Porto Alegre vai expandir o Distrito Industrial da Restinga

Prefeitura vai vender 51 lotes para empresas em uma área de 56 hectares no Extremo Sul da Capital

Por Cláudio Isaías

Dirigentes acreditam que economia da região ganhará impulso
Com 100 mil habitantes, o bairro Restinga poderá começar a mudar a sua história econômica a partir da próxima semana, quando serão vendidos a empresas 51 terrenos no Distrito Industrial localizado no bairro do Extremo Sul de Porto Alegre.
O edital de venda dos terrenos será lançado no dia 5 de junho, segunda-feira, no site da prefeitura de Porto Alegre. A ideia do município é promover a expansão do Distrito Industrial, atraindo empresas e gerando emprego e renda para os moradores da região.
Os 51 lotes têm, cada um, 2 mil metros quadrados e integram o complexo industrial, que tem uma área reservada de 56 hectares. A concorrência pública poderá ter a participação dos empresários que já estão instalados no local e quem tem interesse em ampliar suas plantas, assim como também deverá atrair novos empreendedores.
No dia 6 de junho, o prefeito Sebastião Melo e o secretário municipal de Administração e Patrimônio, André Barbosa, visitarão a sede da Associação do Comércio e Indústria da Restinga para prestar mais informações aos interessados nos lotes que estarão sendo comercializados.
Na quinta-feira,
Antes de uma ocupação irregular tomar o espaço de 32 hectares, o Distrito Industrial da Restinga possuía 88 hectares. Com o processo de regularização fundiária das famílias que lá se instalaram, restaram 56 hectares no Distrito Industrial, que hoje são ocupados, em parte, por 32 empresas com atuação nas áreas de reciclagem, móveis, eventos, concreto, medicamentos, saneamento básico, indústria farmacêutica, uma cervejaria, uma indústria de composto para fertilizantes, usina de tratamento e beneficiamento de resíduos da construção civil, além de uma unidade da CEEE Equatorial.
 

Criado na década de 1980, complexo industrial também poderá ter empresas de logística

O Distrito Industrial da Restinga existe desde a década de 1980. Conforme a presidente da Associação do Comércio e Indústria da Restinga, Aline Colombo, as 32 empresas que se instalaram na região foram abandonadas por três décadas pelo poder público. "Nunca tínhamos conseguido diálogo com a prefeitura", lamenta.
Aline afirma que a associação começou a mudar esta história em janeiro deste ano, após diversas conversas e negociações com o prefeito Sebastião Melo para atualizar a legislação municipal e transformar o Distrito Industrial também em uma área comercial.
"Agora, o empresário poderá colocar, por exemplo, um centro de distribuição nos terrenos que estarão a venda a partir do dia 5 de junho", explica. Conforme Aline Colombo, há dois anos, a entidader conseguiu com muito debate propor a modificação da legislação do município.
"Hoje, temos na Restinga milhares de pessoas que todos os dias precisam se deslocar para outros bairros ou para o Centro de Porto Alegre porque na região temos poucas oportunidades de trabalho. Queremos reverter esse quadro", ressalta. A presidente da associação afirma que tanto os empresários quanto os moradores são apaixonados pelo bairro. "Queremos que todos fiquem aqui. Temos pessoas honradas e trabalhadoras", reitera.
De acordo com a liderança local, a Restinga é uma cidade do Interior dentro de Porto Alegre e possui um senso de comunidade muito forte, com muitas pessoas de bem. Para Aline Colombo, se a mudança da legislação municipal não estivesse tão atrasada, o bairro Restinga poderia, por exemplo, atrair empresas do porte da Mercado Livre que optou pela cidade de Nova Santa Rita para instalar o seu Centro de Distribuição.
A presidente da associação afirma que a comunidade da Restinga, com apoio dos empresários, deseja a oportunidade de mostrar o potencial da força de trabalho dos seus moradores. "A nossa proposta é que a vida aconteça no bairro Restinga", acrescenta.

Empresários planejam ampliar negócios na região

Com atuação desde de 2008, no Distrito Industrial da Restinga, o diretor da Embapel Reciclagem, Giovanni Moser, afirmou que os empreendedores estão na expectativa de participar dos editais de concorrência pública que serão lançados pela prefeitura de Porto Alegre para aquisição dos terrenos no Complexo Industrial.
Instalado em uma área de 7 mil metros quadrados (dos quais 4,5 mil são de área construída), na avenida Ricardo Leônidas Ribas, no bairro Restinga, Moser afirma que pensa na expansão da empresa. A ideia do empresário é adquirir uma área de 2 mil metros quadrados e ampliar a empresa.
"Estamos há 15 anos na Restinga e somos o elo de ligação entre a fonte de geração de resíduos e os recicladores. Coletamos quantidades menores e entregamos volumes grandes para as indústrias. Precisamos da expansão da empresa", destaca. A empresa conta com 30 funcionários.
Os materiais coletados pela Embapel Reciclagem são a folha A4, cadernos e livros que viram papel toalha e higiênico, papéis mistos que são transformados em bucha para calçado e o plástico resulta em sacolas plásticas.
Já as embalagens para refrigerante e o plástico em geral viram torneiras, baldes e bacias. Os clientes da empresa estão localizados em diversas cidades do interior do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná e também em São Paulo. A empresa existe desde 1988 e funcionava na avenida Otto Niemeyer, na Zona Sul de Porto Alegre.
Presente desde 2013 no Distrito de Industrial da Restinga, a Braserv – Engenharia e Serviços Técnicos, é a única usina de entulhos de Porto Alegre licenciada pela prefeitura. O presidente Marcelo de Castro Lima informou que antes de ir para a Restinga a empresa atuava no bairro Ipanema.
Marcelo de Castro Lima é presidente da Braserv, que está desde 2013 no Distrito Industrial da Restinga (Foto: Tânia Meinerz/JC)
No estabelecimento, são fabricados com resíduos de materiais da construção civil – pisos, blocos e contenção de muro. Com 10 mil metros quadrados de área e 10 funcionários, Lima afirma que pretende comprar um terreno para ampliação da empresa e possivelmente ampliar o quadro de trabalhadores. A Usina tem capacidade de receber 50 caçambas/dia. Porém, só recebe dez porque os materiais são descartados de forma clandestina.