o foco da empresa é vender o empreendimento que para operar usa o carvão extraído da cidade de mesmo nome. Conforme os executivos da companhia, o processo de alienação do ativo foi iniciado, com discussões com potenciais compradores, e a perspectiva é finalizar o negócio ainda em 2023.
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O desinvestimento em térmicas, previsto pela Eletrobras, contribuirá para companhia chegar ao net zero (neutralidade quanto à emissão de carbono) em 2030. Hoje, a empresa verifica uma emissão anual de 5,6 milhões de tCO2. “O mundo espera das companhias de energia uma geração renovável e baixas emissões”, enfatiza o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior.
Apesar da posição da empresa de repassar o controle de Candiota 3, que é administrada pela sua subsidiária CGT Eletrosul, o dirigente frisa que a ação não significa que a planta será fechada. Ele argumenta que a unidade na região da Campanha do Rio Grande do Sul poderá continuar operando, por exemplo, como uma usina merchant (plantas que comercializam energia em acordos de curto prazo e que podem funcionar em determinados períodos, quando necessárias). A atividade dessas termelétricas normalmente ocorre em situações de falta de água (o que atrapalha a geração hidrelétrica). Outra possibilidade é a exportação de energia para outros países na América do Sul.
A vida útil de Candiota 3, segundo Ferreira Junior, é prevista para além de 2040. “Então ela tem um espaço muito grande de produção de energia. Candiota 3 vai continuar, o ponto fundamental é o formato comercial que ela vai ter ”, diz o presidente da Eletrobras. A potência da usina é de 350 MW, o que significa em torno de 9% da demanda média de energia elétrica do Estado. Atuam na térmica cerca de 200 colaboradores, sem contar os empregos gerados na mineração do carvão e os postos de trabalho propiciados indiretamente. O início de funcionamento da termelétrica (também conhecida como Fase C) ocorreu em 2011 e foi resultado de um investimento de aproximadamente R$ 1,5 bilhão.
Para a diretora estadual do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), Maria Cristina Silva da Silva, o fechamento de Candiota 3 seria trágico, mas a venda também não é a melhor solução para os trabalhadores e a região. “Porque nós não somos bons para seguir com a Eletrobras e termos uma transição energética justa e inclusiva e somos bons para sermos vendidos?”, indaga a sindicalista. Ela receia que a alienação possa ocasionar precarização e fechamento de postos de trabalho, gerando impacto social no município.
A Eletrobras realizou nesta quarta-feira o Eletrobras Day, evento restrito a acionistas da companhia, com o objetivo de apresentar ao mercado um panorama sobre o momento da empresa um ano após sua capitalização, bem como destaques, compromissos, diretrizes e estratégias. No momento, a companhia tem uma capacidade instalada de geração de 44,4 mil MW, o que representa 23% da potência instalada do Brasil ou quase quatro usinas de Itaipu. Do total do parque gerador da empresa, 97% é composto de produção limpa de energia.