A Eletrobras anunciou nesta segunda-feira (19) o seu novo Plano de Demissão Voluntária (PDV) e a ação deve ter um forte impacto na termelétrica a carvão de Candiota 3, que é gerida pela controlada do grupo, a CGT Eletrosul. Como o contrato de fornecimento de energia da usina gaúcha se encerra em 31 de dezembro de 2024, a diretora estadual do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), Maria Cristina Silva da Silva, receia que a incerteza e a insegurança quanto ao futuro do empreendimento possam ocasionar uma adesão maciça ao PDV por parte dos funcionários dessa planta.
A dirigente considera um “terrorismo” contra os funcionários da usina o PDV apresentado. Ela ressalta que a medida deverá gerar uma precarização dos empregos na região de Candiota. Maria Cristina acrescenta que chegou aos trabalhadores a informação que está previsto para 12 de julho um pronunciamento por parte da Eletrobras confirmando o fechamento da termelétrica a carvão.
A integrante do Senergisul comenta que na usina são cerca de 200 funcionários que estariam aptos a adotar o PDV. No entanto, a atividade da usina afeta direta e indiretamente mais de 2 mil pessoas envolvidas com mineração, serviços, comércio, entre outros, assim como contribui com a geração de receitas para o município. Na próxima segunda-feira (26), Maria Cristina adianta que está previsto um ato, em frente ao estacionamento da termelétrica, com representantes da comunidade local e de trabalhadores, defendendo a manutenção da usina. “Temos que impedir o fechamento (da térmica), porque o impacto econômico vai ser devastador para a região”, adverte.
Maria Cristina salienta que, assim como a expansão do contrato da usina Candiota 3, outra alternativa que está sendo estudada para que os reflexos econômicos da transição energética sejam atenuados na região é o desenvolvimento de uma cadeia de gaseificação do carvão. No total de suas empresas (CGT Eletrosul, Chesf, Eletronorte, Furnas e Eletropar), aponta comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Eletrobras espera a saída de até 1.574 colaboradores com o mais recente PDV.
Esse é o segundo Plano de Demissão Voluntária apresentado desde a capitalização da Eletrobras, ocorrida em junho de 2022. O período de inscrição para essa nova iniciativa será de 20 de junho a 21 de julho de 2023 e os desligamentos ocorrerão, conforme o comunicado, “a juízo e conveniência da companhia”. As estimativas para o custeio global do PDV variam entre R$ 450 milhões e R$ 750 milhões e o seu lançamento está associado, de acordo com o grupo, “a medidas de otimização de custos e despesas operacionais, ao Plano Estratégico 2023-27, além de viabilizar maior aderência à nova estrutura organizacional da companhia que está em fase final de modelagem e implantação”.