Alto endividamento do consumidor piora balanços dos supermercados

Por Agência Estado

Minuto Varejo - Nota sobre programas de fidelidade - exemplo de Carrefour - estudo Brand Loyalty - varejo - supermercado - consumo - clientes -
Resiliente durante toda a pandemia, o setor de supermercados e atacarejos agora enfrenta um cenário de consumidor com renda comprometida, uma receita que já não sobe tanto puxada pela inflação e dívidas altas contraídas para financiar expansões mais aceleradas.

Como exemplo, é possível citar as duas principais redes do ramo listadas na B3. O Grupo Carrefour Brasil apresentou seu primeiro resultado negativo desde 2016. O prejuízo líquido no primeiro trimestre foi de R$ 375 milhões e é explicado pelos investimentos no Grupo BIG, segundo o diretor financeiro da empresa, Eric Alencar. A empresa se endividou para a compra e agora busca maneiras de diminuir essa alavancagem.

O Assaí teve lucro líquido de R$ 72 milhões no primeiro trimestre de 2023, uma queda de 66% quando comparado ao mesmo intervalo do ano passado. O resultado foi impactado pela elevada taxa de juros no período, segundo o documento de balanço da empresa. O efeito do juros se deu pelo custo da dívida que a companhia assumiu para comprar as lojas do Extra Hiper.
LEIA MAIS: 
Em teleconferência com investidores, o CEO do Assaí, Belmiro Gomes, disse que o País vive um momento de combinação perigosa, com juros altos e inflação alimentar quase a zero. Para ele, esses dois indicadores são complexos para companhias que estão em movimento de crescimento. Na prática, a inflação alimentar já não faz a receita da companhia subir naturalmente de um trimestre para o outro. Enquanto isso, o custo da dívida assumida para a expansão está bem mais alto.

Embora o endividamento da companhia já fosse de conhecimento dos investidores e tenha sido alongado durante o ano de 2022, quando ainda não havia uma crise generalizada de crédito, o tema foi abordado na conversa com analistas sobre os resultados. A relação dívida líquida/Ebitda atingiu 2,78 vezes no primeiro trimestre de 2023. No mesmo período do ano passado, o indicador estava em 2,2 vezes. O CEO do Assaí, Belmiro Gomes, afirmou, porém, que a companhia quer terminar o ano com a relação dívida líquida/Ebitda voltando a 2,2 vezes.

No caso do Carrefour, dono do maior concorrente do Assaí, o Atacadão, o CFO da companhia, Eric Alencar, disse aos investidores que a companhia tem R$ 13 bilhões em vencimentos para renegociar, mas que o grupo está confortável com o fato de ter acesso a R$ 6,5 bilhões em uma linha facilitada pela matriz do grupo na França.