Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

Relações Internacionais

- Publicada em 22 de Junho de 2023 às 17:17

No exterior, Lula volta a criticar a decisão do Banco Central sobre a taxa de juros

Nesta quinta-feira, Lula também se reuniu com o líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, para descongelar a relação entre os dois países

Nesta quinta-feira, Lula também se reuniu com o líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, para descongelar a relação entre os dois países


Miguel Díaz-Canel Bermúdez/divulgação jc
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a decisão do Banco Central sobre a taxa de juros, mantida em 13,75% pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na quarta-feira. Em coletiva de imprensa concedida em Roma, antes de viajar da Itália para a França, o petista disse que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, joga contra a economia brasileira e que deve ser cobrado pelo Senado, que tem poder para avalizar uma mudança no comando da instituição.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a decisão do Banco Central sobre a taxa de juros, mantida em 13,75% pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na quarta-feira. Em coletiva de imprensa concedida em Roma, antes de viajar da Itália para a França, o petista disse que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, joga contra a economia brasileira e que deve ser cobrado pelo Senado, que tem poder para avalizar uma mudança no comando da instituição.

• LEIA TAMBÉM: Na Itália, Lula diz que manutenção da atual taxa de juros é irracional

"Eu acho que esse cidadão joga contra a economia brasileira. Não existe explicação aceitável para que a taxa de juros esteja em 13,75%. Não temos inflação de demanda no Brasil", disse Lula.
"Eu tenho cobrado dos senadores porque foram eles que colocaram esse cidadão lá. Os senadores têm que analisar se ele está cumprindo aquilo que ele tem de cumprir. Na lei, ele tem que cuidar da inflação, do crescimento econômico e da geração de emprego. Então, tem que ser cobrado", afirmou.
A Lei de Autonomia do Banco Central, de 2021, estabelece mandatos fixos ao presidente do BC e seus diretores, com mandato de quatro anos, com direito a uma recondução. Indicado pelo antecessor Jair Bolsonaro, Campos Neto pode ficar no cargo até dezembro de 2024.
"Quando o presidente indicava o presidente do Banco Central, quem era cobrado era o presidente. Agora, não. O presidente não pode fazer nada. O Senado é que tem responsabilidade de cobrar dele", completou Lula.
O petista disse também que não se trata de uma briga do governo contra o BC, mas de uma insatisfação da sociedade brasileira e citou entidades como a CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), além de grandes grupos varejistas e pequenos e médios empresários.
"É irracional o que está acontecendo no Brasil. Você tem uma taxa de juro de 13,75% com inflação de 5%, ou seja, cada vez que reduz meio ponto a inflação, aumenta o juro real no país. Não é possível ninguém tomar dinheiro emprestado para pagar 14% ao ano, às vezes 18% ao ano."
Lula, que tem encontro bilateral com o presidente da França, Emmanuel Macron, previsto para esta sexta-feira (23), afirmou que pretende discutir os termos do acordo entre o Mercosul e União Europeia, travado por conta de novas condicionantes ambientais pedidas pelos europeus e divergências do governo brasileiro sobre a reindustrialização do país.
O petista, que prometeu concluir as conversas neste ano, classificou como inaceitável a carta adicional que o bloco apresentou, a qual propõe transformar em obrigações compromissos ambientais feitos de forma voluntária na primeira redação da proposta. O texto está em análise pelas áreas técnicas dos ministérios envolvidos na discussão.
"É inaceitável porque eles colocam punição para qualquer país que não cumpriu o Acordo de Paris. Nem eles cumpriram. Os países ricos não cumpriram o Acordo de Paris, o Protocolo de Kyoto e a decisão de Copenhague. Então, é preciso que a gente tenha um pouco mais de sensibilidade, um pouco mais de humildade", disse ele, que afirmou que a resposta do governo brasileiro está em preparação.
"Não é correto você está discutindo o acordo e alguém achar que pode colocar punição ao parceiro do acordo. Um acordo pressupõe uma via de duas mãos: todo mundo tem que ceder e conquistar alguma coisa."
"Eu pretendo conversar com o presidente Macron, porque a França é muito dura na defesa dos seus interesses agrícolas, e é importante a gente convencer a França de que é maravilhoso que eles defendam a sua agricultura, mas eles têm que entender que os outros também têm o direito de fazer o mesmo. É preciso que cada um abra mão do seu protecionismo, para que a gente possa construir a possibilidade de um acordo que melhore a situação da União Europeia e da América do Sul", completou.
Ainda sobre o continente, afirmou que conversou com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) nesta quarta sobre a crise econômica na Argentina e que pretende apresentar uma possível solução durante visita do presidente argentino, Alberto Fernández, no próximo dia 26.
Nesta quinta-feira, Lula também se reuniu com o líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, para descongelar a relação entre os dois países, que não tiveram diálogo ao longo do governo de Jair Bolsonaro. Segundo o governo brasileiro, os presidentes discutiram de forma ampla a conjuntura mundial e também questões da América Latina. Na sequência, Lula recebeu o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, a pedido do haitiano. A possibilidade de voltar a oferecer ajuda diante da crise humanitária no país caribenho é vista de forma bastante restrita por membros da delegação brasileira.

• LEIA TAMBÉM: Lula encontra presidente de Cuba para descongelar relação entre os países